Ms.
Adolfo S. Suárez
Professor de psicologia e didática do ensino religioso do
curso de Teologia do Unasp Centro Universitário Adventista de São Paulo, Campus
Engenheiro Coelho Adolfo.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo desta pesquisa é apresentar
algumas considerações gerais a respeito de Skinner, um teórico do comportamento
que muito se destaca principalmente pela sua idéia sobre o condicionamento
operante, também conhecida como teoria do estímulo-resposta, rótulo que ele
próprio repudiava.
No
entender de Hall, Lindzey e Campbell,
Skinner foi um comportamentalista ardente, convencido da importância do
método objetivo, do rigor experimental, da capacidade de experimentação
cuidadosa e da ciência indutiva para resolver os problemas comportamentais mais
complexos. Ele aplicou seus conceitos e métodos às principais preocupações da
nossa época, tanto práticas quanto teóricas.
Skinner defendeu algumas das reformas sugeridas por John B. Watson, e
teve influência comparável, no entanto, ele conseguiu ir além de Watson,
promovendo debates até hoje palpitantes.
Este trabalho consta de seis partes, à
saber: (1) apresenta dados biográficos de Skinner; (2) discorre brevemente
sobre o Behaviorismo; (3) faz um levantamento geral da teoria de Skinner; (4)
resume os principais tópicos da teoria de Skinner; (5) analisa o legado de
Skinner; (6) contrasta as principais idéias de Skinner com conceitos da ética e
teologia cristãs, com conseqüentes aplicações para a práxis pastoral.
2. TRAÇOS BIOGRÁFICOS
Burrhus Frederic Skinner nasceu no dia 20 de março de 1904, em
Susqhehanna, no estado da Pensilvânia no dia 18 de agosto de 1990, com 86 anos, de complicações resultantes de
leucemia. Passou a infância, como ele mesmo descreveu, em um ambiente familiar
estável e caloroso. Seu pai era advogado e sua mãe, de acordo com a descrição
de Skinner, era “brilhante e bonita”, com normas rígidas e imutáveis sobre o
que era “correto”. Enquanto crescia, Skinner era ávido construtor de coisas:
desde patinetes, carrinhos, trenós e balsas, a gangorras, estilingues,
zarabatanas, aeromodelos e outros. Inclusive tentou construir um planador no
qual queria voar, e trabalhou, sem êxito, em uma máquina de movimento perpétuo.
Após se
formar numa pequena escola, Skinner ingressou na Faculdade de Hamilton, uma
pequena instituição de ciências humanas no Estado de Nova Iorque. Lá se formou
em inglês e serviu como tutor em uma família da qual ele adquiriu uma grande
apreciação pela música, arte, escrita e a “arte de viver”. Também se envolveu
em várias atividades nada corretas: ajudou na realização de uma brincadeira
envolvendo uma visita programada de Charles Chaplin, o famoso ator
cinematográfico e comediante, para a faculdade (uma grande multidão reunida foi
enganada); atacou a associação estudantil chamada Phi Beta Kappa em uma
publicação estudantil; e ele e um grupo de outros alunos fizeram tamanha
bagunça nos treinos para a coleção de grau, que foram todos admoestados pelo
presidente da faculdade.
Depois da faculdade, Skinner tentou fazer a sua marca como
escritor. Durante os próximos dois anos ele perdeu o interesse em escrever,
descobriu que se interessava pela psicologia (em parte porque leu sobre as
primeiras idéias envolvendo o behaviorismo), morou em Greenwich Village por
alguns meses, e passou um verão na Europa. No outono de 1928, Skinner se
matriculou na Universidade de Harvard e começou a estudar psicologia.
Em 1931
obteve o seu Ph.D. em Harvard, e ficou mais cinco anos pesquisando. A seguir,
assumiu o cargo de professor na Universidade de Minnesota. Em 1945 se tornou
presidente do Departamento de Psicologia da Universidade de Indiana, e em 1948
voltou para Harvard como professor, permanecendo nela pelo restante de sua
carreira.
Skinner se casou em
1936. Teve duas filhas, sendo que a mais velha se envolveu com a psicologia
educacional e a mais nova se tornou artista.
Seu primeiro livro importante foi The Behavior of
Organism (O Comportamento dos Organismos), publicado em 1938.
Por ocasião de sua publicação, Skinner foi recebido com frieza pela
crítica. O livro encalhou; e a segunda edição só saiu na década de 60. Na época
de sua morte, no sábado 18 de agosto de 1990, aos 86 anos, ele era o maior nome
da psicologia behaviorista e um dos pensadores mais controvertidos da segunda
metade do século XX.
Considerado uma pedra no sapato dos humanistas, Skinner
tratava os conceitos de liberdade e dignidade humanas como “mitos” que deveriam
ser desconsiderados pela ciência. Devido as suas afirmações, recebeu acusações
tais como “psicólogo de ratos”. Ademais, boa parte da ira que provocava nasceu
do impacto de seus livros que extrapolavam os limites da psicologia.
3.
O BEHAVIORISMO
3.1.
CONCEITO
O behaviorismo é uma corrente e método da psicologia que
afirma que o único objeto de estudo da psicologia é o comportamento observável,
seja nos homens como nos animais, e que é susceptível de ser medido.4 O behaviorismo, e
as ciências comportamentais como um todo, entendea pessoa como um ser que
responde a estímulos do meio exterior, não levando em consideração o que ocorre
dentro de sua mente durante o processo. Portanto, a aprendizagem é interpretada
apenas como mudança de comportamento.5
No entender de John Watson (1878-1958), que cunhou o termo
“Behaviorismo” em 1913, esse era o método apropriado para entrar na mente,
entidade que há séculos escapa da investigação filosófica. Watson, juntamente
com os behavioristas, dizia: “para os animais não tem como perguntar: ‘O que
você está sentindo?’. É possível apenas estimulá-los e observar sua reação ao
estímulo. Por que deveria ser diferente com seres humanos?”
