Behaviorismo e Análise do Comportamento
João Claudio Todorov - Elenice S. Hanna
O comportamentalismo,
com acentuação no 'ismo', não é o estudo científico do comportamento, mas uma
filosofia da ciência preocupada com o tema e métodos da psicologia. (Skinner,
1969/1980, p. 339)
A análise do comportamento
não é uma área da psicologia, mas uma maneira de estudar o objeto da
psicologia. Este trabalho tenta esclarecer os significados dos termos
"behaviorismo", "análise do comportamento" e
"psicologia". O termo "behaviorismo" tem sido utilizado de
diversas maneiras e de tal modo que se pode afirmar que há muitas variedades de
significado para ele. Desde o manifesto de Watson, muitas características foram
atribuídas ao termo. Muitas delas perderam-se no tempo ante críticas
irrespondíveis, outras permanecem. Para Harzem e Miles (1978), a palavra
behaviorismo tem uma "família de significados" e, por isso, além de
desnecessário, é um equívoco esperar-se encontrar o seu "verdadeiro"
significado. Portanto, a menos que se faça a distinção entre as diversas
variedades de significados, não é útil proclamar-se "a favor" ou
"contra" o behaviorismo.
Harzem e Miles (1978)
utilizam uma classificação defendida por Mace (1948) para as variedades de
behaviorismo: metafísico, metodológico e analítico. O behaviorismo metafísico
afirma que mentes ou eventos mentais não existem;
o behaviorismo metodológico afirma que se mente ou eventos mentais existem, não são objetos apropriados para o estudo científico; e o
behaviorismo analítico afirma que os enunciados feitos com o propósito de se referir à mente ou eventos mentais tornam-se, quando analisados, enunciados acerca do comportamento. Harzem e Miles argumentam que as discussões sobre o behaviorismo metafísico e o behaviorismo metodológico são o resultado de erros conceituais, e que tanto a aceitação quanto a rejeição de um ou de outro são igualmente (e logicamente) injustificáveis. O behaviorismo analítico é diferente dos outros dois tipos porque suas proposições têm caráter claramente conceitual. A tese central afirma que sentenças a respeito de mentes e eventos mentais requerem uma tradução para sentenças sobre o comportamento. O behaviorismo analítico, nesse sentido, é uma proposta conceitual: não é uma teoria sobre o que deve ser estudado, nem é um conjunto de instruções sobre como se deve estudar, nem é um conjunto de instruções sobre como se deve fazer pesquisa (Harzem & Miles, 1978).
o behaviorismo metodológico afirma que se mente ou eventos mentais existem, não são objetos apropriados para o estudo científico; e o
behaviorismo analítico afirma que os enunciados feitos com o propósito de se referir à mente ou eventos mentais tornam-se, quando analisados, enunciados acerca do comportamento. Harzem e Miles argumentam que as discussões sobre o behaviorismo metafísico e o behaviorismo metodológico são o resultado de erros conceituais, e que tanto a aceitação quanto a rejeição de um ou de outro são igualmente (e logicamente) injustificáveis. O behaviorismo analítico é diferente dos outros dois tipos porque suas proposições têm caráter claramente conceitual. A tese central afirma que sentenças a respeito de mentes e eventos mentais requerem uma tradução para sentenças sobre o comportamento. O behaviorismo analítico, nesse sentido, é uma proposta conceitual: não é uma teoria sobre o que deve ser estudado, nem é um conjunto de instruções sobre como se deve estudar, nem é um conjunto de instruções sobre como se deve fazer pesquisa (Harzem & Miles, 1978).
A análise do comportamento (AC) origina-se de uma posição behaviorista assumida por Skinner (e.g., 1961,
1953/1967, 1974, 1957/1978, 1969/1980) por motivos mais históricos que
puramente lógicos. Skinner parte da constatação de que há ordem e regularidade
no comportamento. Um vago senso de ordem emerge da simples observação mais
cuidadosa do comportamento humano. Estamos todos continuamente analisando
circunstâncias e predizendo o que os outros farão nessas circunstâncias, e nos
comportamos de acordo com nossas previsões. Se as interações entre os
indivíduos fossem caóticas, simplesmente não estaríamos aqui. O estudo
científico do comportamento aperfeiçoa e completa essa experiência comum quando
demonstra mais e mais relações entre circunstâncias e comportamentos e quando
demonstra as relações de forma mais precisa.
Para entender-se análise do
comportamento, é necessário conhecer algumas das premissas sustentadas por
Skinner e associados e aceitas por aqueles que se denominam analistas do
comportamento. Vejamos algumas dessas premissas:
a) Os homens agem sobre o
mundo, modificam-no e são modificados pelas conseqüências de suas ações. (Skinner,
1957/1978)
b) A psicologia é o estudo da
interação entre organismo e ambiente. (Harzem & Miles, 1978)
c) Através de análise,
chega-se aos conceitos de estímulo e resposta. Um estímulo pode ser definido
como 'uma parte, ou mudança em uma parte, do ambiente', já uma resposta pode
ser definida como 'uma parte, ou mudança em uma parte, do comportamento. No
entanto, um estímulo não pode ser definido independentemente de uma resposta.
(Keller & Schoenfeld, 1950/1968)
Com esses pressupostos, e sem
descartar a priori quaisquer fontes de informação, a
análise do comportamento desenvolveu-se como uma linguagem da psicologia,
aperfeiçoou métodos de estudo para questões tradicionais da psicologia, abriu
novos campos de pesquisa e gerou tecnologias em uso por toda parte. Já se
escreveu muito sobre os métodos da análise do comportamento e as descrições são
aproximadamente as mesmas, variando apenas na ênfase dada a estes ou aqueles
aspectos (e.g., Honig, 1966; Honig & Staddon, 1977; Lattal & Chase,
2003; Skinner, 1961, 1969/1980). Tais métodos são utilizados por um grupo de
pesquisadores, um grupo de dimensões razoáveis, que vem crescendo desde os anos
50 do século passado.
Como resumido por Honig
(1966), os métodos de trabalho na pesquisa caracterizam-se pela utilização
conjunta dos seguintes aspectos quando o trabalho é de análise experimental:
(1) estudo intensivo do comportamento do indivíduo;
(2) controle estrito do ambiente experimental;
(3) uso de uma resposta repetitiva que produz pouco efeito imediato no ambiente;
(4) meios eficazes de controle do comportamento do sujeito;
(5) observação e registro contínuo do comportamento; e
(6) programação de estímulos e registro de eventos automáticos.
(1) estudo intensivo do comportamento do indivíduo;
(2) controle estrito do ambiente experimental;
(3) uso de uma resposta repetitiva que produz pouco efeito imediato no ambiente;
(4) meios eficazes de controle do comportamento do sujeito;
(5) observação e registro contínuo do comportamento; e
(6) programação de estímulos e registro de eventos automáticos.
É interessante notar que as
características dos métodos utilizados geralmente referem-se apenas à análise
experimental do comportamento de animais não humanos. Essa caracterização é
falha, e por vários motivos.
