sábado, 16 de julho de 2011

SKINNER: O HOMEM COMO MÁQUINA REVISÃO DE UMA TEORIA COMPORTAMENTAL E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A PRÁXIS PASTORAL



Ms. Adolfo S. Suárez

Professor de psicologia e didática do ensino religioso do curso de Teologia do Unasp Centro Universitário Adventista de São Paulo, Campus Engenheiro Coelho Adolfo.

  
1. INTRODUÇÃO

O objetivo desta pesquisa é apresentar algumas considerações gerais a respeito de Skinner, um teórico do comportamento que muito se destaca principalmente pela sua idéia sobre o condicionamento operante, também conhecida como teoria do estímulo-resposta, rótulo que ele próprio repudiava.

No entender de Hall, Lindzey e Campbell,

Skinner foi um comportamentalista ardente, convencido da importância do método objetivo, do rigor experimental, da capacidade de experimentação cuidadosa e da ciência indutiva para resolver os problemas comportamentais mais complexos. Ele aplicou seus conceitos e métodos às principais preocupações da nossa época, tanto práticas quanto teóricas. 

Skinner defendeu algumas das reformas sugeridas por John B. Watson, e teve influência comparável, no entanto, ele conseguiu ir além de Watson, promovendo debates até hoje palpitantes.

Este trabalho consta de seis partes, à saber: (1) apresenta dados biográficos de Skinner; (2) discorre brevemente sobre o Behaviorismo; (3) faz um levantamento geral da teoria de Skinner; (4) resume os principais tópicos da teoria de Skinner; (5) analisa o legado de Skinner; (6) contrasta as principais idéias de Skinner com conceitos da ética e teologia cristãs, com conseqüentes aplicações para a práxis pastoral.




2. TRAÇOS BIOGRÁFICOS

Burrhus Frederic Skinner nasceu no dia 20 de março de 1904, em Susqhehanna, no estado da Pensilvânia no dia 18 de agosto de 1990, com 86 anos, de complicações resultantes de leucemia. Passou a infância, como ele mesmo descreveu, em um ambiente familiar estável e caloroso. Seu pai era advogado e sua mãe, de acordo com a descrição de Skinner, era “brilhante e bonita”, com normas rígidas e imutáveis sobre o que era “correto”. Enquanto crescia, Skinner era ávido construtor de coisas: desde patinetes, carrinhos, trenós e balsas, a gangorras, estilingues, zarabatanas, aeromodelos e outros. Inclusive tentou construir um planador no qual queria voar, e trabalhou, sem êxito, em uma máquina de movimento perpétuo.
Após se formar numa pequena escola, Skinner ingressou na Faculdade de Hamilton, uma pequena instituição de ciências humanas no Estado de Nova Iorque. Lá se formou em inglês e serviu como tutor em uma família da qual ele adquiriu uma grande apreciação pela música, arte, escrita e a “arte de viver”. Também se envolveu em várias atividades nada corretas: ajudou na realização de uma brincadeira envolvendo uma visita programada de Charles Chaplin, o famoso ator cinematográfico e comediante, para a faculdade (uma grande multidão reunida foi enganada); atacou a associação estudantil chamada Phi Beta Kappa em uma publicação estudantil; e ele e um grupo de outros alunos fizeram tamanha bagunça nos treinos para a coleção de grau, que foram todos admoestados pelo presidente da faculdade.
Depois da faculdade, Skinner tentou fazer a sua marca como escritor. Durante os próximos dois anos ele perdeu o interesse em escrever, descobriu que se interessava pela psicologia (em parte porque leu sobre as primeiras idéias envolvendo o behaviorismo), morou em Greenwich Village por alguns meses, e passou um verão na Europa. No outono de 1928, Skinner se matriculou na Universidade de Harvard e começou a estudar psicologia.

Em 1931 obteve o seu Ph.D. em Harvard, e ficou mais cinco anos pesquisando. A seguir, assumiu o cargo de professor na Universidade de Minnesota. Em 1945 se tornou presidente do Departamento de Psicologia da Universidade de Indiana, e em 1948 voltou para Harvard como professor, permanecendo nela pelo restante de sua carreira.
Skinner se casou em 1936. Teve duas filhas, sendo que a mais velha se envolveu com a psicologia educacional e a mais nova se tornou artista.

Seu primeiro livro importante foi The Behavior of Organism (O Comportamento dos Organismos), publicado em 1938. Por ocasião de sua publicação, Skinner foi recebido com frieza pela crítica. O livro encalhou; e a segunda edição só saiu na década de 60. Na época de sua morte, no sábado 18 de agosto de 1990, aos 86 anos, ele era o maior nome da psicologia behaviorista e um dos pensadores mais controvertidos da segunda metade do século XX.

Considerado uma pedra no sapato dos humanistas, Skinner tratava os conceitos de liberdade e dignidade humanas como “mitos” que deveriam ser desconsiderados pela ciência. Devido as suas afirmações, recebeu acusações tais como “psicólogo de ratos”. Ademais, boa parte da ira que provocava nasceu do impacto de seus livros que extrapolavam os limites da psicologia. 

