terça-feira, 13 de setembro de 2011

O COGNITIVO SEGUNDO SKINNER #4



Um exemplo dessa diferea pode ser encontrado na análise que Skinner (1970a) faz da identificação de padrões de estímulo como o 'triângulo', ou como a 'amizade' e 'agressividade'. No segundo caso, ela seria muito mais dependente da cultura.
Tendo em mente estas considerações gerais, vejamos então os

possíveis  papéis  atribuídos  ao  social  por  Skinner.  Isto  é,  a  sua contribuição mais específica para a constituição do sujeito.






De uma maneira mais geral, Skinner (1961d, 1978a) considera que as forças mais importantes de controle do comportamento humano eso no meio social. É o desenvolvimento de uma cultura que distingue a escie humana. De acordo com Skinner (1971),


"sem um ambiente social, uma pessoa permanece uma fera... um home desde o nascimento não te comportamento verbal, não te consciência de si mesmo como uma pessoa, não possuirá técnicas de auto-controle, e com relação ao mundo à sua volta só terá aquelas poucas habilidades que podem ser adquiridas no curto espaço de uma vida, a partir de contingências não-sociais" (p.122).


O  auto-conhecimento  é  considerado  de  origem  social  por Skinner (1974) não apenas por ser possível através do comportamento verbal mas também porque o mundo privado de uma pessoa se torna importante para ela por ser importante para os outros.
Com  relação  à  aquisição  de  habilidades  características  do

homem, para Skinner, sua origem também é social. Ele considera que  muitos  reforçamentonaturais  são  demorados  demais  para serem eficazes. Assim, por exemplo, nem o plantio nem o comportamentdo  estudante  devem  ser  explicados  pelo reforçamento natural mas pelos reforçadores condicionados criados pela cultura. No caso específico da educação, Skinner (1972c) diz que mesmo as contingências naturais que podem em última instância fortalecer o comportamento do estudante precisam quase sempre ser arranjadas. Um exemplo disto são as regras vistas na parte anterior.






A seguir será analisada a sua posição quanto a queso da aprendizagem versus desenvolvimento.


PAPEL DA  APRENDIZAGEM/DESENVOLVIMENTO

A teoria de Skinner costuma ser enquadrada como uma teoria da aprendizagem, o que de saída a opõe à idéia de desenvolvimento. Mas na verdade sua posição também é contrária à noção de aprendizagem se concebida como aquisição.
Skinner   (1972d)    rejeita   por   um   lado   a   metáfora   do

desenvolvimento por considerar que ela o leva em conta as influências do meio ambiente, e por outro a metáfora da aquisição utilizada por teorias da aprendizagem que recorrem a noções como associações, conceitos, hipóteses que seriam adquiridos através da aprendizagem pelo indivíduo. Para ele, nenhuma das duas posições retrata o verdadeiro intercâmbio entre o organismo e o meio. Enquanto a  primeira  se  atém  à  estruturou  forma  do comportamento, i.e., à resposta, a segunda acrescenta o ambiente ou estímulo. Mas para Skinner isto ainda é insuficiente para dar conta das modificações observadas no comportamento. Além do estímulo antecedente   e   d resposta,   é   preciso   levar   e cont as conseências do comportamento, considerando estas relações como uma contingência de 3 termos, ou seja, as suas contingências de reforçamento .
Mas vejamos primeiro sua posição com relação ao desenvolvimento para depois abordar a queso da aprendizagem.
Apesar de sua posição ser contrária à idéia de desenvolvimento, de  uma  certa  maneiraSkinner  (1969d,  1970a)  parece  aceitar alguma  forma  d desenvolvimento  no  sentido  d 'exigências biológicas na  produção de  uorganismo maduro' e  também de






'esquema de desenvolvimento' quando diz que muitas vezes uma forma de eliminar um comportamento é deixar o tempo passar.
No entanto, esta aceitação o envolve nenhum comprometimento quanto ao desenvolvimento do comportamento. Como foi visto na parte referente a fatores inatos, para Skinner, nenhum comportamento é  herdado enquanto tal;  de  uma  forma pronta e acabada. Na verdade, para Skinner (1974, 1978c) o que se desenvolve não é uma posse mental ou a personalidade, mas é o seu ambiente que se modifica. Isto é, são as contingências de reforçamento que mudam à medida que a criança vai se tornando mais velha; são as pessoas que passam a tratá-la de maneira diferente. Ele diz:


"Mas se a criança não se comporta como se comportava há um ano, não é apenas porque ela cresceu mas porque ela teve tempo de adquirir um repertório muito maior através da exposição a novas contingências de reforçamento, e particularmente porque as contingências que afetam as crianças em idades diferentes o diferentes. O mundo de uma criança também 'se desenvolve"' (1974, p.75).


É desta maneira que deve ser encarado, por exemplo, o desenvolvimento da identidade sexual, do vocabulário ou das formas gramaticais, e de diferentes noções como tamanho, forma, posição, duração, número que o aspectos do ambiente, e o inatos (Skinner, 1971, 1974, 1978c).
Ao   analisar   a   queso   da   seência   de   estágios   de

desenvolvimento, Skinner (1971) considera por um lado que em um






ambiente padrão, a criança pode adquirir conceitos em uma ordem uniforme mas determinada pelas contingências e o por qualquer fator interno. Por outro lado, ele também considera que um estágio pode  construir  as  condições  responsáveipelo  seguinte,  o  que também explicaria a uniformidade.
Mas as duas principais cticas técnicas de Skinner à noção de

desenvolvimento são as seguintes. A primeira se refere ao fato de procurar dar conta de uma variável dependente, i.e., do comportamento, sem relacioná-la a quaisquer variáveis independentes, ou sugerindo que o tempo seja uma (Skinner, 1971). A segunda crítica é uma objeção à teleologia embutida na noção desenvolvimento,  i.e.,  encarar  mudanças  comportamentais  como uma perseguição de um fim. Segundo Skinner:


"O comportamento é seguido pelo reforçamento; ele não o persegue ou ultrapassa. Explicamos o desenvolvimento de uma espécie e o comportamento de um membro da espécie apontando para a ação seletiva das contingências de sobrevivência e contingências de reforçamento. Tanto a espécie quanto       o    comportamento    do    indivíduo    se desenvolvequando  o  modelados  e  mantidos pelos seus efeitos sobre o mundo à sua volta. Este é o único papel do futuro" (1971, p. 140-141)


Com relação à aprendizagem, Skinner (1961c) a define como uma mudaa na probabilidade da resposta, sendo necessário especificar as condições sob as quais ela ocorre, o que significa inventariar  algumas  das  variáveis  independentes  das  quais  esta






probabilidade  é  função.  Ele  não  considera  que  'aprendizagem'  e

'condicionamento operante' sejam equivalentes porque tradicionalmente o termo 'aprendizagem' tem sido confinado ao processo de aprender como fazer alguma coisa, o que enfatiza a idéia de aquisição. Para Skinner (1970a): "O condicionamento operante continua a ser eficaz mesmo quando não há mudança posterior que possa ser chamada de aquisição ou mesmo de melhora na habilidade. O comportamento continua a ter conseências e estas continuem a ser importantes" (p. 63). Ou seja, o condicionamento operante continua a ser importante, ou as conseências do comportamento continuem a ser eficazes para a sua manutenção, embora o haja mais modificação, ou aquisição, do comportamento.
Mas de uma maneira geral, Skinner (1972d) considera que

certas maneiras tradicionais de caracterizar a aprendizagem estão mais incompletas que erradas por o descreverem as contingências de reforçamento. Ele discute então ts tipos de teorias que ele chama de 'aprender fazendo', 'aprender da experiência' e 'aprender por ensaio-e-erro'.
Na teoria do 'aprender fazendo' a pessoa aprenderia ao fazer

algo.  Neste  caso,  para  Skinner,  embora  a  execuçãdo comportamento possa ser essencial, por si só, ela não garante a aprendizagem. O importante é a conseência do comportamento e não o mero comportamento. Esta teoria enfatizaria a resposta. A segund teoria,    d experiência,   qu enfatiz  estímulo antecedente, também não é aceita por Skinner por ele considerar que mesmo quando combinada com a anterior fica faltando algo na explicação. Aqui parece haver uma coneo entre o estímulo e a resposta   que   costuma   se explicad por   atividades   internas hipotéticas como uma ação mental ou processamento de informação,






por negligenciar o esmulo conseqüente. Finalmente, a teoria da aprendizagem por ensaio-e-erro enfatiza a conseência mas é descartada por Skinner por ele considerar que aprendizagem não é eliminação de erros, pois pode haver aprendizagem, i.e., fortalecimento da taxa da resposta, sem erros.
Sua conclusão é que:



"Estas teorias clássicas representam as 3 partes essenciais de qualquer conjunto de contingências de reforço... Mas nenhuma destas partes pode ser estudada  separad da outras toda a ts precisam ser  consideradas na  formulação de qualquer exemplo de aprendizagem que seja dado" (Skinner, 1972d, p. 7).


Em suma, Skinner parece o tanto rejeitar as noções de desenvolvimento e aprendizagem mas conceptualizá-las de maneira diferente dentro do marco teórico das contingências de reforçamento por ele desenvolvido.
Finalmente, se vista a questão da relação mente/corpo que

dará maiores subsídios para analisar o cognitivo em Skinner.



RELAÇÃO MENTE/CORPO

Skinner (1974) rejeita o mentalismo a partir de duas razões básicas. Em primeiro lugar, os eventos internos, por ele chamados de eventos privados, não são as causas do comportamento. Estas devem ser encontradas nos eventos externos antecedentes, como analisado anteriormente. Em segundo lugar, os eventos privados são sicos ao contrário do que advoga o mentalismo tradicional.






Ao procurar identificar as razões que possam ter levado a tradição mentalista a defender os pressupostos da determinação interna do comportamento e da base o-fisica do mental, Skinner (1974) considera que no primeiro caso ela costuma tomar como causa aquilo que ocorre imediatamente antes do comportamento i.e., os sentimentos. E no caso da base não-fisica do mental estaria a tendência de reificar adjetivos e verbos, ou seja, tranformá-los em substantivos, procurando-se então um lugar para as coisas por eles representadas. Por exemplo, a partir da observação do andar cauteloso seria derivada a noção de 'cautela', um atributo mental possuído pela pessoa. Esta seria então basicamente, a origem do mentalismo.
Como foi visto, Skinner (1974)o nega a relevância processos

internos, o que ele questiona é, por um lado, a posição adotada quanto à causação do comportamento, que já foi suficientemente analisada, e por outro a natureza do que é sentido ou introspectivamente observado. É desta questão que iremos tratar aqui, além de algumas análises desenvolvidas por Skinner a respeito de diferentes posições sobre a queso da relação mente /corpo.
Segundo Skinner (1974), uma pequena parte de nosso universo

está contida dentro da pele e precisamos examinar nosso comportamento de fazer contato com ela. Para ele, respondemos ao nosso corpo com três sistemas nervosos: extereoceptivo, intereoceptivo e proprioceptivo que têm, evolutivamente, funções específicas mas passaram a ter uma nova função com o aparecimento do comportamento verbal. Como foi visto, na parte referente ao pape d linguagem,   é   atravé d comunidad verba que aprendemos a conhecer os eventos privados e a relatar o próprio comportamento.

CONTINUA!!