3.2.
SURGIMENTO
Maria
Amélia Matos afirma que
o Behaviorismo surgiu em oposição ao mentalismo e ao introspeccionismo.
Em fins do século passado, a ciência de modo geral começou a colocar uma forte
ênfase na obtenção de dados ditos objetivos, em medidas, em definições claras,
emdemonstração e experimentação. Esta influência se fez sentir na
Psicologia, no começo deste século, com a proposta behaviorista feita por
Watson em 1924: “Por que não fazemos daquilo que podemos observar, o corpo de
estudo da Psicologia?”7
As
palavras de Watson sugeriam que a Psicologia deveria:
(a)
estudar
o comportamento por si mesmo;
(b)
opor-se
ao mentalismo;
(c) aderir ao
evolucionismo biológico;
(d)
adotar
o determinismo materialístico;
(e)
usar
procedimentos objetivos na coleta de dados, rejeitando a introspecção;
(f)
realizar experimentação;
(g)
realizar
testes de hipótese de preferência com grupo controle;
(h)
observar
consensualmente.
Watson questionava o acesso ao que o homem sente, pois o
método da psicanálise, por exemplo, tinha pouco a oferecer nesse sentido. Seu
método é introspectivo, isto é, o indivíduo estuda a si mesmo. Logo, o
resultado de seus estudos - o que o pesquisador “observa” - não pode ser
compartilhado com outros. Isso se afasta do alvo de toda ciência: construir
conhecimento público que não exija dotes especiais de observação.
O ponto então era: se a filosofia jamais deu conta de
explicar como pensa o homem, por que não abandonar conceitos como “mente”,
“estado mental”, (“alma”, se quiser) e voltar os olhos apenas para o
comportamento? Um enfoque que dê caráter realmente científico ao estudo da
mente deve tratá-la como se ela fosse uma “caixa preta”. Injetam-se estímulos e
se recebem respostas. A equação entre essas duas variáveis é tudo o que uma
psicologia realmente experimental pode pretender.
3.3. RAÍZES
De acordo
com Hurding, as três raízes básicas que
estimularam o surgimento do behaviorismo nos primeiros anos do século XX foram:
(1) o funcionalismo, (2) o instrumentalismo e (3) o associacionismo, conceitos
estes profundamente relacionados entre si.
3.3.1.
O Funcionalismo
O Funcionalismo foi criado por William James. Nesta teoria,
os processos mentais são encarados como funções. Os funcionalistas
tentavam encontrar respostas à pergunta: “Para que serve esse ou aquele fato
que observamos? Qual é sua função?”. Darwin, funcionalista por excelência,
afirmava que o comportamento humano volta-se para os objetivos, sendo que um
dos principais é a adaptação às condições externas, o que garantiria maiores
possibilidades de sobrevivência. Na opinião de Darwin, a psicologia deveria
estudar o processo dessa adaptação humana. William James também encarava a vida
humana como um longo processo de adaptação. Ele via todos os aspectos da vida
interior de maneira pragmática. Defendeu a utilidade e o prazer
como as causas do comportamento.
3.3.2.
O Instrumentalismo
O instrumentalismo defendia o uso de hábitos,
opiniões, padrões morais e instituições humanas como tijolos de sua filosofia.
John Dewey, um de seus grandes representantes, argumentava que era possível
usar unidades de organização como instrumentos (meios) de experimentação, para
alcançar o avanço rumo a sistemas mais complexos e úteis.
3.3.3.
O Associacionismo
Filósofos como John Locke e David Hume, baseados em
Aristóteles, diziam que nós aprendemos por associação. Ou seja, nossa
mente liga eventos que ocorrem em seqüência: nós os associamos. Se,
depois de ver e cheirar o pão que acabou de ser assado, o comermos e acharmos
gostoso, na próxima vez que virmos e cheirarmos um pão fresco, a experiência
nos levará a esperar que comer um pedaço será também satisfatório. Se
associarmos um som com algo assustador, o medo pode ser despertado apenas pelo
som.
Animais simples podem aprender associações simples, enquanto que animais
complexos podem aprender associações complexas, mais ainda se gerarem
conseqüênciasfavoráveis. Pode-se afirmar que os animais, nas diversas situações a que
são submetidos, podem “ligar os fatos”, associando o passado ao futuro
imediato: uma foca pode associar as batidas das nadadeiras e os gritos ao
recebimento de uma sardinha.
Pesquisas de Pavlov confirmaram a associação, que pode
ocorrer por semelhança, contraste ou contigüidade. Assim, João poderá me fazer
lembrar de Luís, por serem muito parecidos; de Jorge, por serem totalmente
diferentes; ou de Paulo, simplesmente porque os vi juntos na semana anterior. Também se pode
pensar no seguinte fato: se ajudar um idoso a atravessar a rua provoca nele um
belo sorriso, a tendência é repetir o ato numa próxima oportunidade. Mas se
ajudar esse idoso tem como recompensa um xingamento, a tendência é, numa
situação análoga, deixar o idoso atravessar a rua sozinho.
4.