3. O BEHAVIORISMO

3.1. CONCEITO


O behaviorismo é uma corrente e método da psicologia que afirma que o único objeto de estudo da psicologia é o comportamento observável, seja nos homens como nos animais, e que é susceptível de ser medido.4 O behaviorismo, e as ciências comportamentais como um todo, entendea pessoa como um ser que responde a estímulos do meio exterior, não levando em consideração o que ocorre dentro de sua mente durante o processo. Portanto, a aprendizagem é interpretada apenas como mudança de comportamento.5

No entender de John Watson (1878-1958), que cunhou o termo “Behaviorismo” em 1913, esse era o método apropriado para entrar na mente, entidade que há séculos escapa da investigação filosófica. Watson, juntamente com os behavioristas, dizia: “para os animais não tem como perguntar: ‘O que você está sentindo?’. É possível apenas estimulá-los e observar sua reação ao estímulo. Por que deveria ser diferente com seres humanos?”

3.2. SURGIMENTO


 Maria Amélia Matos afirma que

o Behaviorismo surgiu em oposição ao mentalismo e ao introspeccionismo. Em fins do século passado, a ciência de modo geral começou a colocar uma forte ênfase na obtenção de dados ditos objetivos, em medidas, em definições claras, emdemonstração e experimentação. Esta influência se fez sentir na Psicologia, no começo deste século, com a proposta behaviorista feita por Watson em 1924: “Por que não fazemos daquilo que podemos observar, o corpo de estudo da Psicologia?”7

As palavras de Watson sugeriam que a Psicologia deveria:

(a)   estudar o comportamento por si mesmo;

(b)   opor-se ao mentalismo;
(c)  aderir ao evolucionismo biológico;
(d)   adotar o determinismo materialístico;
(e)   usar procedimentos objetivos na coleta de dados, rejeitando a introspecção;
(f)   realizar experimentação;
(g)   realizar testes de hipótese de preferência com grupo controle;
(h)   observar consensualmente. 

Watson questionava o acesso ao que o homem sente, pois o método da psicanálise, por exemplo, tinha pouco a oferecer nesse sentido. Seu método é introspectivo, isto é, o indivíduo estuda a si mesmo. Logo, o resultado de seus estudos - o que o pesquisador “observa” - não pode ser compartilhado com outros. Isso se afasta do alvo de toda ciência: construir conhecimento público que não exija dotes especiais de observação.

O ponto então era: se a filosofia jamais deu conta de explicar como pensa o homem, por que não abandonar conceitos como “mente”, “estado mental”, (“alma”, se quiser) e voltar os olhos apenas para o comportamento? Um enfoque que dê caráter realmente científico ao estudo da mente deve tratá-la como se ela fosse uma “caixa preta”. Injetam-se estímulos e se recebem respostas. A equação entre essas duas variáveis é tudo o que uma psicologia realmente experimental pode pretender.

3.3. RAÍZES

De acordo com Hurding, as três raízes básicas que estimularam o surgimento do behaviorismo nos primeiros anos do século XX foram: (1) o funcionalismo, (2) o instrumentalismo e (3) o associacionismo, conceitos estes profundamente relacionados entre si.


3.3.1. O Funcionalismo


O Funcionalismo foi criado por William James. Nesta teoria, os processos mentais são encarados como funções.  Os funcionalistas tentavam encontrar respostas à pergunta: “Para que serve esse ou aquele fato que observamos? Qual é sua função?”. Darwin, funcionalista por excelência, afirmava que o comportamento humano volta-se para os objetivos, sendo que um dos principais é a adaptação às condições externas, o que garantiria maiores possibilidades de sobrevivência. Na opinião de Darwin, a psicologia deveria estudar o processo dessa adaptação humana. William James também encarava a vida humana como um longo processo de adaptação. Ele via todos os aspectos da vida interior de maneira pragmática. Defendeu a utilidade e o prazer como as causas do comportamento.

3.3.2. O Instrumentalismo


O instrumentalismo defendia o uso de hábitos, opiniões, padrões morais e instituições humanas como tijolos de sua filosofia. John Dewey, um de seus grandes representantes, argumentava que era possível usar unidades de organização como instrumentos (meios) de experimentação, para alcançar o avanço rumo a sistemas mais complexos e úteis. 

3.3.3. O Associacionismo


Filósofos como John Locke e David Hume, baseados em Aristóteles, diziam que nós aprendemos por associação.  Ou seja, nossa mente liga eventos que ocorrem em seqüência: nós os associamos. Se, depois de ver e cheirar o pão que acabou de ser assado, o comermos e acharmos gostoso, na próxima vez que virmos e cheirarmos um pão fresco, a experiência nos levará a esperar que comer um pedaço será também satisfatório. Se associarmos um som com algo assustador, o medo pode ser despertado apenas pelo som. 

Animais simples podem aprender associações simples, enquanto que animais complexos podem aprender associações complexas, mais ainda se gerarem conseqüênciasfavoráveis. Pode-se afirmar que os animais, nas diversas situações a que são submetidos, podem “ligar os fatos”, associando o passado ao futuro imediato: uma foca pode associar as batidas das nadadeiras e os gritos ao recebimento de uma sardinha. 