Primeiro, não há sentido em descrições que confundam análise do comportamento com análise experimental do comportamento de animais não humanos. Ao apontar as virtudes dessas descrições, Skinner (1953/1967) foi claro:
Primeiro, não há sentido em descrições que confundam análise do comportamento com análise experimental do comportamento de animais não humanos. Ao apontar as virtudes dessas descrições, Skinner (1953/1967) foi claro:
O comportamento humano
se caracteriza por sua complexidade, sua variedade, e pelas suas maiores
realizações, mas os princípios básicos não são por isso necessariamente
diferentes. A ciência avança do simples para o complexo: constantemente tem que
decidir se os processos e leis descobertos para um estágio são adequados para o
seguinte. Seria precipitado afirmar neste momento que não há diferença
essencial entre o comportamento humano e o comportamento de espécies
inferiores; mas até que se empreenda a tentativa de tratar com ambos nos mesmos
termos, seria igualmente precipitado afirmar que há. (p. 47)
Uma análise experimental do
comportamento de animais não humanos é, então, uma parte, e não necessariamente
a inicial, do trabalho. Ela também não é um fim em si mesma.
Segundo, as caracterizações
normalmente ignoram análise conceitual como parte de uma análise do
comportamento. Entretanto, é fácil constatar o quanto da contribuição de
Skinner à psicologia tem a ver com o que Harzem e Miles (1978) denominam
"o comportamento lógico dos conceitos". Veja-se, por exemplo, além deCiência
e Comportamento Humano (Skinner,
1953/1967), About Behaviorism (Skinner, 1974) e os trabalhos de
Evalyn Segal (1977), George Robinson (1977), Emílio Ribes-Iñesta (2003), Jack
Michael (2004) e Sigrid Glenn (2003).
Terceiro, muito do progresso
obtido pela análise do comportamento deve-se a análises funcionais não
experimentais. Seguramente, mais da metade dos escritos de Skinner refere-se a
análises funcionais não-experimentais, isto é, à identificação (ou tentativa de
identificação) de variáveis dependentes e independentes e de processos de
interação em exemplos de comportamento humano. Veja-se, como ilustração, as
seções "O indivíduo como um todo", "O comportamento de pessoas
em grupo" e "Agências controladoras", em Ciência e Comportamento Humano (Skinner, 1953/1967) e o livro Contingências de Reforço (Skinner, 1969/1980).
Quarto, intentos de
caracterização da análise do comportamento muitas vezes confundem aspectos da
análise com idiossincrasias do analista. Os trabalhos de Skinner, por exemplo,
podem ser vistos sob diferentes prismas: há trabalhos de análise experimental,
de análise conceitual, de análise funcional não experimental e há trabalhos de
prescrição moral. Poucos analistas do comportamento admitiriam, entretanto, que
prescrições morais caracterizam a análise do comportamento.
Quinto, questões ideológicas
muitas vezes são confundidas com caracterizações da análise do comportamento,
especialmente quando o aspecto ideológico não é explicitado. Vale ressaltar que
isso quase sempre acontece quando se discute a resolução de problemas práticos
por psicólogos que se utilizam de uma análise do comportamento. Neste ponto,
devemos admitir que a ideologia dominante em uma sociedade dirige tanto os
esforços de pesquisa quanto os de aplicação. Quando questões ideológicas não
são explicitadas e analisadas, corremos o risco de confundir pressupostos
básicos da análise do comportamento com características ideológicas de uma
determinada sociedade.
Quando Skinner (e.g.,
1953/1967) explicitou um programa de trabalho para o desenvolvimento de uma
ciência do comportamento, previu uma análise experimental do comportamento como
um dos aspectos de um empreendimento maior. Para Skinner, o material a ser
analisado provém de muitas fontes, das quais a análise experimental do
comportamento é apenas uma delas. Skinner aponta a utilidade de observações
casuais, observações de campo controlada, observações clínicas, observações
controladas do comportamento em instituições, estudos em laboratório do
comportamento humano e, por fim, estudos de laboratório do comportamento de
animais não humanos. Não há sentido, pois, em discutir análise experimental do
comportamento sem primeiro discutir análise do comportamento.
Vejamos, então, um resumo do
exposto. Behaviorismo analítico (ou linguístico, como prefeririam os filósofos
de hoje) é uma reflexão a respeito dos enunciados da psicologia: não é uma
teoria sobre o que deve ser estudado, nem é um conjunto de instruções sobre
como se deve fazer pesquisa. A análise do comportamento é uma linguagem da
psicologia que tem como seu objeto o estudo de interações comportamento-ambiente.
Interessa-se, especialmente, pelo homem, mas estuda também interações
envolvendo outros animais sempre que houver algum motivo para supor que tais
estudos possam ajudar no esclarecimento de interações homem-ambiente. A análise
experimental do comportamento busca relações funcionais entre variáveis,
controlando condições experimentais (variáveis de contexto, segundo Staddon,
1973), manipulando variáveis independentes (mudanças no ambiente) e observando
os efeitos em variáveis dependentes (mudanças no comportamento).
O conceito de ambiente é
decomposto em histórico, biológico, físico e social apenas como um recurso de
análise útil para apontar os diversos fatores que, indissociáveis, participam
das interações estudadas pelo psicólogo. Sem a decomposição necessária para a
análise, o todo é ininteligível; por outro lado, a ênfase exclusiva nas partes
pode levar a um conhecimento não relacionado ao todo. O jogo constante de ir e
vir, de atentar para a intercalação das partes na composição do todo, é essencial
para o entendimento das interações organismo-ambiente.
Assim como o ambiente pode
ser analisado em diferentes níveis, comportamento pode ser entendido em
diferentes graus de complexidade. Não é a quantidade ou a qualidade de músculos
ou glândulas envolvidas, ou os movimentos executados, o que importa. O
comportamento não pode ser entendido isolado do contexto em que ocorre. Não há
sentido em uma descrição de comportamento sem referência ao ambiente, como não
há sentido, para a psicologia, em uma descrição do ambiente apenas. Os
conceitos de comportamento e ambiente, e de resposta e estímulo, são
interdependentes. Um não pode ser definido sem referência ao outro (Todorov,
1981). Sobre a questão da definição de comportamento, Schick (1971) afirma:
Quando nos lançamos a
construir uma ciência do comportamento, somos imediatamente confrontados por
dois problemas. O primeiro problema é o de dizer quanto do que ocorre no mundo
é considerado comportamento. Todas as mudanças em estados dos organismos são
comportamentais, ou apenas parte delas? Se apenas parte delas, então quais?...
O segundo problema é o de selecionar unidades de comportamento. Como deve o
comportamento ser dividido em unidades, de maneira a tornar possível uma
explicação?... Felizmente, não é necessário afirmar exatamente o que é
comportamento antes de iniciarmos a construção de uma ciência do comportamento.
Podemos isolar algumas instâncias do comportamento e começar a estudá-las,
mesmo que não seja possível definir exaustivamente o que é e o que não é
comportamento. (p. 413, tradução livre dos autores)
Ao isolar alguma instância do
comportamento, estamos detectando algum tipo de interação organismo-ambiente.
