sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Alucinações e Arte ! – Pablo Amaringo


Artista citado na aula de Psicopatologia – UFGD (efeito de alucinógenos)

Pablo Amaringo, nascido no Peru 1943- 2009, curandeiro, artista, pintor e professor. Aos 10 anos de idade foi apresentado a um líquido cor de tijolo, de sabor acre e desagradável, uma bebida feita com cipós e folhas da Amazônia denominado ayahuasca. Acabou se tornando xamã, e dentro dos transes causados pela bebida, não apenas canções lhe ocorriam em meio aos trabalhos como xamã, mas, alucinações e visões do mundo e universo que ele nem poderia imaginar - todo um mundo novo - O visual psicodélico sugerido pela AYAHUASCA influenciaria para sempre o seu modo de pintar. Abriu-se então um leque infinito de possibilidades a partir de suas experiências subjetivas, e esse procurou traduzir isso em telas e pinturas.














Pablo Amaringo

A palavra Ayahuasca é de origem indígena. Aya quer dizer “pessoa morta, alma espírito” e waska significa “corda, liana, cipó ou vinho”. Assim a tradução, para o português, seria algo como “corda dos mortos” ou “vinho dos mortos”. No Peru, encontrou-se o seguinte significado: “soga de los muertos”, (Labate e Araújo, 2002).

O chá da Ayahuasca consiste da infusão do cipó Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psycotria viridis. O uso – inicialmente restrito aos povos indígenas – passou a ser incorporado pelas civilizações e vilarejos da Amazônia Ocidental, surgindo o vegetalismo (medicina popular de civilizações rurais do Peru e da Colômbia, que mantém elementos antigos sobre plantas, absorvidos das tribos indígenas e influências do esoterismo europeu dos colonizadores) (Labate e Araújo, 2002).

No início do século XX, o uso de substâncias psicotrópicas na sociedade ocidental era quase inexistente – com exceção do álcool (Labigaline, 1998) – e embora a tradição da bebida seja comum a diversas tribos de grande parte da América do Sul (Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Equador), somente no Brasil desenvolveram-se religiões não-indígenas que utilizam a Ayahuasca. Estas religiões reelaboraram as tradições antigas com influências do cristianismo, espiritismo kardecista e religião afro-brasileira (Labate e Araújo, 2002).

A liberação da Ayahuasca para uso em rituais religiosos no Brasil representou a liberdade de culto e um aumento significativo dos adeptos do chá.

Do ponto de vista toxicológico, o uso do chá pode trazer efeitos nocivos ao organismo como: desidratação, por conta das náuseas, vômito e diarréia comumente relatadas, e a síndrome serotoninérgica, sendo que a última é a conseqüência mais grave desta utilização (Callaway et al., 1999; Callaway et al., 1994; Sternbach, 1991).



Psycotria viridis

cipó "sagrado"

Pablo pintando!


Quantos rostos você pode ver nesse quadro?


Farmacologia


farmacologicamente trata-se de uma mistura complexa, utilizada com propósitos xamânicos, etnomédicos e religiosos. Etno-biólogos occidentais já registraram uma variedade de 200-300 plantas diferentes utilizadas no seu preparo. É uma questão aberta se a Ayahuasca deve ser considerada como uma infusão medicinal xamânica, ou que deve ser considerada como uma medicina tradicional ao lado, por exemplo, à medicina ayurvedica ou tibetana.