Pesquisas de Pavlov confirmaram a associação, que pode ocorrer por semelhança, contraste ou contigüidade. Assim, João poderá me fazer lembrar de Luís, por serem muito parecidos; de Jorge, por serem totalmente diferentes; ou de Paulo, simplesmente porque os vi juntos na semana anterior. Também se pode pensar no seguinte fato: se ajudar um idoso a atravessar a rua provoca nele um belo sorriso, a tendência é repetir o ato numa próxima oportunidade. Mas se ajudar esse idoso tem como recompensa um xingamento, a tendência é, numa situação análoga, deixar o idoso atravessar a rua sozinho.

4. ASPECTOS GERAIS DA TEORIA DE SKINNER

A teoria de Skinner se baseia principalmente na idéia de que o aprendizado consiste em mudança no comportamento manifesto. Em outras palavras,

As mudanças no comportamento são o resultado de uma resposta individual a eventos (estímulos) que ocorrem no meio. Uma resposta produz uma conseqüência, como definir uma palavra, bater em uma bola, solucionar um problema matemático. Quando um padrão particular Estímulo-Resposta (S-R) é reforçado (recompensado), o indivíduo é condicionado a reagir. A característica que distingue o condicionamento operante em relação às formas anteriores de behaviorismo (por exemplo: Thorndike) é que o organismo pode emitir respostas, em vez de só obter respostas devido a um estímulo externo. 

Como podemos perceber na citação acima, o reforço é o elemento-chave na teoria S-R de Skinner. Um reforçador é qualquer coisa que fortaleça a resposta desejada. Pode ser um elogio verbal, uma boa nota, ou um sentimento de realização ou satisfação crescente; isto é denominado de reforço positivo, o qual fortalece uma reação ao oferecer um estímulo depois de uma reação. . A teoria também fala de reforçadores negativos - qualquer estímulo que aumente a freqüência de uma resposta, ao ser retirado (diferente de estímulo desfavorável - punição - que resulta em respostas reduzidas). Contrário ao que se pensa, o reforço negativo não é punição, mas sim a remoção de um evento punitivo; enquanto o reforço aumenta um comportamento, a punição o diminui. Um reforço é qualquer conseqüência que fortaleça o comportamento.

Skinner fez muitos experimentos com animais para comprovar sua psicologia behaviorista. Em sua agora famosa “caixa de Skinner”– termo não endossado pelo próprio Skinner – ele estudou os hábitos de aprendizado de pombos e ratos. A partir desse estudo, ele observou duas formas básicas de comportamento: o respondente e o operante. No condicionamento respondente se observa que há estímulos por parte do meio; já no condicionamento operante,

o organismo associa seus comportamentos com as conseqüências. Os comportamentos seguidos por reforços aumentam; os que são seguidos por punição diminuem. Este princípio simples, mas poderoso, tem muitas aplicações, mas também várias qualificações importantes. 

Os reforçadores são designados como positivos e negativos. Os positivos dependem dos chamados estímulos reforçadores e os negativos ocorrem com o término de um estímulo aversivo. Um reforçador é um elogio verbal, uma boa nota, ou um sentimento de realização ou satisfação crescente. Um reforçador negativo é qualquer estímulo que resulta no aumento da freqüência de uma resposta, quando ele é retirado. Note-se que um reforçador negativo é diferente de um estímulo desfavorável. A punição é diferente do reforço negativo. Em termos conceituais, a punição se refere à aplicação de um desprazer após um determinado comportamento não pretendido por aquele que a aplica, enquanto que o reforço negativo se caracteriza pela retirada do desprazer após a ocorrência de um comportamento pretendido por aquele que o promove.Como exemplo de cada um desses elementos, podemos citar o seguinte:

Reforço positivo: o alimento é um reforço positivo para animais; para a maioria das pessoas, atenção, aprovação e dinheiro são reforços positivos. Reforços positivos dão alguma coisa negativa.

Reforço negativo: quando uma pessoa sonolenta aperta o botão que desliga o despertador, o silêncio do barulho irritante é também um reforço, mas negativo. Reforços negativos reduzem alguma coisa negativa.

Punição: o rato leva um choque depois de tocar no objeto proibido e a criança que perde a sobremesa depois de ir para a rua, aprenderão a não repetir o comportamento, devido ao castigo recebido.


4.1. EM QUE SENTIDO SKINNER ÉRADICAL”?


O behaviorismo de Skinner pode ser considerado “radical” especialmente pelas duas seguintes idéias: (a) Skinner não procurou na psique humana qualquer causa do comportamento; (b) Ele aplicou o mesmo tipo de análise para converter comportamentos ocorridos “dentro da pele” (sentimentos, pensamentos, etc.) do que o usado para analisar comportamentos publicamente observáveis.

De acordo com Maria Amélia Matos, Skinner

é radical em dois sentidos: por negar radicalmente (i.e., negar absolutamente) a existência de algo que escapa ao mundo físico, que não tenha uma existência identificável no espaço e no tempo (mente, consciência, cognição); e por radicalmente aceitar (i.e., aceitar integralmente) todos os fenômenos comportamentais.