Vejamos um exemplo. A perda de um parente próximo será seguida ou não de
depressão dependendo de fatores como a idade de quem morreu, a idade do parente
que sobrevive, o grau de parentesco, o grau de afetividade do relacionamento, a
duração da enfermidade, a magnitude da herança etc. Ou seja, a relação
funcional "perda de um parente-depressão exógena" depende de
variáveis de contexto, que são os fatores acima apontados (Staddon, 1973).
Staddon, em um artigo sobre a noção de causa em psicologia, mostra como a noção
de contexto não é limitada temporalmente. Contexto não se refere apenas às características
atuais do ambiente externo. No nosso exemplo, o grau de afetividade pode ter se
estabelecido há anos por meio de interações envolvendo os dois parentes e
exerce sua influência mesmo que a morte ocorra num período em que os dois não
se comunicam há muito tempo.
O exemplo serve para ilustrar
a arbitrariedade na escolha do que é causa e do que é contexto. Poderíamos
falar da relação funcional "grau de parentesco-depressão", dado o
contexto da morte de um parente próximo. A seleção de uma variável como causa e
a designação de outras como contexto vai depender de quais são os interesses
envolvidos no estudo, pois quando variáveis de contexto são consideradas, uma
relação de causa e efeito é apenas um instrumento para a descoberta de
princípios de maior generalidade. Princípios são a descrição mais econômica do
conjunto de relações causais e variáveis de contexto que dão origem a eles. Um
sistema de relações funcionais bem definidas resultará em uma teoria útil se
também vier acompanhada de especificações de onde, no ambiente externo, as
variáveis independentes e as variáveis de contexto devem ser encontradas, além
de instruções sobre como detectá-las e/ou medi-las. Causas, pois, são os
ingredientes primários e empíricos com os quais se constroem explicações (teorias)
mais abrangentes. Portanto, o termo "causa" tem sentido apenas dentro
de uma teoria ou modelo. Não há uma causa real de um dado evento. Há apenas
modelos do mundo mais ou menos adequados, e sempre passíveis de modificação, de
acordo com critérios como predição, simplicidade e generalidade, entre outros
(Staddon, 1973).
Para a identificação de
relações funcionais, o analista do comportamento se utiliza do conceito de
contingência como instrumento. O termo contingência é empregado para se referir
a regras que especificam relações entre eventos ambientais ou entre
comportamento e eventos ambientais (Skinner, 1953/1967). O enunciado de uma
contingência é expresso em forma de afirmações do tipo "Se, então".
Acláusula "se" pode especificar algum aspecto do comportamento
(Weingarten & Mechner, 1966) ou do ambiente (Schwartz & Gamzu, 1977), e
a cláusula "então" especifica o evento ambiental consequente. Assim
como relações funcionais são instrumentos na busca de princípios mais gerais,
contingências são utilizadas pelo psicólogo experimental na procura de relações
funcionais. As contingências são as definições de variáveis independentes na
análise experimental de comportamento.
A análise do comportamento
tem algumas características que a distinguem de outras linguagens que prosperam
na psicologia. Dentre essas características, pode-se citar a análise
experimental do comportamento de organismos individuais (n = 1). Entretanto,
essa análise, quer seja realizada no laboratório, quer no consultório clínico,
não seria sua marca mais distinta; sua linguagem
teórica o seria. De fato, a
linguagem teórica da análise do comportamento é o cimento que une todos os
tipos de atividades compreendidas sob essa rubrica.
Experimentação com n = 1 é a
grande contribuição de Skinner para a psicologia experimental dos anos 30 do
século passado. Skinner a trouxe de seus estágios nos principais laboratórios
de biologia da Universidade de Harvard. Junto com a taxa de respostas (número
de respostas por unidade de tempo) e os esquemas de reforço intermitente, forma
o trio de ouro de Skinner. No entanto, nem Skinner ficou só na análise
experimental do comportamento de organismos individuais (n = 1). Já em Ciência e Comportamento Humano (1953/1967), ele mostrou como se
pode avançar analisando exemplos da vida diária à luz da teoria. E é essa
teoria, que começou a ser desenvolvida em O
Comportamento dos Organismos (1938),
continua sendo desenvolvida até hoje e continuará a ser desenvolvida pela
futuras gerações, que faz a conexão entre os diferentes campos de atuação da
análise do comportamento: pesquisa básica, pesquisa aplicada, atuação
profissional, análise conceitual etc.
O triângulo com teoria em uma
ponta, pesquisa básica na outra e pesquisa aplicada na terceira, com
comunicação de mão dupla entre as três pontas, é uma representação
frequentemente utilizada, mas que é útil talvez apenas para justificar decisões
tomadas no passado longínquo e que nos atrapalham até hoje. Em vez do
triângulo, um Vinvertido,
com a teoria acima, no vértice, que se comunica em mão dupla com os dois lados,
o da pesquisa e o da atuação profissional, seria a representação mais adequada
na maioria dos casos. Não há comunicação entre pesquisa e atuação profissional
a não ser via vértice, a teoria. Da mesma forma, a atuação profissional
alimenta a pesquisa via teoria.
Resumindo, a análise
experimental do comportamento (AEC) utiliza-se de contingências e de relações
funcionais como instrumentos para o estudo de interações comportamento-ambiente
(Todorov, 1989/2007). O experimentador manipula contingências em busca de
relações funcionais e das condições (variáveis de contexto) nas quais essas
relações podem ser observadas (Todorov, 1991). Um sistema de relações
funcionais constituirá uma teoria útil se vier acompanhado de especificações de
onde, no ambiente externo, as variáveis independentes e as variáveis de
contexto devem ser encontradas.
Interações
comportamento-ambiente ocorrem sempre no tempo. Nosso objeto de estudo não é
uma coisa, mas um processo. Amaior importância dada aos esforços de
quantificação, nos últimos tempos, tem levado os estudos de análise
experimental do comportamento a uma preocupação com processos estáveis. Para a
análise do comportamento e, em especial, para a resolução de problemas práticos
pelo psicólogo, interessam também, e muito, as informações sobre processos em
estágio de transição (Todorov, 1983). Quando uma nova contingência entra em
vigor, seus efeitos dependerão dos processos de interação que estão ocorrendo.
O psicólogo experimental pode dispor as condições mais adequadas (ou menos
inadequadas) para estudar essas transições e também para estudar interações dos
efeitos de diversas variáveis. O psicólogo no exercício profissional,
entretanto, defronta-se com um problema prático. A identificação dos processos
de interação quase nunca pode ser feita após minucioso estudo experimental
acerca de quais variáveis, dentre as diversas possíveis, estão presentes no
caso que tem em mãos. O
psicólogo depende, nessas circunstâncias, da linguagem teórica da análise do
comportamento para orientá-lo na identificação dos processos e nas possíveis
intervenções. Ao refletir sobre essa linguagem e sobre sua aplicabilidade à
realidade em que se vive, o psicólogo contribui para os trabalhos de análise
conceitual e de revisão conceitual (Todorov, 1987; Todorov & Moreira,
2004).