ASPECTOS GERAIS
DA TEORIA DE SKINNER
A teoria de Skinner se baseia principalmente na idéia de que o
aprendizado consiste em mudança no comportamento manifesto. Em outras palavras,
As mudanças no comportamento são o resultado de uma resposta individual
a eventos (estímulos) que ocorrem no meio. Uma resposta produz uma
conseqüência, como definir uma palavra, bater em uma bola, solucionar um
problema matemático. Quando um padrão particular Estímulo-Resposta (S-R) é
reforçado (recompensado), o indivíduo é condicionado a reagir. A característica
que distingue o condicionamento operante em relação às formas anteriores de
behaviorismo (por exemplo: Thorndike) é que o organismo pode emitir respostas,
em vez de só obter respostas devido a um estímulo externo.
Como podemos perceber na citação acima, o reforço é o
elemento-chave na teoria S-R de Skinner. Um reforçador é qualquer coisa que
fortaleça a resposta desejada. Pode ser um elogio verbal, uma boa nota, ou um
sentimento de realização ou satisfação crescente; isto é denominado de reforço
positivo, o qual fortalece uma reação ao oferecer um estímulo depois de uma
reação. . A teoria também fala de reforçadores negativos - qualquer estímulo que
aumente a freqüência de uma resposta, ao ser retirado (diferente de estímulo
desfavorável - punição - que resulta em respostas reduzidas). Contrário ao que
se pensa, o reforço negativo não é punição, mas sim a remoção de
um evento punitivo; enquanto o reforço aumenta um comportamento, a punição o
diminui. Um reforço é qualquer conseqüência que fortaleça o comportamento.
Skinner fez muitos experimentos com animais para comprovar
sua psicologia behaviorista. Em sua agora famosa “caixa de Skinner”– termo não
endossado pelo próprio Skinner – ele estudou os hábitos de aprendizado de
pombos e ratos. A partir desse estudo, ele observou duas formas básicas de
comportamento: o respondente e o operante. No condicionamento
respondente se observa que há estímulos por parte do meio; já no
condicionamento operante,
o organismo associa seus comportamentos com as conseqüências. Os
comportamentos seguidos por reforços aumentam; os que são seguidos por punição
diminuem. Este princípio simples, mas poderoso, tem muitas aplicações, mas
também várias qualificações importantes.
Os
reforçadores são designados como positivos e negativos. Os positivos dependem
dos chamados estímulos reforçadores e os negativos ocorrem com o término de um
estímulo aversivo. Um reforçador é um elogio verbal, uma boa nota, ou um
sentimento de realização ou satisfação crescente. Um reforçador negativo é
qualquer estímulo que resulta no aumento da freqüência de uma resposta, quando
ele é retirado. Note-se que um reforçador negativo é diferente de um estímulo
desfavorável. A punição é diferente do reforço negativo. Em termos conceituais,
a punição se refere à aplicação de um desprazer após um determinado
comportamento não pretendido por aquele que a aplica, enquanto que o reforço
negativo se caracteriza pela retirada do desprazer após a ocorrência de um comportamento
pretendido por aquele que o promove.Como
exemplo de cada um desses elementos, podemos citar o seguinte:
Reforço positivo: o alimento é um reforço positivo para
animais; para a maioria das pessoas, atenção, aprovação e dinheiro são
reforços positivos. Reforços positivos dão alguma coisa negativa.
Reforço negativo: quando uma pessoa sonolenta aperta o botão
que desliga o despertador, o silêncio do barulho irritante é também um
reforço, mas negativo. Reforços negativos reduzem alguma coisa negativa.
Punição: o rato leva um choque depois de tocar no objeto
proibido e a criança que perde a sobremesa depois de ir para a rua,
aprenderão a não repetir o comportamento, devido ao castigo recebido.
4.1.
EM QUE SENTIDO SKINNER É “RADICAL”?
O behaviorismo de Skinner pode ser considerado “radical”
especialmente pelas duas seguintes idéias: (a) Skinner não procurou na psique
humana qualquer causa do comportamento; (b) Ele aplicou o mesmo tipo de análise
para converter comportamentos ocorridos “dentro da pele” (sentimentos,
pensamentos, etc.) do que o usado para analisar comportamentos publicamente
observáveis.
De
acordo com Maria Amélia Matos, Skinner
é radical em dois sentidos: por negar radicalmente (i.e., negar
absolutamente) a existência de algo que escapa ao mundo físico, que não tenha
uma existência identificável no espaço e no tempo (mente, consciência,
cognição); e por radicalmente aceitar (i.e., aceitar integralmente) todos os
fenômenos comportamentais.
4.2
FONTE DE DADOS
Skinner buscou inspiração para suas idéias em pesquisas de
laboratório cuidadosamente controladas por ele e seus colegas. Usaram ratos e
pombos como animais de experiência. Eles enfatizaram a coleta de dados
quantitativos precisos.
Uma
pergunta natural sobre as pesquisa de Skinner poderia ser: “Por que ele
pesquisou animais e não seres humanos?”. A resposta é que a simplicidade do
organismo inferior dos animais e o fato de poder controlar esses animais em
laboratório fizeram e fazem deles a escolha freqüente para as pesquisas.
Todavia, a aplicação em grupos humanos das idéias de Skinner
mostra a validade de suas pesquisas. Algumas das áreas que receberam aplicação
das teorias de Skinner são: (1) o desempenho de alunos: instrução programada,
máquinas de ensino, etc.; (2) o tratamento de crianças autistas, pessoas
retardadas e psicóticas; (3) gerenciamento industrial; (4) terapia behaviorista
para comportamentos problemáticos.
5.
