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Três alunos de Psicologia
Era uma vez três sujeitos experimentais da espécie Sus domesticus (por questão de notação científica, chamaremos de SE1, SE2 e SE3), que depois de trabalhar no biotério como cobaias foram cursar Psicologia na UFSC.
Um dia começaram uma disciplina de Análise Experimental do Comportamento, cujo professor era um Lobo Mau.
IMPORTANTE: A maldade do Lobo é inferida a partir de comportamentos rigorosamente atestados. O mais técnico seria chamá-lo de “Lobo que apresenta um padrão persistente e amplo de comportamentos classificáveis comumente como malvados”, mas para fins de facilitar esta fábula, o sujeito será chamado tão somente pelo termo corrente no vernáculo, “Lobo Mau”.
Um professor não-Behaviorista de Análise do Comportamento
Além de Mau, o Lobo era bobo (para fins de rigor técnico, aplica-se o mesmo comentário anterior a esse atributo), pois ensinava Análise do Comportamento sem de fato entender a matéria. O professor Lobo Mau mandou SE1, SE2 e SE3 escrever um artigo para apresentar na Jornada de Análise do Comportamento (JAC) que iria ocorrer no final do semestre e, só de mau que era, não orientava os alunos!
SE1 era o aluno menos aplicado, pois tinha um histórico de reforçamento contínuo para o estudar, abundante e arbitrário. Por isso escreveu um artigo escasso de referências e sem argumentação convincente, com uma estrutura de seções confusa, e nem sequer estava Ok com as normas vigentes da ABNT.
Já SE2 era um aluno com melhor desempenho acadêmico, pois sofrera reforço intermitente de seus estudos, porém difuso e sem qualidade diferencial. SE2 escreveu um artigo de bom formato e padronização, mas de tema batido e sem comprovação experimental satisfatória.
SE3, por sua vez, havia sido amplamente ensinado por reforço intermitente, sendo portanto persistente no estudar, e gozava de habilidades acadêmicas refinadas de forma diferencial em seu repertório. O artigo pra JAC de SE3 nem estava pronto e já diziam que rendia Mestrado com o Todorov na USP!
O Professor Lobo Mau, contrariado por ensinar Análise do Comportamento sem sequer apreciar a abordagem, teve um rompante de malvadeza e gritou para SE1:
- Ha-ha-ha, eu vou bufar, vou assoprar e vou derrubar seu artigo antes de ir pro JAC!
Dizendo isso o Professor Lobo, que só conhecia práticas coercitivas de ensino, pôs-se a corrigir duramente o texto de SE1. Depois de enchê-lo de críticas sem argumentos e observações descabidas, entregou-o para SE1, que correu na direção de SE2.
Mas o Professor Lobo Mau também pegou o artigo de SE2, dizendo:
O Lobo Mau só conhece práticas coercitivas de ensino !
- Ha-Ha-Ha, eu vou bufar, vou assoprar e vou derrubar seu artigo antes de ir pro JAC!
O perverso Professor, que apesar de ensinar Análise do Comportamento não parecia conhecer o poder do reforço positivo, também encheu o texto de SE2 de rabiscos vermelhos e sugeriu tantas mudanças que quando pegou o texto, SE2 passou a achar a Análise do Comportamento aversiva. <!--[if !supportLineBreakNewLine]--> <!--[endif]-->
Nisso, SE1 e SE2 correm para o lado de SE3, ao que o Professor Lobo pega o texto dele e diz...
_ Mmmm.. Não vou repetir aquele papo de “Ha-ha-ha, eu vou bufar..”. Ok que isso é um conto-de-fadas, mas aí já fica meio bobo, né?
Depois de dizer isso, o Professor pegou o texto, leu, releu e o analisou de diversos pontos de vista. Mas o artigo de SE3 estava perfeitamente padronizado pelas normas da ABNT, continha diversas referências atuais e uma sólida documentação do experimento realizado, com conclusões lógicas e fundamentação científica.
Injuriado por achar um aluno que sabia mais de Análise do Comportamento do que ele, o Professor Lobo Mau rasgou o papel e jogou os pedacinhos no ar: <!--[if !supportLineBreakNewLine]--> <!--[endif]-->
- Eu sou mesmo muito mau! - disse o Lobo, deleitando-se na sua coerção, que para ele era reforçadora.
Quando os alunos ainda estavam em choque, eis que surgem representantes da Comissão Avaliadora do JAC e perguntam para SE3 se ele não quer participar de uma Mesa Redonda especial. Quando o Lobo Mau ia interpor-se, um representante da Comissão de Ética do departamento de Psicologia da UFSC o repreende e diz que ele responderá processo na UFSC e também Conselho Federal de Psicologia.
E até hoje SE3, já cursando o Pós-Doutorado em Harvard, lembra desse episódio como o dia em que o contracontrole eliminou a coerção na sala de Análise Experimental de Comportamento.
MORAL DA HISTÓRIA: Se você tem um professor babaca que ensina Behaviorismo sem gostar da abordagem e nem sequer entendê-la de verdade, faça como SE3: estude por conta, dedique-se que um dia sua persistência será recompensada.
fonte : BLOG OLHAR BEHAVIORISTA
olharbeheca.blogspot.com/