Fred Keller e a Análise do Comportamento
no Brasil
A amizade de B. F. Skinner e
Fred Keller foi crucial para o desenvolvimento intelectual e científico de
ambos. O livro Princípios de Psicologia (Keller
& Schoenfeld, 1950/1968) foi um marco na história da análise do
comportamento, tendo preparado o terreno para Ciência
e Comportamento Humano (Skinner,
1953/1967). Naturalmente, esses livros foram os primeiros a serem traduzidos
para o português. A importância desses livros para a introdução do behaviorismo
no Brasil foi diversas vezes reconhecida (e.g., Todorov, 1990) por ocasião do
40º aniversário da publicação de Princípios
de Psicologia, do centenário do nascimento de B. F. Skinner e do 70º
aniversário da publicação de O
Comportamento dos Organismos.
Fred S. KeIIer veio ao Brasil
em 1961, como um Fulbright Scholar, para ensinar durante um ano na Universidade
de São Paulo (USP). Naquele ano, só a Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC-RJ) e a USP ofereciam o curso de graduação em psicologia,
iniciados os dois em 1958 (o primeiro da América Latina começou em 1947, na Universidad Nacional de Colombia,
em Bogotá). A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP tinha menos que
30 anos e ainda respirava a marcada influência dos professores europeus que
vieram nos anos 30. A
influência americana começou durante a II Guerra Mundial, e a Comissão
Fulbright no MEC era parte de um acordo entre os governos do Brasil e dos EEUU.
Entre todos os professores de psicologia que Keller conheceu na USP, só
Carolina Martuscelli Bori tinha estudado nos Estados Unidos, onde concluiu o
mestrado em psicologia social naNew School for Social Research of New York. Nessa época, Skinner era um
desconhecido no Brasil. Os autores estudados eram todos europeus: Freud,
Piaget, Kurt Lewin, Anastasi, Moreno, Klinenberg, entre muitos outros.
Na USP, Keller ensinou o
primeiro curso de análise do comportamento da América Latina, na disciplina Psicologia Experimental,
oferecida no terceiro ano da graduação. Esse curso tinha o objetivo de dar aos
problemas da psicologia moderna um tratamento experimental do ponto de vista da
teoria do reforçamento (Keller, 1987). Com Carolina Bori and Rodolpho Azzi como
professores assistentes de Fred Keller, os primeiros alunos foram Maria Amélia
Matos, Dora Fix Ventura, Mário Guidi, Margarida Windholz, Vera Konigsberger,
Maria Inês Rocha e Silva, entre outros (Bori, 1996; Keller, 1981; Matos, 1996,
1998). Trabalhando no Departamento de Fisiologia da faculdade por falta de
laboratório no Departamento de Psicologia, sem equipamentos adequados e em precárias
condições, Keller conseguiu ensinar com exercícios práticos, concluindo um
experimento sobre o efeito do atraso de reforço na aprendizagem, posteriormente
publicado no Journal of the
Experimental Analysis of Behavior (JEAB)
(Azzi, Fix, Keller & Rocha e Silva, 1964). O experimento foi realizado com
uma gaiola de pássaros como câmara experimental, o rato ficava abrigado em
outra gaiola, a tradicional barra de metal foi substituída por um arame, nada
era elétrico nem automático, mas foi possível usar água como reforço (Kerbauy,
1983). Nesse primeiro ano, Keller ainda trabalhou no primeiro dicionário
inglês-português da terminologia operante, primeiro passo em uma longa
sequência de traduções de artigos e livros (Azzi, Rocha e Silva, Bori, Fix,
& Keller, 1963).
O que aconteceu antes e
depois dessa viagem está fartamente documentado (e.g., Bori, 1996; Gorayeb,
1996; Guilhardi & Madi, 1996; Keller, 1968, 1971, 1982, 1987; Kerbauy,
1983; Matos, 1996; Pessotti, 1996; Stamirowski, 1998; J. C. Todorov, 1990, 1996,
2003; M. S. R. Todorov, 1995, 1997; Zannon, 1996; Zannon & Bori, 1996). O
sucesso de seu trabalho levou ao convite de um segundo Fulbright Scholar, John
Gilmour (Gil) Sherman, na época um jovem PhD da Universidade de Columbia. Gil
Sherman, Keller, Carolina Bori e Rodolpho Azzi, convidados pela Universidade de
Brasília (UnB), planejaram e começaram a implantar o curso de psicologia nessa
universidade, incluindo o desenvolvimento3 e a aplicação do Sistema Personalizado
de Ensino - PSI (Keller, 1968, 1982, 1987). Em março de 1963, os planos para um
departamento de psicologia em Brasília foram discutidos com Keller em Nova Iorque.
A introdução dos alunos à análise
experimental do comportamento foi planejada como um curso de dois semestres. O
primeiro semestre (IAEC 1) era basicamente o curso como originalmente planejado
por Keller e Schoenfeld na Universidade de Columbia, usando o livro Princípios de Psicologia como texto. O curso foi adaptado para
um sistema personalizado de ensino por Keller e Gil Sherman e testado naquela
universidade em 1963. O PSI foi, a seguir, completamente desenvolvido pelos
quatro autores que discutiram em
Nova Iorque a ideia original (Gil Sherman, Keller, Carolina
Martuscelli Bori e Rodolpho Azzi) e começou a ser implantado na UnB em agosto
de 1964. O segundo semestre do curso introdutório, o IAEC 2, incluía apenas
leituras, demonstrações e experimentos relacionados ao comportamento humano,
com traduções para o português de alguns dos primeiros (e agora clássicos)
trabalhos de análise experimental do comportamento humano. Entre esses, estavam
os estudos de Greenspoon sobre comportamento verbal (Greenspoon, 1955), o
condicionamento de respostas textuais (Staats, Staats, Schultz & Wolf,
1962), o uso de fichas como reforçadores (Ayllon & Michael, 1959) e trechos
deExperimental Foundations of Clinical Psychology (Bachrach, 1962).
Em janeiro de 1963, Todorov
junta-se ao grupo como instrutor (auxiliar de ensino). Enquanto ainda estava em São Paulo , seus deveres
incluíam a tradução de material a ser usado no curso em Brasília. Science and Human Behavior (Skinner, 1953) foi parte desse
material. Todorov traduzia os textos e os passava para Rodolpho Azzi, tradutor
experimentado, que fazia a revisão. Ciência
e Comportamento Humano estava
pronto no final de 1964, usando os termos técnicos anteriormente traduzidos e
publicados no JEAB (Azzi & cols., 1963), uma das
muitas iniciativas de Keller em seu primeiro ano no Brasil. A tradução foi um
trabalho fascinante para Todorov, recém saído da graduação, uma vez que o livro
cobria a maior parte do campo da psicologia com o qual o aluno tinha contato,
por meio de diferentes linguagens teóricas, durante o curso na USP. Ciência e Comportamento
Humanofoi a última contribuição do primeiro autor para o curso de
introdução à análise experimental do comportamento na UnB, porque de janeiro a
julho de 1965 ele se dedicou a coletar e analisar dados, e escrever a sua tese
de mestrado, antes de viajar para a Arizona
State University, para o
doutorado que começaria em setembro.