PRINCIPAIS
TÓPICOS DA TEORIA DE SKINNER
No entender de Skinner, “o homem é uma máquina no sentido de
que é um sistema complexo que se comporta segundo certas leis, mas a
complexidade é extraordinária”. Essa complexidade extraordinária é
analisada de forma detalhada, surgindo assim conceitos bastante interessantes a
respeito do comportamento humano. A seguir, e de forma bem resumida, são
apresentadas as principais idéias defendidas por Skinner.
5.1.
DETERMINISMO
RADICAL
O
comportamento é determinado pelos aspectos ambientais e genéticos. Neste
sentido, Skinner desprezou claramente a idéia de atribuir ao comportamento
explicações mentais, pois questões mentais apenas enganam e confundem, tirando
a atenção das causas reais. Por si só, explicações mentais não mereciam nenhum
crédito na psicologia.
Atribuindo demasiada importância às questões mentais,
corre-se o risco de elementos como a culpa e a ansiedade (só para citar dois
exemplos) se tornarem muito importantes e concretos, sendo usados para explicar
o comportamento humano. Logo, seriam colocadas de lado as verdadeiras razões
que originaram tal situação.
Skinner também dizia que a psicologia científica não deve considerar que
o comportamento seja governado pela “escolha individual”. As escolhas são
resultados dos fatores genético e ambiental, os quais influenciam no tipo de resposta
que damos ou as decisões que fazemos. Expor-se a determinados eventos durante
muito tempo é determinante na consolidação do comportamento e,
conseqüentemente, nas escolhas individuais com as quais nos defrontamos a cada
dia.
Portanto, Skinner valoriza os aspectos genético e ambiental
(a história da pessoa) na formação do comportamento. Para ele, contudo, o
ambiente é muito mais importante que o fator genético, e é a chave para
melhorar o comportamento humano.
5.2.
COMPORTAMENTO
RESPONDENTE
A palavra
“respondente” se refere a um tipo específico de comportamento que é trazido à
tona por um tipo específico de estímulo. Indica uma resposta do tipo reflexivo,
onde o estímulo precede o comportamento. Um exemplo pode esclarecer esse
conceito: a colocação de comida na boca de um cão faz com que o animal salive
(comportamento respondente). Se a comida for apresentada repetidamente
juntamente com algum estímulo neutro original (pode ser um sino ou uma música),
o cão salivará quando ouvir o sino ou música, mesmo antes de ver a comida. Ou
seja, foi condicionado a emitir uma resposta específica.
Um outro exemplo, desta vez humano, pode esclarecer ainda
mais a teoria de Skinner: um bebê de 11 meses, chamado Albert, foi condicionado
a ter medo de um rato branco, ao lhe apresentarem um roedor, repetidamente, no
mesmo momento em que faziam um barulho bem forte e assustador. Inicialmente,
Albert não tinha medo do rato branco, mas pela combinação com o barulho, o rato
veio trazer respostas de medo.
Mais dois
exemplos: uma pessoa mordida por um cachorro pode passar a ter medo de todos os
cachorros, assim como passar dor no consultório do dentista leva a pessoa a
relacionar a dor com qualquer consultório.
Em síntese, o comportamento respondente pode ser
condicionado mediante um estímulo. Dessa maneira, estímulos condicionados
trazem respostas condicionadas. O quadro abaixo resume esta idéia:
1.
|
Comida
|
Salivação
|
2.
|
Comida
e Sino
|
Salivação
|
3.
|
Sino
|
Salivação
|
5.3. COMPORTAMENTO OPERANTE
É
o comportamento que opera no ambiente para produzir
conseqüências. O termo operante se refere justamente a uma classe de
respostas que produz certas conseqüências. Ações como piscar, fazer
movimentos súbitos do joelho e salivar podem ser classificadas como comportamentos
respondentes. Por sua vez, ler, escrever, tocar um instrumento musical, comer
com faca e garfo e dirigir um carro podem ser compreendidos como comportamentos
operantes. Portanto, comportamentos operantes constituem a maioria das
respostas que nos definem e diferenciam como indivíduos. São esses
comportamentos que explicam as diferentes personalidades.
Segundo
Skinner, o fator mais importante do desenvolvimento do comportamento operante é
o reforço. Se um comportamento é reforçado, ele é fortalecido,
aumentando a probabilidade de ser repetido em circunstancias similares no
futuro.
Como vimos anteriormente, existem dois tipos de reforço: positivo
e negativo . Ambos fortalecem o comportamento pois aumentam a
probabilidade de resposta. O reforço positivo envolve a adição de algo a
uma situação quando uma resposta é dada. O reforço negativo envolve a remoção
de algo de uma situação quando uma resposta é dada.
MOLDAGEM
DO COMPORTAMENTO
Comportamentos operantes nunca surgem
já maduros; eles são moldados em estágios
5.5.
AUTOCONTROLE E
CRIATIVIDADE
Dentro do esquema de Skinner, onde fica a individualidade?
Temos controle sobre nosso próprio comportamento? Ou somos apenas vítimas das
mudanças do ambiente? A individualidade fica por conta do autocontrole,
mediante o qual cada pessoa age de maneira diferenciada, segundo a situação que
vivencia. Ele pode, criativamente, controlar seu comportamento pelo menos das
seguintes maneiras em situações específicas:
(a)
Manter
as mãos no bolso para evitar comer as unhas.
(b)
Sair
de perto de alguém que estimule a perda da paciência. Isso implica remover a
situação em que determinado comportamento fatalmente ocorrerá.
(c) Remover a tentação:
jogar fora os cigarros para não fumar.
(d)
Substituir o comportamento passível de punição por outro
onde a punição seja inexistente.