Efeitos
1 Burracheira: “É o nome dado ao efeito da Ayahuasca no espírito humano, e significa ‘força estranha’. Revela a dimensão espiritual e a existência do Sagrado. Durante o tempo que esta força se manifesta, o discípulo experimenta grande clareza e discernimento e recebe ensinamentos sobre a própria existência. A burracheira nem sempre é uma experiência fácil, embora seja sempre benéfica e purificadora” (http://www.uniaodovegetal.org.br/udv/index.html).
Segundo algumas correntes de defensores do seu uso religioso e ritualístico, a Ayahuasca não é um alucinógeno. Seus defensores preferem utilizar o termo enteógeno (gr. en- = dentro/interno, -theo- = deus/divindade, -genos = gerador), ou "gerador da divindade interna" uma vez que seu uso se dá em contextos ritualísticos específicos. Para seus críticos, contudo, a opção sócio-cultural do usuário ou a tolerância religiosa de alguns países ao seu princípio ativo, o DMT, não altera sua classificação, uma vez que o objetivo continua sendo o de induzir visões pessoais e estados alterados por meio da ingestão de uma substância.
Segundo os relatos dos usuários, a Ayahuasca produz uma ampliação da percepção que faz com que se veja nitidamente a imaginação e acesse níveis psíquicos subconscientes e outras percepções da realidade, estando sempre consciente do que acontece — as chamadas mirações. Os adeptos consideram esse estado como supramental "desalucinado" e de "hiperlucidez" ou êxtase.
Num contexto religioso, tais fenômenos são atribuídos à clarividência, projeção da consciência, acesso a registros etéricos (arquivos akáshicos) ou contatos espirituais. Noutras experiências, dependendo da formulação de cada grupo e tolerância particular, o estado alterado se dá pelas visões interiores próximas de um estado meditativo, em que o usuário consegue distinguir tais visões ou "mirações" pessoais da "realidade exterior".
Cientificamente, a propriedade psicoativa da ayahuasca se deve à presença, nas folhas da chacrona, de uma substância alucinogéna denominada N,N-dimetiltriptamina (DMT), produzido naturalmente (em doses menores) no organismo humano, Rick Strassman especulou que a Glândula pineal seja o seu produtor no corpo humano, contudo, não existem estudos clínicos que o comprovem de fato . O DMT é metabolizado pelo organismo por meio da enzima monoamina oxidase (MAO), e não tem efeitos psicoativos quando administrado por via oral. No entanto, o caapi possui alcalóides capazes de inibir os efeitos da MAO: harmina,tetraidroarmina e harmalina, principalmente. Desse modo, o DMT fica ativo quando administrado por via oral e tem sua ação prolongada.
A Ayahuasca provoca alteração da consciência sem causar danos físicos. Muitos consumidores atribuem à substância propriedades curativas, como reativar órgãos danificados e melhoras em quadros de dependência química, por exemplo. De fato, não há dependência física conhecida, ainda que a necessidade intrínseca do uso da planta em todos os ritos para se atingir estados alterados seja visto por alguns como manifestação de uma dependência psíquica bastante estimulada pelo contexto religioso e social. Existe também um estudo, realizado com desenho duplo-cego controlado com placebo, que demonstrou que a ayahuasca, administrada de forma aguda para consumidores com larga experiência com a bebida, reduz sinais relacionados ao pânico, diminui a desesperança e não altera os sinais relacionados com a ansiedade.
A discussão sobre os efeitos psicoativos causados aos usuários da bebida foi responsável por uma longa avaliação, de mais de 20 anos, nos órgãos públicos responsáveis pela liberação do consumo para práticas rituais. O Grupo Multidisciplinar de Trabalho que regulamentou o uso religioso da Ayahuasca foi instituído em novembro de 2004, mas bem antes disto, o tema já tinha sido alvo de outros estudos oficiais. A resolução autorizando o consumo da bebida em rituais religiosos e vedando sua utilização com fins comerciais, turísticos e terapêuticos foi publicada no Diário Oficial da União em 26 de janeiro de 2010.
Os 10 princípios para utilização da ayahuasca, bem como a íntegra do relatório final do grupo multidisciplinar de trabalho – GMT – Ayahuasca você pode conferir no seguinte endereço:
Outras opiniões
O chá contém dois alcalóides potentes: a harmalina, no cipó, e a dimetiltriptamina (DMT), que vem da chacrona. O DMT é uma substância controlada e foi proscrita para uso humano pelo Escritório Internacional de Controle de Narcóticos, órgão da ONU encarregado de estudar substâncias químicas e aconselhar os países membros quanto à sua regulamentação. O governo dos EUA afirma que seu uso é perigoso mesmo sob supervisão médica, e seu uso é proibido em países que possuem legislação anti-drogas, mas recentemente os EUA liberaram o uso APENAS para uma pequena seita brasileira em território americano, enquanto no Brasil ele é liberado para uso religioso. Advogados da União do Vegetal (UDV) dizem que especialistas atestaram que o chá é inofensivo, mas o CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) em seu parecer não fala nada sobre ser inofensivo, e libera apenas seu uso terapêutico, em caráter experimental, e que o "controle administrativo e social do uso religioso da ayahuasca somente poderá se estruturar, adequadamente, com o concurso do saber detido pelos grupos de usuários". Lembrando que o LSD também já foi permitido legalmente, e que no Canadá a maconha é liberada para uso terapêutico também... o problema não são as drogas, mas o uso que se faz delas...
No site do IPPB, vemos no artigo do Dr. Luiz Otávio Zahar que explica que "a DMT (dimetiltriptamina) é naturalmente excretada pela glândula pineal, e que desempenha um papel no processo de sonhar e possivelmente nas experiências próximas à morte e em outros estados místicos. A mistura das duas plantas potencializa a ação das substâncias ativas, pois o DMT é oxidado pela enzima Monoaminoxidase (MAO), a qual está inibida pela harmina, acarretando um aumento nos níveis de serotonina, o que causa impulsão motora para o sistema límbico no sentido de aumentar a sensação de bem-estar do indivíduo, criando condições de felicidade, contentamento, bom apetite, impulso sexual, equilíbrio psicomotor e alucinações."













































Quando Pablo parou de praticar o xamanismo, declarou:

 "A ayahuasca não é algo a ser tomada de ânimo leve Ela pode não matar, porque é em si mesma não é tóxica,
mas porque o corpo não pode ser forte o suficiente para receber tanto conhecimento e sabedoria.". Depois disso, ele descobriu uma missão que durou o resto de sua vida: comunicar os ensinamentos do mundo espiritual, pintando suas visões. 



(visita a Pablo)






Vida Modesta!































Postado por : Hilton Caio Vieira