Em outubro de 1965, a UnB passou por uma
das maiores crises que a afetaram durante a ditadura militar. Nove professores
de diversos departamentos, incluindo Rodolpho Azzi, foram demitidos por motivos
políticos. Em protesto, mais de 200 professores, representando mais de 90% do
corpo docente da UnB, pediram demissão. Dos professores de psicologia então em
exercício, só Robert Berryman permaneceu. Fred Keller e Gil Sherman estavam em
Tempe, na Arizona State
University, desde agosto de 1964. James e Jean Nazzaro voltaram aos Estados
Unidos em julho de 1965. Alunos do curso de mestrado foram contratados para
substituir os demissionários (M. S. R. Todorov, 1997, Tabela 3). O grupo
original liderado por Fred Keller e Carolina Bori se dissolveu, mas o IAEC 1, o
semestre introdutório para o qual o PSI foi desenvolvido, sobreviveu. Hoje em
quase todos os cursos de psicologia no Brasil há alguma versão dele.
Formação em Análise do Comportamento no
Brasil
O primeiro centro de formação
de analistas do comportamento foi a Universidade de Brasília (Todorov, 2006) (e
continua muito produtivo até hoje), sob o comando de Carolina Bori. A partir de
19704,
de volta a São Paulo, Carolina Bori comanda, na Universidade de São Paulo, o
maior centro de formação em análise do comportamento, na Universidade de São
Paulo (incluindo o campus de Ribeirão Preto), até os anos 90, quando se
consolidam os cursos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade Federal do Pará
(UFPA), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade
Estadual de Londrina (UEL), todas influenciadas direta ou indiretamente por São
Paulo e/ou Brasília. A formação básica do psicólogo brasileiro sofreu grande
influência da atuação de Carolina Bori. Ela foi a principal responsável pela
criação e disseminação de laboratórios de ensino em psicologia experimental no
país (Matos, 1998). Graças aos esforços de Carolina Bori, todos os cursos de
graduação de grandes centros de formação passaram a incluir em seus currículos,
e mantêm até hoje, o conteúdo de psicologia como ciência natural, a preocupação
com a observação sistemática e os métodos de investigação científica, bem como
demonstrações, em atividades de laboratório, de manipulação e controle de
variáveis ambientais e de seus efeitos sobre o comportamento.
A análise do comportamento
permanece na formação do aluno de graduação nas disciplinas de Psicologia da
Aprendizagem e Psicologia Geral Experimental, que faziam parte do currículo
mínimo. A análise do comportamento é também ensinada em contextos aplicados,
como nas disciplinas de Psicologia do Excepcional e Psicologia Clínica, mas
isso ocorre em um número menor de instituições de ensino superior. Os
progressos obtidos nas últimas décadas pelos analistas do comportamento em
temas como ensino-aprendizagem, autismo, psicologia organizacional, psicologia
dos esportes, psicologia da saúde e psicologia social, não produziram uma ampliação
do contato do aluno com a análise do comportamento, que continua sendo ensinada
em apenas uma ou duas disciplinas nos primeiros semestres do curso. Em muitas
instituições, as informações sobre análise do comportamento, durante os cinco
anos do curso de psicologia, ainda hoje se restringem aos conceitos básicos de
reforçamento, punição e esquemas. Utiliza-se com frequência apenas os primeiros
capítulos de Ciência e
Comportamento Humano, juntamente com alguns capítulos de Princípios de Psicologia ou de algum de seus sucedâneos (Baum,
1994/1999; Catania, 1998/1999; Millenson, 1967), em um curso de um semestre
apenas. Mais recentemente, tem crescido o uso de um livro novo de autores
brasileiros, Princípios
Básicos de Análise do Comportamento (Moreira
& Medeiros, 2007).
Outras partes de Ciência e Comportamento Humano são usadas, contudo, em diversas
outras disciplinas, da Psicologia do Desenvolvimento à Psicologia
Organizacional. À medida que a análise de práticas culturais torna-se matéria
de interesse dos analistas do comportamento (Biglan, 1995; Guerin, 1994; Lamal,
1997; Sidman, 1989/1998), Ciência
e Comportamento Humano continuará
a ser uma inspiração para os interessados em todos os aspectos do comportamento
social humano. Na verdade, as seções sobre as agências controladoras são mais
relevantes agora do que no século passado. Skinner estava escrevendo sobre o
governo duranteos primeiros anos da Guerra Fria. É interessante notar que, ao
contrário de obras de ficção da época sobre governos totalitários (Orwell,
1949, por exemplo), Skinner analisa controles e contra-controles durante o
funcionamento imperfeito de sistemas democráticos – imperfeitos na medida em
que um sistema democrático envolve um balanceamento contínuo de controles e
contra-controles. As ditaduras, por outro lado, desenvolvem todos os esforços
para tornar difícil o contra-controle.
Mais do que a quantidade de
disciplinas onde se ensina exclusivamente análise do comportamento, nosso
desafio é integrar a análise do comportamento aos diferentes temas da
psicologia. Um segundo desafio do grupo é evitar que as informações sejam
ensinadas, como ocorre em vários cursos de psicologia e áreas afins, por
profissionais que desconhecem inclusive os seus pressupostos, gerando nos
alunos preconceito e posições equivocadas sobre a proposta da análise do
comportamento.
A formação de qualidade
proporcionada pelos centros influenciados por Fred Keller, Carolina Bori e seus
brilhantes assistentes, embora não esteja adequadamente configurada nos cursos
de graduação, foi crucial para a criação dos cursos de mestrado e doutorado que
formam pesquisadores de alto nível em diversas universidades brasileiras.
Na região sul, a UEL oferece
mestrado em análise do comportamento, com linhas de pesquisa sobre análise teórico-conceitual,
modelos experimentais e metodologia e tecnologia de intervenção em diferentes
contextos. A UFSC possui cursos de mestrado e doutorado com possibilidade de
orientação em análise do comportamento em organizações, trabalho e aprendizagem
e em cognição. Existe
também a possibilidade de orientação de mestrado em "Fundamentos
conceituais do behaviorismo radical: epistemologia, ética e cultura" na
Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em estudos sobre uso e abuso de drogas
e em epistemologia e história da psicologia na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS).
No sudeste, existem quatro
IES e seis cursos de pós-graduação com pelo menos uma linha de pesquisa em
análise do comportamento. A USP, campus de São Paulo, forma mestres e doutores
em psicologia experimental, tendo como uma das linhas de pesquisa "Análise
do comportamento". No campus de Ribeirão Preto, os cursos de
mestrado e doutorado em psicologia possuem orientadores com formação em análise
do comportamento na linha de pesquisa "Saúdedoença: prevenção, promoção e
avaliação ". APUC-SP forma mestres e doutores em "Psicologia
Experimental – Análise do Comportamento", oferecendo linhas de pesquisa
sobre história e fundamentos epistemológicos, metodológicos e conceituais,
processos básicos, desenvolvimento de metodologia e tecnologias de intervenção.