6. O LEGADO DE SKINNER
6.1.
AS INOVAÇÕES QUE SKINNER TROUXE AO BEHAVIORISMO
O behaviorismo, conforme defendido por Watson, era
caracterizado por afirmações extremas. Ele disse, por exemplo, que seria capaz
de tomar um bebê saudável e torná-lo o que quisesse: médico, advogado, vagabundo
ou ladrão; bastava fornecer-lhe o ambiente apropriado. Já Skinner pensava
um pouco diferente. Estas foram algumas inovações do pensamento de Skinner em
relação ao behaviorismo:
(a)
Skinner reconheceu a importância da herança genética para
determinar aspectos do comportamento;
(b)
Aceitou e considerou
assuntos como o
autoconhecimento,
autocontrole e
criatividade,
|
embora
|
com
|
conceitos
|
diferentes
|
do
|
tradicional;
|
||
O behaviorismo metodológico de Watson não negou a existência
da mente, mas negou-lhe status científico ao afirmar que não podemos estudá-la
pela sua inacessibilidade. Em contrapartida, o behaviorismo radical de Skinner
negou a existência da mente e assemelhados, mas aceitou estudar eventos
internos. Contrário aos pensamentos de Watson e seus seguidores, o behaviorismo
radical moderno considera importante os sentimentos, pensamentos e outros
eventos internos, embora não como causadores de comportamento.
Ainda assim, na teoria de Skinner, o autocontrole depende de variáveis
no ambiente e na história de reforços do individuo, e não da responsabilidade
pessoal.
Nas
palavras de Myers, Skinner
Remexeu num ninho de vespas ao insistir muitas vezes que são as
influências externas, e não os pensamentos e sentimentos internos, que moldam o
comportamento; e também por apregoar o uso dos princípios operantes para
influenciar o comportamento das pessoas na escola, no trabalho e em casa. Para
ajudar ou dirigir as pessoas de maneira eficaz, disse Skinner, devemos nos
preocupar menos com suas ilusões de liberdade e dignidade. Reconhecendo que o
comportamento é moldado por suas conseqüências, devemos administrar as
recompensas de maneira que promovam um comportamento mais desejável.
Skinner foi acusado de desumanizar as pessoas, negligenciando
sua liberdade pessoal e controlando suas ações. Para essa crítica, a resposta
de Skinner foi: as conseqüências externas controlam o comportamento das
pessoas; então, pensava ele, por que não administrar essas conseqüências com o
intuito de melhorar o ser humano? Não seria mais saudável aplicar reforços
positivos, em vez de punir as pessoas, seja em casa, na escola e até nas
prisões? Afinal, se nossas histórias nos moldam, é claro que elas também nos
transmitem a esperança de que podemos moldar nosso futuro.
6.2. APLICAÇÕES PRÁTICAS DO
CONDICIONAMENTO OPERANTE
6.2.1.
Na escola
Segundo Skinner, o uso de máquinas de ensinar e livros
escolares poderiam moldar a aprendizagem em pequenos passos, oferecendo um
reforço imediato para as respostas corretas. Dessa maneira, com tempo sobrando
pelo uso desses materiais, o professor poderia se concentrar nas necessidades
específicas dos estudantes. Para tanto, os alunos deveriam ser
informados no mesmo instante a respeito de seu acerto ou erro; havendo
acertado, deveriam saber qual o próximo passo. O segredo aqui reside em
reforçar os pequenos sucessos, e ir aumentando aos poucos os desafios.
6.2.2.
No trabalho
Se a produtividade dos trabalhadores gera recompensas para
todos, a tendência é aumentar a moral e espírito de equipe. Assim sendo, a
produtividade aumenta novamente, numa reação em cadeia: produtividade gera mais
motivação, que gera mais produtividade, etc. Para tanto, deveriam ser
recompensados alvos e comportamentos específicos.
6.2.3. Em casa
No
aspecto familiar, eis algumas contribuições do pensamento de Skinner:
(a)
Dar atenção e outros reforços às crianças quando estiverem
se comportando bem. Determinar um comportamento específico, recompensá-lo e
observar seu crescimento.
(b)
Ignorar as manhas. Ao longo do tempo, quando ignoradas, as
manhas vão diminuir.
(c)
Diante de um comportamento ruim das crianças, não gritar nem
bater. Apenas explicar o mau comportamento e afastá-la do ambiente de reforço
por um prazo específico (o famoso “vai ficar de castigo”).
6.2.4.
Pessoalmente
O uso pessoal do condicionamento operante pode reforçar bons
comportamentos e extinguir comportamentos indesejados. Isso pode ser feito da
seguinte maneira:
(a)
Estabeleça
seu objetivo e torne pública sua intenção.
(b)
Registre a freqüência com que você se empenha no alcance de
seu objetivo. Anote seus progressos.
(c)
Reforce
sistematicamente o comportamento desejado. Controle-se. Aceite desfrutar de
momentos ou coisas desejáveis só depois de cumprir com seus objetivos diários
ou semanais.
(d)
Reduza os incentivos à medida que seus novos comportamentos
desejáveis se tornem mais habituais.
7. IMPLICAÇÕES PARA A PRÁXIS PASTORAL
Neste capítulo, algumas das principais idéias de Skinner
serão confrontadas com idéias da ética e teologia cristãs, com a finalidade de
provocar reflexões a respeito das implicações do pensamento skinneriano para a
práxis pastoral.
7.1.