4.2 FONTE DE DADOS


Skinner buscou inspiração para suas idéias em pesquisas de laboratório cuidadosamente controladas por ele e seus colegas. Usaram ratos e pombos como animais de experiência. Eles enfatizaram a coleta de dados quantitativos precisos.

Uma pergunta natural sobre as pesquisa de Skinner poderia ser: “Por que ele pesquisou animais e não seres humanos?”. A resposta é que a simplicidade do organismo inferior dos animais e o fato de poder controlar esses animais em laboratório fizeram e fazem deles a escolha freqüente para as pesquisas.
Todavia, a aplicação em grupos humanos das idéias de Skinner mostra a validade de suas pesquisas. Algumas das áreas que receberam aplicação das teorias de Skinner são: (1) o desempenho de alunos: instrução programada, máquinas de ensino, etc.; (2) o tratamento de crianças autistas, pessoas retardadas e psicóticas; (3) gerenciamento industrial; (4) terapia behaviorista para comportamentos problemáticos.

5. PRINCIPAIS TÓPICOS DA TEORIA DE SKINNER

No entender de Skinner, “o homem é uma máquina no sentido de que é um sistema complexo que se comporta segundo certas leis, mas a complexidade é extraordinária”.  Essa complexidade extraordinária é analisada de forma detalhada, surgindo assim conceitos bastante interessantes a respeito do comportamento humano. A seguir, e de forma bem resumida, são apresentadas as principais idéias defendidas por Skinner.


5.1. DETERMINISMO RADICAL


O comportamento é determinado pelos aspectos ambientais e genéticos. Neste sentido, Skinner desprezou claramente a idéia de atribuir ao comportamento explicações mentais, pois questões mentais apenas enganam e confundem, tirando a atenção das causas reais. Por si só, explicações mentais não mereciam nenhum crédito na psicologia.
Atribuindo demasiada importância às questões mentais, corre-se o risco de elementos como a culpa e a ansiedade (só para citar dois exemplos) se tornarem muito importantes e concretos, sendo usados para explicar o comportamento humano. Logo, seriam colocadas de lado as verdadeiras razões que originaram tal situação.

Skinner também dizia que a psicologia científica não deve considerar que o comportamento seja governado pela “escolha individual”. As escolhas são resultados dos fatores genético e ambiental, os quais influenciam no tipo de resposta que damos ou as decisões que fazemos. Expor-se a determinados eventos durante muito tempo é determinante na consolidação do comportamento e, conseqüentemente, nas escolhas individuais com as quais nos defrontamos a cada dia.

Portanto, Skinner valoriza os aspectos genético e ambiental (a história da pessoa) na formação do comportamento. Para ele, contudo, o ambiente é muito mais importante que o fator genético, e é a chave para melhorar o comportamento humano.

5.2. COMPORTAMENTO RESPONDENTE


A palavra “respondente” se refere a um tipo específico de comportamento que é trazido à tona por um tipo específico de estímulo. Indica uma resposta do tipo reflexivo, onde o estímulo precede o comportamento. Um exemplo pode esclarecer esse conceito: a colocação de comida na boca de um cão faz com que o animal salive (comportamento respondente). Se a comida for apresentada repetidamente juntamente com algum estímulo neutro original (pode ser um sino ou uma música), o cão salivará quando ouvir o sino ou música, mesmo antes de ver a comida. Ou seja, foi condicionado a emitir uma resposta específica.

Um outro exemplo, desta vez humano, pode esclarecer ainda mais a teoria de Skinner: um bebê de 11 meses, chamado Albert, foi condicionado a ter medo de um rato branco, ao lhe apresentarem um roedor, repetidamente, no mesmo momento em que faziam um barulho bem forte e assustador. Inicialmente, Albert não tinha medo do rato branco, mas pela combinação com o barulho, o rato veio trazer respostas de medo.

Mais dois exemplos: uma pessoa mordida por um cachorro pode passar a ter medo de todos os cachorros, assim como passar dor no consultório do dentista leva a pessoa a relacionar a dor com qualquer consultório.
Em síntese, o comportamento respondente pode ser condicionado mediante um estímulo. Dessa maneira, estímulos condicionados trazem respostas condicionadas. O quadro abaixo resume esta idéia:

1.
Comida
Salivação
2.
Comida e Sino
Salivação
3.
Sino
Salivação
5.3.  COMPORTAMENTO OPERANTE


É   o comportamento que opera no ambiente para produzir conseqüências. O termo operante se refere justamente a uma classe de respostas que produz certas conseqüências. Ações como piscar, fazer movimentos súbitos do joelho e salivar podem ser classificadas como comportamentos respondentes. Por sua vez, ler, escrever, tocar um instrumento musical, comer com faca e garfo e dirigir um carro podem ser compreendidos como comportamentos operantes. Portanto, comportamentos operantes constituem a maioria das respostas que nos definem e diferenciam como indivíduos. São esses comportamentos que explicam as diferentes personalidades.