Também forma mestres a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
(UNESP), com duas linhas de pesquisa: "Aprendizagem e ensino" e
"Desenvolvimento, comportamento e saúde". Os cursosde mestrado e
doutorado em ensino especial da UFSCar possuem grande tradição na formação com
base na análise do comportamento e oferecem quatro linhas de pesquisa
relacionadas: "Aprendizagem e cognição de indivíduos com necessidades
especiais de ensino"; "Currículo funcional: implementação e avaliação
de programas alternativos de ensino especial"; "Práticas educativas:
processos e problemas"; e "Atenção primária e secundária em Educação Especial :
prevenção de deficiências". A UFSCar criou recentemente os cursos de
mestrado e doutorado em Psicologia com uma linha de pesquisa "Análise
comportamental da cognição" com três eixos: função simbólica, aplicações
ao ensino e desenvolvimento de instrumentos de avaliação, recursos tecnológicos
e material instrucional.
No centro-oeste, a UnB
oferece cursos de mestrado e doutorado em ciências do comportamento, com duas
áreas de concentração, sendo uma delas "Análise do comportamento", e
com linhas de pesquisa sobre processos comportamentais básicos e análise comportamental
aplicada. Na PUC-Goiás, há também a possibilidade de formação de mestrado e
doutorado em psicologia com base comportamental, nas linhas de pesquisa
"Análise e evolução do comportamento" e "Psicopatologia clínica
e "Psicologia da saúde".
Na região nordeste,
desconhecemos cursos de pós-graduação com possibilidade de orientação em
análise do comportamento. Na região norte, a UFPA é o centro de referência, com
cursos de mestrado e doutorado em "Teoria e pesquisa do
comportamento", que oferecem linhas de pesquisa sobre processos
psicológicos básicos, questões históricas e conceituais e desenvolvimento de
tecnologia comportamental.
Produção dos Analistas do Comportamento
Brasileiros
O grupo de analistas do
comportamento cresceu muito no Brasil desde a vinda de Fred Keller. Os
encontros da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comporta-mental
(ABPMC), que congrega pesquisadores, profissionais e alunos, recebiam em torno
de 140 inscrições no início dos anos 90 do século passado e agora recebem cerca
de 1500 inscrições. A ABPMC, atualmente sob a presidência de Maria Martha
Hübner, possui uma divisão regional criada recentemente em Brasília (DBAC).
Atualmente, 13 estados brasileiros de todas as regiões do país promovem
encontros ou jornadas de análise do comportamento, oferecendo cursos, palestras
e divulgando a pesquisa científica realizada no país.
Os analistas do comportamento
foram também essenciais para a criação do conselho de psicologia e de
sociedades de psicologia no Brasil. A atual Sociedade Brasileira de Psicologia
(SBP), criada em 1970 como Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto (SPRP),
foi criada e teve suas primeiras reuniões organizadas por presidentes
científicos que eram analistas do comportamento (entre eles Todorov e Ricardo
Gorayeb). Dos 18 presidentes que a SBP teve até hoje, 50% são analistas do
comportamento. Essas reuniões foram os principais fóruns de discussão e
divulgação científica da análise do comportamento no Brasil e, apesar da
criação da ABPMC, a SBP continua até hoje sendo um espaço importante de
intercâmbio científico do grupo.
Com relação à produção
intelectual, o primeiro trabalho de análise experimental do comportamento feito
no Brasil, conforme dito anteriormente, foi publicado no JEAB (Azzi &
cols., 1964), enquanto o primeiro desenvolvido em Brasília foi publicado no Journal of Experimental Psychology (Nazzaro & Todorov, 1966). A
USP-RP foi, no final da década de 60 e início da década de 70 do século
passado, um centro de pesquisa em controle aversivo liderado por J. C. Todorov.
Nessa época, Deisy das Graças de Souza era bolsista de iniciação científica e
Antonio Bento Alves de Moraes, Elenice Ferrari e Ricardo Gorayeb realizavam
suas teses de mestrado. Os trabalhos, reconhecidos pela qualidade e
originalidade, foram publicados em revistas internacionais (de Souza, Moraes
& Todorov, 1984; Ferrari, Todorov & de Souza, 1974; Ferrari, Todorov
& Graeff, 1973; Gorayeb & Todorov, 1977; Moraes & Todorov, 1977).
Esses trabalhos foram inicialmente motivados por questionamentos sobre a
generalidade dos resultados obtidos com animais, especialmente pombos, baseados
na dificuldade de se estabelecer a resposta de bicar como esquiva. Os
resultados dos estudos comprovaram a sensibilidade do bicar às contingências
aversivas.
A pesquisa, a partir de
meados dos anos 70 e nos anos 80 do século passado, foi dominada por
investigações sobre esquemas de reforçamento, comportamento de escolha e
quantificação da lei do efeito (e.g., Todorov, 1971, 1973), com o grupo da UnB
liderado por J.C. Todorov que interagia com M.L.D Ferrara e seus alunos da USP.
Parte da pesquisa foi produzda ou publicada no México como resultado do ano em que Todorov foi
Professor Visitante da Universidad Nacional Autonoma do Mexico (e.g., Todorov,
1977, 1979). A motivação para estudar escolha foi gerada pelo artigo seminal de
Herrnstein (1970), cuja tradução será brevemente publicada pela Revista
Brasileira de Análise do Comportamento.
As visitas de Murray Sidman
nos anos 80 e 90 do século passado às universidades brasileiras e a divulgação
da relação entre comportamento simbólico e seu modelo sobre equivalência de
estímulos (Sidman & Tailby, 1982) modificaram o perfil da pesquisa no
Brasil. Deisy das Graças de Souza e Julio C. Coelho de Rose, da UFSCar,
iniciaram interações com pesquisadores de diferentes universidades brasileiras
(USP-SP, UFPA, UnB, UNESP) e americana (University of Massachussets Medical
School). Essas interações científicas culminaram na aprovação do primeiro
Núcleo de Excelência em Pesquisa da psicologia, coordenado por Júlio de Rose no
período 1998-2003 e do primeiro Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
(INCT) da psicologia, coordenado por Deisy no período 2008-2011. O INCT
constitui-se em uma rede multi-institucional e multirregional, com foco na ciência
e tecnologia comportamental, que trata do funcionamento simbólico e de seus
déficits funcionais, particularmente em crianças. O programa de pesquisa, construído de
forma inovadora, possui um componente de ciência básica (voltado para a
compreensão de aspectos elementares do funcionamento simbólico e
desenvolvimento de procedimentos potencialmente úteis na prevenção ou redução
de déficits de função simbólica); um componente de ciência translacional
(voltado para a validação efetiva de novos princípios e/ou novos procedimentos
derivados de estudos clínico/educacionais iniciais, em condições
quase-controladas); e um componente de ciência aplicada (voltado para o
desenvolvimento de soluções para os desafios educacionais e terapêuticos em
escolas, hospitais, clínicas etc). Compõem o INCT sobre Comportamento, Cognição
e Ensino, pesquisadores da Escola Experimental de Primatas da UFPA, coordenada
por Olavo F. Galvão e Romariz da Silva Barros. Esse laboratório desenvolve
estudos com o objetivo de identificar a rota de ensino e os procedimentos
necessários para a obtenção de classes de estímulos equivalentes em animais
não-humanos, principalmente primatas. As diversas contribuições científicas
desenvolvidas nesse laboratório têm sido divulgadas amplamente em revistas
nacionais e internacionais (e.g., Barros & Galvão, 2002; Souza, Borges,
Goulart, Barros & Galvão, 2009). Além de pesquisadores das universidades
que compõem a rede desde o início, hoje integram também o grupo pesquisadores
da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas, do Hospital de Reabilitação de
Anomalias Craniofaciais da USP, da UNESP -Campi de Bauru e de Marília, e da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O tema "equivalência de
estímulos e sua relação com comportamento simbólico" despertou o interesse
também de pesquisadores da UFSC e da UEL, entre outras.