CONCEPÇÃO
ANTROPOLÓGICA
A concepção de homem do behaviorismo radical de Skinner
propõe um homem total, inteiro. O homem skinneriano é descrito como produto de
suas variáveis genéticas e do seu meio ambiente, e não como um corpo orientado
por um agente interno autônomo. Assim, o quadro que emerge a partir de uma
análise científica é a de um corpo que é uma pessoa, no sentido de que dispõe
de um repertório complexo de comportamentos.
O homem é, então, fruto de uma história de sua espécie, de
sua herança genética e da exposição às contingências ambientais; é uma pessoa
que age sobre o mundo, podendo modificá-lo e ao mesmo tempo o mundo age sobre
ele, podendo modificá-lo. Desta forma, o homem passa a ser o que ele fez de si
mesmo. Porém, ao contrário do que possa parecer, o homem não é simplesmente um
ser passivo, ele é produtor, ator e diretor da história de sua vida.
Conseqüentemente, o ser humano é responsável.
none�
ta�xznone'>Nas
palavras de Myers, Skinner
Remexeu num ninho de vespas ao insistir muitas vezes que são as
influências externas, e não os pensamentos e sentimentos internos, que moldam o
comportamento; e também por apregoar o uso dos princípios operantes para
influenciar o comportamento das pessoas na escola, no trabalho e em casa. Para
ajudar ou dirigir as pessoas de maneira eficaz, disse Skinner, devemos nos
preocupar menos com suas ilusões de liberdade e dignidade. Reconhecendo que o
comportamento é moldado por suas conseqüências, devemos administrar as
recompensas de maneira que promovam um comportamento mais desejável.
Skinner foi acusado de desumanizar as pessoas, negligenciando
sua liberdade pessoal e controlando suas ações. Para essa crítica, a resposta
de Skinner foi: as conseqüências externas controlam o comportamento das
pessoas; então, pensava ele, por que não administrar essas conseqüências com o
intuito de melhorar o ser humano? Não seria mais saudável aplicar reforços
positivos, em vez de punir as pessoas, seja em casa, na escola e até nas
prisões? Afinal, se nossas histórias nos moldam, é claro que elas também nos
transmitem a esperança de que podemos moldar nosso futuro.
Numa comparação dessa concepção antropológica de Skinner com
um enfoque antropológico-filosófico, amparado na ética e teologia cristãs,
pode-se concluir que há estreita semelhança. Como afirma Konzen,
A responsabilidade se liga às faculdades que constituem a
supra-estrutura pessoal do ser humano, isto é, sua dimensão espiritual: a
inteligência e a vontade. Nisso consiste a originalidade específica do ser
humano e sua dignidade única.
A capacidade de conhecimento e a vontade livre para se decidir, embora
sejam faculdades distintas, estão intrinsecamente relacionadas e vinculadas uma
à outra, e constituem uma unidade como dimensão espiritual e estrutura pessoal
do ser humano, pois a inteligência sem liberdade não teria sentido nem valor; e
a liberdade sem inteligência é impossível.
Para Dietrich Bonhoeffer, responsabilidade e liberdade são
conceitos que se complementam. Ele diz que “responsabilidade pressupõe
substancialmente – não cronologicamente – liberdade, e a liberdade só pode
subsistir na responsabilidade. Responsabilidade é a liberdade humana dada
exclusivamente no comprometimento com Deus e o próximo”. Assim sendo, o ser
humano é livre na direta proporção do exercício de uma vida responsável.
Além do
mais, o conceito antropológico de Skinner está em consonância com o conceito
antropológico da literatura bíblica. O salmo 51:5, por exemplo, estabelece uma
explicação genética à herança de pecado da humanidade: “Eu nasci na iniqüidade,
e em pecado me concebeu minha mãe”. A mesma idéia é corroborada no escrito
neotestamentário de Romanos 3:23: “Pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus”.
O raciocínio dos escritores bíblicos é claro: Se todos
pecaram, embora não estando todos em corpo presente na tragédia do Gênesis 3, é
porque a humanidade herdou as conseqüências do pecado de Adão e Eva, assim como
herdou de Cristo a salvação (Rm 5:12). Então, o fator hereditariedade tem sua
parcela de responsabilidade em estabelecer quem é o ser humano.
Por outro lado, nós também somos frutos do meio onde
vivemos. Deus disse a Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de
teu pai e vai para a terra que te mostrarei” (Gn 12:1). Esta ordem implicava,
entre outras coisas, mudança de ambiente, para melhor, a fim de estabelecer um
povo mais próximo do ideal divino para Sua nação. Deus sabia que o ambiente de
Ur, com seus deuses pagãos e cultos idólatras, seria um empecilho para
completar Seu plano. Começar uma nova nação num ambiente diferenciado seria um
grande início.
7.2.
PROCESSOS
CONSCIENTES
Skinner argumentava que muito do que aprendemos é
transmitido verbalmente para nós pelos nossos pais, professores, supervisores
de trabalho, colegas, amigos, etc., baseados na experiência deles. Ou seja, uma
parte importante do nosso comportamento de pensar é controlada por regras
(instruções, provérbios, conselhos, sugestões, leis, avisos, etc.), as quais
são comunicadas de forma oral ou escrita.
Neste
sentido, Konzen afirma que
Não basta uma ciência objetiva dos valores morais. É necessário também a
assimilação ou captação subjetiva destes e sua formulação como norma moral,
para orientar o comportamento e promover a moralização da vida humana.
A assimilação dos valores morais é possível pela
contemplação de modelos ou pelo conhecimento através das regras escritas. Para
tanto, é necessário haver discernimento a fim de qualificar o aprendido como
útil ou não. E esse discernimento “acontece na vida particular de cada pessoa e
também nas decisões comunitárias de grupos que planejam uma ação coletiva”.