Segundo Skinner, o fator mais importante do desenvolvimento do comportamento operante é o reforço. Se um comportamento é reforçado, ele é fortalecido, aumentando a probabilidade de ser repetido em circunstancias similares no futuro.
Como vimos anteriormente, existem dois tipos de reforço: positivo e negativo . Ambos fortalecem o comportamento pois aumentam a probabilidade de resposta. O reforço positivo envolve a adição de algo a uma situação quando uma resposta é dada. O reforço negativo envolve a remoção de algo de uma situação quando uma resposta é dada.

MOLDAGEM DO COMPORTAMENTO


Comportamentos operantes nunca surgem já maduros; eles são moldados em estágios

sucessivos. Moldar significa possibilitar respostas cada vez mais próximas à resposta desejada. Em outras palavras, o comportamento desejado é dividido em pequenas etapas que tenham complexidade cada vez maior, sempre do simples ao muito complexo. Dessa maneira, o aluno não se perde, pois ao ter reforço positivo sobre uma parte do comportamento, está apto a seguir em sua caminhada 


5.5. AUTOCONTROLE E CRIATIVIDADE



Dentro do esquema de Skinner, onde fica a individualidade? Temos controle sobre nosso próprio comportamento? Ou somos apenas vítimas das mudanças do ambiente? A individualidade fica por conta do autocontrole, mediante o qual cada pessoa age de maneira diferenciada, segundo a situação que vivencia. Ele pode, criativamente, controlar seu comportamento pelo menos das seguintes maneiras em situações específicas:

(a)   Manter as mãos no bolso para evitar comer as unhas.

(b)   Sair de perto de alguém que estimule a perda da paciência. Isso implica remover a situação em que determinado comportamento fatalmente ocorrerá.
(c)  Remover a tentação: jogar fora os cigarros para não fumar.
(d)    Substituir o comportamento passível de punição por outro onde a punição seja inexistente.

6.  O LEGADO DE SKINNER

6.1. AS INOVAÇÕES QUE SKINNER TROUXE AO BEHAVIORISMO


O behaviorismo, conforme defendido por Watson, era caracterizado por afirmações extremas. Ele disse, por exemplo, que seria capaz de tomar um bebê saudável e torná-lo o que quisesse: médico, advogado, vagabundo ou ladrão; bastava fornecer-lhe o ambiente apropriado. Já Skinner pensava um pouco diferente. Estas foram algumas inovações do pensamento de Skinner em relação ao behaviorismo:

(a)    Skinner reconheceu a importância da herança genética para determinar aspectos do comportamento;
(b)      Aceitou   e   considerou   assuntos   como   o   autoconhecimento,   autocontrole   e
criatividade,
embora
com
conceitos
diferentes
do
tradicional;





O behaviorismo metodológico de Watson não negou a existência da mente, mas negou-lhe status científico ao afirmar que não podemos estudá-la pela sua inacessibilidade. Em contrapartida, o behaviorismo radical de Skinner negou a existência da mente e assemelhados, mas aceitou estudar eventos internos. Contrário aos pensamentos de Watson e seus seguidores, o behaviorismo radical moderno considera importante os sentimentos, pensamentos e outros eventos internos, embora não como causadores de comportamento. 

Ainda assim, na teoria de Skinner, o autocontrole depende de variáveis no ambiente e na história de reforços do individuo, e não da responsabilidade pessoal.

Nas palavras de Myers, Skinner

Remexeu num ninho de vespas ao insistir muitas vezes que são as influências externas, e não os pensamentos e sentimentos internos, que moldam o comportamento; e também por apregoar o uso dos princípios operantes para influenciar o comportamento das pessoas na escola, no trabalho e em casa. Para ajudar ou dirigir as pessoas de maneira eficaz, disse Skinner, devemos nos preocupar menos com suas ilusões de liberdade e dignidade. Reconhecendo que o comportamento é moldado por suas conseqüências, devemos administrar as recompensas de maneira que promovam um comportamento mais desejável. 

Skinner foi acusado de desumanizar as pessoas, negligenciando sua liberdade pessoal e controlando suas ações. Para essa crítica, a resposta de Skinner foi: as conseqüências externas controlam o comportamento das pessoas; então, pensava ele, por que não administrar essas conseqüências com o intuito de melhorar o ser humano? Não seria mais saudável aplicar reforços positivos, em vez de punir as pessoas, seja em casa, na escola e até nas prisões? Afinal, se nossas histórias nos moldam, é claro que elas também nos transmitem a esperança de que podemos moldar nosso futuro.

6.2. APLICAÇÕES PRÁTICAS DO CONDICIONAMENTO OPERANTE

6.2.1. Na escola

Segundo Skinner, o uso de máquinas de ensinar e livros escolares poderiam moldar a aprendizagem em pequenos passos, oferecendo um reforço imediato para as respostas corretas. Dessa maneira, com tempo sobrando pelo uso desses materiais, o professor poderia se concentrar nas necessidades específicas dos estudantes.  Para tanto, os alunos deveriam ser informados no mesmo instante a respeito de seu acerto ou erro; havendo acertado, deveriam saber qual o próximo passo. O segredo aqui reside em reforçar os pequenos sucessos, e ir aumentando aos poucos os desafios.