Três grupos de pesquisadores
de diferentes universidades brasileiras têm se organizado e formalizado suas
interações na Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação (ANPEPP) por meio
dos seguintes grupos de trabalho (GTs): Investigações
conceituais e aplicadas em análise do comportamento, sob a coordenação de
Maria Amália Andery; Análise
comportamental de processos simbólicos, coordenado por Deisy das Graças de
Souza; e Comportamento verbal
e produção de tecnologias de intervenção e de prevenção em psicologia e
educação, criado recentemente e coordenado por Verônica Bender Haydu.
Pode-se dizer que o maior
número de contribuições de pesquisadores brasileiros em nível internacional até
o momento são nos temas "escolha", "controle aversivo" e
"equivalência de estímulos", com estudos publicados noJEAB (e.g., Todorov, 1971, 1973; Todorov,
Castro Neto, Hanna, Sá & Barreto, 1983; Todorov, Hanna & Sá, 1984) e no Journal of Applied Behavior
Analysis (JABA) (e.g., de
Rose, de Souza & Hanna, 1996; Melchiori, de Souza & de Rose, 2000), os
quais já foram citados diversas vezes. No entanto, temas mais recentemente
estudados por pesquisadores com interação com universidades estrangeiras tem
também merecido o reconhecimento nacional e internacional. Por exemplo, uma
nova rede multi-institucional se formou nos últimos anos com o objetivo de
desenvolver conceitualmente, descrever e estudar empiricamente práticas
culturais, tendo como base os conceitos de metacontingências e
macrocomportamentos. O grupo é composto por pesquisadores da PUC-SP, UFPA, UnB
e University of North Texas (USA). Apesar de ser uma iniciativa
recente, já existem artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais
(e.g., Andery & Serio, 2003; Naves & Vasconcelos, 2008; Todorov, 2005).
Nos anos 70 até meados dos
anos 90 da década passada, era comum a realização de doutorado no exterior,
quando os analistas do comportamento brasileiros tinham contato com
pesquisadores de renome e experiência em outros temas, passavam a dominar novas
metodologias e, no retorno, davam continuidade aos programas de pesquisa
iniciados no exterior. Essa foi uma estratégia importante para ampliar as
temáticas de pesquisa e a diversidade de conhecimento especializado no país,
bem como aumentar a divulgação da produção nacional no exterior. São exemplos
do resultado bem sucedido desse investimento a produção sobre: comportamento
adjuntivo (e.g., Gimenes, Brandão & Benvenuti, 2005); variabilidade
comportamental (e.g., Abreu-Rodrigues, Lattal, Santos & Matos, 2005),
comportamento precorrente (e.g., Oliveira-Castro, Faria, Dias & Coelho,
2002), modelo experimental de autocontrole (e.g., Hanna & Todorov, 2002),
comportamento de observação (e.g., Tomanari, Balsamo, Fowler, Farren &
Dube, 2007), para citaralguns. É nacionalmente reconhecida e aqui enfatizada
também a qualidade da pesquisa desenvolvida pelo Grupo de Estudo e Pesquisa
sobre Comportamento do Consumidor (e.g.,Oliveira-Castro, Foxall &
Schrezenmaier, 2006) e dos trabalhos teóricoconceituais e empíricos
desenvolvidos na PUC-SP (e.g., Andery, Micheletto & Serio, 2005) e na UFPA
(e.g., Tourinho, 2006).
A produção sobre análise
comportamental aplicada com impacto internacional ainda é bastante escassa no
Brasil. A maioria dos trabalhos aplicados tem sido desenvolvida em institutos
privados de formação5,
cujo número tem também crescido no país, mas sem o compromisso com a
divulgação/ publicação. Essa é uma lacuna que uma comunidade tão grande deveria
investir esforços para reduzir, especialmente devido à qualidade das muitas
intervenções realizadas. Para melhorar o cenário da contribuição de impacto
internacional, os institutos necessitam divulgar suas atividades e os
resultados obtidos e/ou as universidades precisam assumir a tarefa de criar
institutos voltados para a aplicação.
Os analistas do comportamento
publicam ainda a maior parte de sua produção em periódicos nacionais. Pesquisas
básicas e aplicadas e trabalhos de intervenção têm sido divulgados nas diversas
revistas gerais de psicologia, especialmente Psicologia;
Teoria e Pesquisa, Psicologia:
Reflexão e Crítica, Temas em Psicologia e Psicologia(USP) e em revistas
especializadas em análise do comportamento. O número de periódicos que publicam
especificamente artigos teóricos e empíricos de análise do comportamento em
língua portuguesa cresceu na última década. A primeira a ser criada foi a Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva, publicada
pela ABPMC, criada por Rachel Kerbauy em 1999. A Revista Brasileira de Análise do
Comportamento publica também
artigos na língua inglesa e foi criada por João Claudio Todorov em 2005.
Recentemente, o Núcleo Paradigma iniciou sua publicação intitulada Perspectiva em Análise do
Comportamento. A Acta
Comportamentaliaé um periódico que publica artigos em línguas latinas da Universidad de Guadalajara que publica artigos em línguas
latinas, do qual Maria Amélia Matos foi a primeira editora de língua
portuguesa. A série Sobre
Comportamento e Cognição, inicialmente organizada por Roberto Banaco, já se
tornou um periódico e está em seu 24º volume.
Considerações Finais
A introdução da análise do
comportamento no Brasil impactou a psicologia em diversos aspectos. A
psicologia foi reconhecida como profissão, laboratórios de pesquisa foram
fundados e a formação do psicólogo, com a militância de nossos pioneiros,
passou de puramente profissional para científica. Conselhos profissionais e
sociedades científicas foram criados com a participação importante de analistas
do comportamento. A organização de pesquisadores em redes multi-institucionais
de psicologia tem reconhecimento no cenário nacional. Este texto retrata uma
visão da história desse pioneirismo que, de certa forma, é consequência do
contato com uma maneira de pensar o mundo e o comportamento, buscando entender
e avaliar as interações humanas com ambientes complexos. Muitas pessoas e fatos
importantes devem ter sido omitidos nessa versão da história. É uma versão que
deve ser vista como uma complementação de vários outros relatos já publicados.