Considerando “que todos os seres humanos são pessoas no
sentido de agentes morais racionais”, é justamente desse ser humano moral que
emanam leis, conselhos, normas e regras, com a finalidade de “fazer o que é bom
e contribuindo, assim, para a construção da lei moral universal”.
Será que a literatura bíblica tem algo a dizer a este
respeito? Sim. O ensino dos valores cristãos e da religião também é processado
de maneira verbal ou escrita. Deuteronômio 6:6-9 diz:
“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
tu as inculcarás a teus filhos, e delas falará assentado em tua casa, e andando
pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na
tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de
tua casa e nas tuas portas”.
Dessa maneira, os escritos veterotestamentários colocam a
transmissão de valores num patamar consciente e também intencional, onde existe
a participação pessoal e da comunidade.
7.3.
COMPORTAMENTO
GOVERNADO POR REGRAS
Skinner destaca o fato de que o comportamento é afetado por
conselhos, avisos, sugestões, instruções, leis, etc. Essas regras são as
contingências de reforço. A este respeito, Dietrich Bonhoeffer nos lembra que
Não pode haver ação responsável que não leve em conta, com a maior
seriedade, os limites postos pela própria lei de Deus, porém a ação responsável
jamais há de separar esta lei do seu legislador.
Na literatura
bíblica, regras claramente expressas são importantes para a vivência de um
cristianismo autêntico, pois o amor é manifestado no cumprimento das regras (Jo
14:15).
7.4.
DETERMINISMO X
LIVRE-ARBÍTRIO
Skinner era determinista. Em sua teoria não havia
nenhum espaço para o livre-arbítrio, pois afirmar que os seres humanos são
capazes de livre escolha seria negar sua suposição básica de que o
comportamento é controlado pelo ambiente e os genes
A ética e teologia cristãs têm sérias ressalvas a esses
pensamentos de Skinner. Konzen argumenta, por exemplo, que o conhecimento
racional só tem sentido e valor num contexto de liberdade de opção, sob pena de
só produzir angústia.
Já
para Emmanuel Kant,
O mundo físico, o do conhecimento cientifico, é rigorosamente
determinado, segundo rígidas leis de causa e efeito. A própria vida humana não
escapa a essas leis. A única exceção é a esfera da moralidade humana onde Kant
admite a possibilidade do livre arbítrio. Essa esfera, porém, não é do domínio
da razão pura, mas da “razão prática”, e como tal tem suas próprias regras...
Apesar de se encontrar num universo rigorosamente determinado, a vontade humana
é livre para querer o que é bom. Essa autonomia da vontade é o fundamento de
uma moral baseada na razão prática.
Dentro da literatura bíblica, o livre-arbítrio é elemento fundamental
para a tomada de decisões humanas:
(a)
Adão e Eva foram livres para escolher obedecer ou não as
ordens do Senhor (Gn 2:16);
(b)
Josué lembra ao povo a respeito da possibilidade de escolha,
entre o Deus verdadeiro e os falsos deuses (Js 24:15);
(c)
A figura apocalíptica mostra um Deus que aguarda a decisão
da pessoa de abrir-lhe o coração (Ap 3:20).
8. CONCLUSÃO
Influenciado pelas idéias de John Watson sobre o behaviorismo, pelos
trabalhos de Pavlov sobre o comportamento condicionado e pelas pesquisas de
Thorndike sobre o
O homem é, então, fruto de uma história de sua espécie, de
sua herança genética e da exposição às contingências ambientais; é uma pessoa
que age sobre o mundo, podendo modificá-lo e ao mesmo tempo o mundo age sobre
ele, podendo modificá-lo. Desta forma, o homem passa a ser o que ele fez de si
mesmo. Porém, ao contrário do que possa parecer, o homem não é simplesmente um
ser passivo, ele é produtor, ator e diretor da história de sua vida.
Conseqüentemente, o ser humano é responsável.
none�
ta�xznone'>Nas
palavras de Myers, Skinner
Remexeu num ninho de vespas ao insistir muitas vezes que são as
influências externas, e não os pensamentos e sentimentos internos, que moldam o
comportamento; e também por apregoar o uso dos princípios operantes para
influenciar o comportamento das pessoas na escola, no trabalho e em casa. Para
ajudar ou dirigir as pessoas de maneira eficaz, disse Skinner, devemos nos
preocupar menos com suas ilusões de liberdade e dignidade. Reconhecendo que o
comportamento é moldado por suas conseqüências, devemos administrar as
recompensas de maneira que promovam um comportamento mais desejável.
Skinner foi acusado de desumanizar as pessoas, negligenciando
sua liberdade pessoal e controlando suas ações. Para essa crítica, a resposta
de Skinner foi: as conseqüências externas controlam o comportamento das
pessoas; então, pensava ele, por que não administrar essas conseqüências com o
intuito de melhorar o ser humano? Não seria mais saudável aplicar reforços
positivos, em vez de punir as pessoas, seja em casa, na escola e até nas
prisões? Afinal, se nossas histórias nos moldam, é claro que elas também nos
transmitem a esperança de que podemos moldar nosso futuro.
comportamento de
animais como resultado de processos não cognitivos, Skinner desenvolveu uma
nova corrente behaviorista, passando a analisar cientificamente o
comportamento.
Skinner
acreditava que o comportamento humano é grandemente influenciado pelo ambiente.
Na verdade, é uma reação ao ambiente. Seu estudo, então, consistiu no estudo
dessas respostas como a maneira mais eficaz e segura de conhecer a pessoa.