6.2.2. No trabalho

Se a produtividade dos trabalhadores gera recompensas para todos, a tendência é aumentar a moral e espírito de equipe. Assim sendo, a produtividade aumenta novamente, numa reação em cadeia: produtividade gera mais motivação, que gera mais produtividade, etc. Para tanto, deveriam ser recompensados alvos e comportamentos específicos.

6.2.3. Em casa

No aspecto familiar, eis algumas contribuições do pensamento de Skinner:

(a)   Dar atenção e outros reforços às crianças quando estiverem se comportando bem. Determinar um comportamento específico, recompensá-lo e observar seu crescimento.

(b)   Ignorar as manhas. Ao longo do tempo, quando ignoradas, as manhas vão diminuir.
(c)    Diante de um comportamento ruim das crianças, não gritar nem bater. Apenas explicar o mau comportamento e afastá-la do ambiente de reforço por um prazo específico (o famoso “vai ficar de castigo”).

6.2.4. Pessoalmente

O uso pessoal do condicionamento operante pode reforçar bons comportamentos e extinguir comportamentos indesejados. Isso pode ser feito da seguinte maneira: 

(a)   Estabeleça seu objetivo e torne pública sua intenção.

(b)   Registre a freqüência com que você se empenha no alcance de seu objetivo. Anote seus progressos.

(c)   Reforce sistematicamente o comportamento desejado. Controle-se. Aceite desfrutar de momentos ou coisas desejáveis só depois de cumprir com seus objetivos diários ou semanais.
(d)    Reduza os incentivos à medida que seus novos comportamentos desejáveis se tornem mais habituais.

7.  IMPLICAÇÕES PARA A PRÁXIS PASTORAL

Neste capítulo, algumas das principais idéias de Skinner serão confrontadas com idéias da ética e teologia cristãs, com a finalidade de provocar reflexões a respeito das implicações do pensamento skinneriano para a práxis pastoral.

7.1. CONCEPÇÃO ANTROPOLÓGICA


A concepção de homem do behaviorismo radical de Skinner propõe um homem total, inteiro. O homem skinneriano é descrito como produto de suas variáveis genéticas e do seu meio ambiente, e não como um corpo orientado por um agente interno autônomo. Assim, o quadro que emerge a partir de uma análise científica é a de um corpo que é uma pessoa, no sentido de que dispõe de um repertório complexo de comportamentos.

O homem é, então, fruto de uma história de sua espécie, de sua herança genética e da exposição às contingências ambientais; é uma pessoa que age sobre o mundo, podendo modificá-lo e ao mesmo tempo o mundo age sobre ele, podendo modificá-lo. Desta forma, o homem passa a ser o que ele fez de si mesmo. Porém, ao contrário do que possa parecer, o homem não é simplesmente um ser passivo, ele é produtor, ator e diretor da história de sua vida. Conseqüentemente, o ser humano é responsável.
none � ta�xznone'>Nas palavras de Myers, Skinner

Remexeu num ninho de vespas ao insistir muitas vezes que são as influências externas, e não os pensamentos e sentimentos internos, que moldam o comportamento; e também por apregoar o uso dos princípios operantes para influenciar o comportamento das pessoas na escola, no trabalho e em casa. Para ajudar ou dirigir as pessoas de maneira eficaz, disse Skinner, devemos nos preocupar menos com suas ilusões de liberdade e dignidade. Reconhecendo que o comportamento é moldado por suas conseqüências, devemos administrar as recompensas de maneira que promovam um comportamento mais desejável. 

Skinner foi acusado de desumanizar as pessoas, negligenciando sua liberdade pessoal e controlando suas ações. Para essa crítica, a resposta de Skinner foi: as conseqüências externas controlam o comportamento das pessoas; então, pensava ele, por que não administrar essas conseqüências com o intuito de melhorar o ser humano? Não seria mais saudável aplicar reforços positivos, em vez de punir as pessoas, seja em casa, na escola e até nas prisões? Afinal, se nossas histórias nos moldam, é claro que elas também nos transmitem a esperança de que podemos moldar nosso futuro.

 Numa comparação dessa concepção antropológica de Skinner com um enfoque antropológico-filosófico, amparado na ética e teologia cristãs, pode-se concluir que há estreita semelhança. Como afirma Konzen,

A responsabilidade se liga às faculdades que constituem a supra-estrutura pessoal do ser humano, isto é, sua dimensão espiritual: a inteligência e a vontade. Nisso consiste a originalidade específica do ser humano e sua dignidade única.

A capacidade de conhecimento e a vontade livre para se decidir, embora sejam faculdades distintas, estão intrinsecamente relacionadas e vinculadas uma à outra, e constituem uma unidade como dimensão espiritual e estrutura pessoal do ser humano, pois a inteligência sem liberdade não teria sentido nem valor; e a liberdade sem inteligência é impossível. 

Para Dietrich Bonhoeffer, responsabilidade e liberdade são conceitos que se complementam. Ele diz que “responsabilidade pressupõe substancialmente – não cronologicamente – liberdade, e a liberdade só pode subsistir na responsabilidade. Responsabilidade é a liberdade humana dada exclusivamente no comprometimento com Deus e o próximo”.  Assim sendo, o ser humano é livre na direta proporção do exercício de uma vida responsável.