Grande parte desses relatos são homenagens recebidas em vida (e.g., Feitosa,
2005; Guedes, 1998) e obituários sobre aqueles que nos deixaram precocemente
(e.g., Batista, Ferrari, & Laloni, 2005; Medeiros, 1999; Stamirowski, 1998;
Tomanari, 2005). Esses relatos mostram que parte da vida e contribuições de
grandes nomes de analistas do comportamento é a história do reconhecimento e
estabelecimento da psicologia brasileira como ciência. Queremos destacar como
forma de homenagear os(as) brasileiros(as) pioneiros(as) responsáveis pela
psicologia e pela análise do comportamento de hoje6:
Carolina M. Bori, Dora S. Fix
Ventura, Isaias Pessotti, Margarida Windholz, Maria Amélia Matos, Maria do
Carmo Guedes, Maria Inês Rocha e Silva, Maria Lúcia D. Ferrara, Maria Tereza Araújo, Rachel R. Kerbauy,
Ricardo Gorayeb, Rodolpho Azzi e Sergio V. de Luna.
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1 Agradecemos a Deisy das Graças de
Souza e Marcelo L. Benvenuti por nos lembrarem de alguns nomes e acontecimentos
importantes.
2 Endereço para correspondência: SHIN QI 01 Conjunto 09 Casa 11. Brasília, DF. CEP 71505-090. E-mail:joaoclaudio.todorov@gmail.com; elenicehanna@gmail.com.
3 Um protótipo do PSI foi desenvolvido por Isaias Pessotti e Herma Drachenberg na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Rio Claro, em 1962, sob a supervisão de Carolina Bori, a partir de suas discussões com Fred Keller sobre a nova modalidade de ensino.
4 Com a diáspora de Brasília, professores e instrutores se espalharam pelo país dando origem a novos centros de difusão e ensino de análise do comportamento. Nessa, época Luiz de Oliveira já estava trabalhando na FFCLRP e Luiz Otavio Queiroz na PUCCAMP. O primeiro começou uma tradição em pesquisa básica aproximando análise do comportamento e biologia, especialmente nutrição e farmacologia. O segundo começou em Campinas o primeiro centro voltado para a formação de profissionais, sendo Helio Guilhardi e Maria Helena Leite Hunziker uns dos primeiros alunos.
5 Diversos institutos têm oferecido cursos de formação de qualidade, suprindo lacunas dos cursos de psicologia em termos da aplicação da análise do comportamento. Na região sudeste, o pioneiro é o Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento, situado em Campinas e dirigido por Hélio Guilhardi. O Instituto Paradigma,em São Paulo , e o Instituto
Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC), em Brasília, têm também se
destacado nessa missão.
6 Contribuíram também para a divulgação, criação de novos centros de pesquisa e formação e/ou para o desenvolvimento de conhecimento: Adélia M. S. Teixeira, Angela Duarte, Antonio Bento A. de Moraes, Antonio de Freitas Ribeiro, A. Celso N. Goyos, Caio Miguel, Carolina Lampréia, Célia M. L. C. Zannon, Deisy das Graças de Souza, Elenice Ferrari, Emmanuel Z. Tourinho, Hélio Guilhardi, Jorge M. Oliveira-Castro, José Carlos Simões Fontes, José Lino O. Bueno, Josele Abreu Rodrigues, Julio C. de Rose, Kester Carrara, Laércia A. Vasconcelos, Ligia Marcondes Machado†, Lincoln S. Gimenes, Lorismário E. Simonassi, Lúcia C. A. Williams, Luiz Marcelino de Oliveira†, Luiz Otávio de Seixas Queiroz†, Maly Delitti, Maria Amália Andery, Maria Helena Hunziker, Maria Martha Hübner, Maria Stella A. Gil, Nilza Micheletto, Olavo F. Galvão, Roberto Banaco, Silvio Botomé, Sonia B. Meyer, Tereza Maria A. Pires Serio†, Thereza P. L. Mettel. Pedimos desculpas por possíveis esquecimentos.
2 Endereço para correspondência: SHIN QI 01 Conjunto 09 Casa 11. Brasília, DF. CEP 71505-090. E-mail:joaoclaudio.todorov@gmail.com; elenicehanna@gmail.com.
3 Um protótipo do PSI foi desenvolvido por Isaias Pessotti e Herma Drachenberg na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Rio Claro, em 1962, sob a supervisão de Carolina Bori, a partir de suas discussões com Fred Keller sobre a nova modalidade de ensino.
4 Com a diáspora de Brasília, professores e instrutores se espalharam pelo país dando origem a novos centros de difusão e ensino de análise do comportamento. Nessa, época Luiz de Oliveira já estava trabalhando na FFCLRP e Luiz Otavio Queiroz na PUCCAMP. O primeiro começou uma tradição em pesquisa básica aproximando análise do comportamento e biologia, especialmente nutrição e farmacologia. O segundo começou em Campinas o primeiro centro voltado para a formação de profissionais, sendo Helio Guilhardi e Maria Helena Leite Hunziker uns dos primeiros alunos.
5 Diversos institutos têm oferecido cursos de formação de qualidade, suprindo lacunas dos cursos de psicologia em termos da aplicação da análise do comportamento. Na região sudeste, o pioneiro é o Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento, situado em Campinas e dirigido por Hélio Guilhardi. O Instituto Paradigma,
6 Contribuíram também para a divulgação, criação de novos centros de pesquisa e formação e/ou para o desenvolvimento de conhecimento: Adélia M. S. Teixeira, Angela Duarte, Antonio Bento A. de Moraes, Antonio de Freitas Ribeiro, A. Celso N. Goyos, Caio Miguel, Carolina Lampréia, Célia M. L. C. Zannon, Deisy das Graças de Souza, Elenice Ferrari, Emmanuel Z. Tourinho, Hélio Guilhardi, Jorge M. Oliveira-Castro, José Carlos Simões Fontes, José Lino O. Bueno, Josele Abreu Rodrigues, Julio C. de Rose, Kester Carrara, Laércia A. Vasconcelos, Ligia Marcondes Machado†, Lincoln S. Gimenes, Lorismário E. Simonassi, Lúcia C. A. Williams, Luiz Marcelino de Oliveira†, Luiz Otávio de Seixas Queiroz†, Maly Delitti, Maria Amália Andery, Maria Helena Hunziker, Maria Martha Hübner, Maria Stella A. Gil, Nilza Micheletto, Olavo F. Galvão, Roberto Banaco, Silvio Botomé, Sonia B. Meyer, Tereza Maria A. Pires Serio†, Thereza P. L. Mettel. Pedimos desculpas por possíveis esquecimentos.