Um elemento fundamental para o desenvolvimento do
comportamento é o reforço: que pode ser positivo (o qual
fortalece a resposta desejada; pode ser um elogio verbal, uma boa nota, ou um
sentimento de realização ou satisfação crescente); ou negativo (qualquer
estímulo que aumente a freqüência de uma resposta, ao ser retirado), é a
remoção de um evento punitivo.
Apesar de ser considerado um teórico da aprendizagem, Skinner também se
dedicou ao estudo de amplos problemas culturais e à aplicação de suas
descobertas no âmbito social. Um aspecto importante que deve ser considerado
ainda é a implicação das idéias de Skinner para a Práxis Religiosa. Sobre a
práxis, Floristán afirma que ela se caracteriza por quatro aspectos
fundamentais:
En primer lugar, la praxis es acción creadora, no meramente reiterativa
(...) La praxis creadora es innovadora frente a nuevas realidades o nuevas
situaciones. El hombre ha de crear o inventar; no le basta repetir o imitar lo
resuelto.
En segundo lugar, la praxis es acción reflexiva, no exclusivamente
espontánea. La praxis creadora exige una elevada actividad de conciencia
crítica (...) Por eso, la transformación de muchos aspectos no podrá ser a
veces ni todo lo rápido, ni todo lo radical que uno quisiera.
En tercer lugar la praxis es acción liberadora y de ningún modo
alienante (...) El fin de toda actividad práctica o de toda praxis es la
transformación real del mundo natural o social, cuya realidad debe ser una
nueva realidad más humana y más libre.
En cuarto lugar, la praxis es acción radical y no meramente reformista.
La praxis intenta transformar la organización y dirección de la sociedad,
cambiando las relaciones económicas, políticas y sociales.
Então,
que tipo de práxis se origina a partir das idéias de Skinner?
(a)
Uma práxis por vezes criadora, especialmente considerando o
fato de que Skinner acredita num ser humano amadurecido tanto pelo ambiente
como pela genética. Nem tudo está perdido, pois a pessoa humana ainda pode
exercer mudanças responsáveis.
(b)
Uma
práxis por vezes reflexiva, como quando nos leva a pensar no seguinte: somos de
fato livres ou vivemos a mercê de uma existência determinista?
(c)
Uma práxis por vezes alienante, especialmente quando elimina
toda possibilidade de livre-arbítrio.
(d)
Uma práxis radical, a ponto de considerar o homem uma
máquina, desconsiderando emoções e sentimentos.
Creio que é muito útil um olhar pastoral às idéias de
Skinner, pois isso possibilita uma melhor compreensão do comportamento humano,
assim como permite o planejamento de estratégias adequadas para favorecer o
aprendizado, seja no campo da religião ou no campo da aquisição e
internalização de valores.
ABORDAGENS TEÓRICAS DA APRENDIZAGEM.
http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/abordagens.htm#skinner.
Acesso em 26 de outubro de 2003.
ASSIS, Paula. A morte de Skinner. In Coletânea dos artigos
publicados no jornal Folha de São Paulo de 25 de agosto de 1990 sobre a morte
de Skinner. http://www.cemp.com.br/textos12.htm. Acesso em 26 de outubro de
2003.
BARROS e SILVA, Fernando. Herança filosófica ainda assusta humanistas
. In Coletânea dos artigos publicados no jornal Folha de São Paulo de 25 de
agosto de 1990 sobre a morte de Skinner. http://www.cemp.com.br/textos12.htm.
Acesso em 26 de outubro de 2003.
BONHOEFFER, Dietrich. Ética. 3 ed. São Leopoldo; Sinodal, 1995.
CONDICIONAMENTO OPERANTE. http://www.planetaeducacao.com.br/ professores/
suporteaoprof/ pedagogia/teoria35condoper.asp. Acesso em 26 de outubro de 2003.
FLORISTÁN,
Casiano. Teologia Práctica. Salamanca: Sígueme, 2002.
GRANDE ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL. Vol. 22. São Paulo: Nova
Cultural, 1995. HALL, Calvin S. & LINDZEY, Gardner & CAMPBELL, John B. Teorias
da personalidade. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
HURDING, Roger. A árvore da cura: modelos de aconselhamento e de
psicoterapia. São Paulo: Vida Nova, 1995.
KEELING,
Michael. Fundamentos da ética cristã. São Paulo: ASTE, 2002.
KONZEN, João Aloysio. Ética teológica fundamental. São Paulo:
Paulinas, 2001. MATOS, Maria Amélia. Behaviorismo Metodológico e
Behaviorismo Radical. http://www.cfh. ufsc.br/~wfil/matos.htm. Acesso em 26
de outubro de 2003.
MYERS, David. Introdução à psicologia geral . 5 ed. Rio de
Janeiro: LTC, 1999. NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA. Vol. 13. São Paulo: 1997.
NYE, Robert D. Três psicologias: idéias de Freud, Skinner e Rogers.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
PSICOLOGIA GERAL. http://filotestes.no.sapo.pt/psicCorrent01.html.
Acesso em 04 de novembro de 2003.
SKINNER, Burrhus Frederic. Ciência e comportamento humano. 2 ed.
São Paulo: EDART - São Paulo Editora Ltda., 1974.
_________. O mito da liberdade.
3 ed. São Paulo: Summus, 1983.
_________.
Para além da liberdade e da dignidade. Lisboa: Edições 70, 1971.
_________.
Questões recentes na análise comportamental. Campinas: Papirus, 1991.
_________.
Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1996.