Além do mais, o conceito antropológico de Skinner está em consonância com o conceito antropológico da literatura bíblica. O salmo 51:5, por exemplo, estabelece uma explicação genética à herança de pecado da humanidade: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. A mesma idéia é corroborada no escrito neotestamentário de Romanos 3:23: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”.

O raciocínio dos escritores bíblicos é claro: Se todos pecaram, embora não estando todos em corpo presente na tragédia do Gênesis 3, é porque a humanidade herdou as conseqüências do pecado de Adão e Eva, assim como herdou de Cristo a salvação (Rm 5:12). Então, o fator hereditariedade tem sua parcela de responsabilidade em estabelecer quem é o ser humano.

Por outro lado, nós também somos frutos do meio onde vivemos. Deus disse a Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei” (Gn 12:1). Esta ordem implicava, entre outras coisas, mudança de ambiente, para melhor, a fim de estabelecer um povo mais próximo do ideal divino para Sua nação. Deus sabia que o ambiente de Ur, com seus deuses pagãos e cultos idólatras, seria um empecilho para completar Seu plano. Começar uma nova nação num ambiente diferenciado seria um grande início.

7.2. PROCESSOS CONSCIENTES


Skinner argumentava que muito do que aprendemos é transmitido verbalmente para nós pelos nossos pais, professores, supervisores de trabalho, colegas, amigos, etc., baseados na experiência deles. Ou seja, uma parte importante do nosso comportamento de pensar é controlada por regras (instruções, provérbios, conselhos, sugestões, leis, avisos, etc.), as quais são comunicadas de forma oral ou escrita. 

Neste sentido, Konzen afirma que

Não basta uma ciência objetiva dos valores morais. É necessário também a assimilação ou captação subjetiva destes e sua formulação como norma moral, para orientar o comportamento e promover a moralização da vida humana. 

A assimilação dos valores morais é possível pela contemplação de modelos ou pelo conhecimento através das regras escritas. Para tanto, é necessário haver discernimento a fim de qualificar o aprendido como útil ou não. E esse discernimento “acontece na vida particular de cada pessoa e também nas decisões comunitárias de grupos que planejam uma ação coletiva”. 

Considerando “que todos os seres humanos são pessoas no sentido de agentes morais racionais”, é justamente desse ser humano moral que emanam leis, conselhos, normas e regras, com a finalidade de “fazer o que é bom e contribuindo, assim, para a construção da lei moral universal”.

 Portanto, a transmissão (ou até confecção) das regras é um processo consciente e intencional, no qual todos têm uma parcela de responsabilidade, visando o bem comum e a estabilidade do espaço em que se vive.

Será que a literatura bíblica tem algo a dizer a este respeito? Sim. O ensino dos valores cristãos e da religião também é processado de maneira verbal ou escrita. Deuteronômio 6:6-9 diz:

“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falará assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”.

Dessa maneira, os escritos veterotestamentários colocam a transmissão de valores num patamar consciente e também intencional, onde existe a participação pessoal e da comunidade.

7.3. COMPORTAMENTO GOVERNADO POR REGRAS


Skinner destaca o fato de que o comportamento é afetado por conselhos, avisos, sugestões, instruções, leis, etc. Essas regras são as contingências de reforço. A este respeito, Dietrich Bonhoeffer nos lembra que

Não pode haver ação responsável que não leve em conta, com a maior seriedade, os limites postos pela própria lei de Deus, porém a ação responsável jamais há de separar esta lei do seu legislador. 

Na literatura bíblica, regras claramente expressas são importantes para a vivência de um cristianismo autêntico, pois o amor é manifestado no cumprimento das regras (Jo 14:15).

7.4. DETERMINISMO X LIVRE-ARBÍTRIO


Skinner era determinista. Em sua teoria não havia nenhum espaço para o livre-arbítrio, pois afirmar que os seres humanos são capazes de livre escolha seria negar sua suposição básica de que o comportamento é controlado pelo ambiente e os genes

A ética e teologia cristãs têm sérias ressalvas a esses pensamentos de Skinner. Konzen argumenta, por exemplo, que o conhecimento racional só tem sentido e valor num contexto de liberdade de opção, sob pena de só produzir angústia. 

Já para Emmanuel Kant,

O mundo físico, o do conhecimento cientifico, é rigorosamente determinado, segundo rígidas leis de causa e efeito. A própria vida humana não escapa a essas leis. A única exceção é a esfera da moralidade humana onde Kant admite a possibilidade do livre arbítrio. Essa esfera, porém, não é do domínio da razão pura, mas da “razão prática”, e como tal tem suas próprias regras... Apesar de se encontrar num universo rigorosamente determinado, a vontade humana é livre para querer o que é bom. Essa autonomia da vontade é o fundamento de uma moral baseada na razão prática.

Dentro da literatura bíblica, o livre-arbítrio é elemento fundamental para a tomada de decisões humanas:

(a)   Adão e Eva foram livres para escolher obedecer ou não as ordens do Senhor (Gn 2:16);
(b)     Josué lembra ao povo a respeito da possibilidade de escolha, entre o Deus verdadeiro e os falsos deuses (Js 24:15);

(c)   A figura apocalíptica mostra um Deus que aguarda a decisão da pessoa de abrir-lhe o coração (Ap 3:20).

8.  CONCLUSÃO

Influenciado pelas idéias de John Watson sobre o behaviorismo, pelos trabalhos de Pavlov sobre o comportamento condicionado e pelas pesquisas de Thorndike sobre o
soa, �b et�7y�e dispõe de um repertório complexo de comportamentos.

O homem é, então, fruto de uma história de sua espécie, de sua herança genética e da exposição às contingências ambientais; é uma pessoa que age sobre o mundo, podendo modificá-lo e ao mesmo tempo o mundo age sobre ele, podendo modificá-lo. Desta forma, o homem passa a ser o que ele fez de si mesmo. Porém, ao contrário do que possa parecer, o homem não é simplesmente um ser passivo, ele é produtor, ator e diretor da história de sua vida. Conseqüentemente, o ser humano é responsável.
none � ta�xznone'>Nas palavras de Myers, Skinner

Remexeu num ninho de vespas ao insistir muitas vezes que são as influências externas, e não os pensamentos e sentimentos internos, que moldam o comportamento; e também por apregoar o uso dos princípios operantes para influenciar o comportamento das pessoas na escola, no trabalho e em casa. Para ajudar ou dirigir as pessoas de maneira eficaz, disse Skinner, devemos nos preocupar menos com suas ilusões de liberdade e dignidade. Reconhecendo que o comportamento é moldado por suas conseqüências, devemos administrar as recompensas de maneira que promovam um comportamento mais desejável. 

Skinner foi acusado de desumanizar as pessoas, negligenciando sua liberdade pessoal e controlando suas ações. Para essa crítica, a resposta de Skinner foi: as conseqüências externas controlam o comportamento das pessoas; então, pensava ele, por que não administrar essas conseqüências com o intuito de melhorar o ser humano? Não seria mais saudável aplicar reforços positivos, em vez de punir as pessoas, seja em casa, na escola e até nas prisões? Afinal, se nossas histórias nos moldam, é claro que elas também nos transmitem a esperança de que podemos moldar nosso futuro.

comportamento de animais como resultado de processos não cognitivos, Skinner desenvolveu uma nova corrente behaviorista, passando a analisar cientificamente o comportamento.

Skinner acreditava que o comportamento humano é grandemente influenciado pelo ambiente. Na verdade, é uma reação ao ambiente. Seu estudo, então, consistiu no estudo dessas respostas como a maneira mais eficaz e segura de conhecer a pessoa.
Um elemento fundamental para o desenvolvimento do comportamento é o reforço: que pode ser positivo (o qual fortalece a resposta desejada; pode ser um elogio verbal, uma boa nota, ou um sentimento de realização ou satisfação crescente); ou negativo (qualquer estímulo que aumente a freqüência de uma resposta, ao ser retirado), é a remoção de um evento punitivo.

Apesar de ser considerado um teórico da aprendizagem, Skinner também se dedicou ao estudo de amplos problemas culturais e à aplicação de suas descobertas no âmbito social. Um aspecto importante que deve ser considerado ainda é a implicação das idéias de Skinner para a Práxis Religiosa. Sobre a práxis, Floristán afirma que ela se caracteriza por quatro aspectos fundamentais:

En primer lugar, la praxis es acción creadora, no meramente reiterativa (...) La praxis creadora es innovadora frente a nuevas realidades o nuevas situaciones. El hombre ha de crear o inventar; no le basta repetir o imitar lo resuelto.

En segundo lugar, la praxis es acción reflexiva, no exclusivamente espontánea. La praxis creadora exige una elevada actividad de conciencia crítica (...) Por eso, la transformación de muchos aspectos no podrá ser a veces ni todo lo rápido, ni todo lo radical que uno quisiera.

En tercer lugar la praxis es acción liberadora y de ningún modo alienante (...) El fin de toda actividad práctica o de toda praxis es la transformación real del mundo natural o social, cuya realidad debe ser una nueva realidad más humana y más libre.


En cuarto lugar, la praxis es acción radical y no meramente reformista. La praxis intenta transformar la organización y dirección de la sociedad, cambiando las relaciones económicas, políticas y sociales.


Então, que tipo de práxis se origina a partir das idéias de Skinner?

(a)   Uma práxis por vezes criadora, especialmente considerando o fato de que Skinner acredita num ser humano amadurecido tanto pelo ambiente como pela genética. Nem tudo está perdido, pois a pessoa humana ainda pode exercer mudanças responsáveis.

(b)   Uma práxis por vezes reflexiva, como quando nos leva a pensar no seguinte: somos de fato livres ou vivemos a mercê de uma existência determinista?
(c)   Uma práxis por vezes alienante, especialmente quando elimina toda possibilidade de livre-arbítrio.

(d)   Uma práxis radical, a ponto de considerar o homem uma máquina, desconsiderando emoções e sentimentos.

Creio que é muito útil um olhar pastoral às idéias de Skinner, pois isso possibilita uma melhor compreensão do comportamento humano, assim como permite o planejamento de estratégias adequadas para favorecer o aprendizado, seja no campo da religião ou no campo da aquisição e internalização de valores.


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