terça-feira, 13 de setembro de 2011

O COGNITIVO SEGUNDO SKINNER #3




Para Skinner (1957), comportamento verbal é comportamento; é todo comportamento reforçado através da mediação de outras pessoas. O termo 'comportamento verbal' enfatiza o falante individual assim como especifica o comportamento modelado e mantido por conseências  mediadas.  Esta  sua  definição  de  comportamento verbal aplica-se apenas ao falante mas o comportamento do ouvinte, embora possa ser não-verbal, precisa ser considerado pois é ele que modela e mantém o comportamento verbal do falante.
,   parSkinne(1957),   nenhumformou   modo

comportamento especificamente verbal já que qualquer movimento capaz de afetar outro organismo pode ser verbal. Como exemplos, ele cita as linguagens escritas e de signo, o bater palmas, gestos, o telégrafo, o apontar, a manipulação de objetos físicos em cerimônias, além é claro do comportamento vocal.
Mas Skinner (1957) procura restringir essa definição de comportamento verbal por considerar que ela acaba abrangendo todo comportamento social. Assim, ele diz que: "Uma restrição preliminar seria limitar o termo verbal a instâncias nas quais as respostas do
'ouvinte' foram condicionadas" (p. 224). Seu exemplo de como fazer

para levar um cavalo a virar-se é ilustrativo das diferenças. Num primeiro caso, podemos empurrar o cavalo, mas isto é claro não interessa. Num segundo caso, podemos movimentar um objeto que o assusta  ou  usar  um  pedaço  de  úcar,  o  que  Skinner  também






descarta por envolver comportamento incondicionado e condicionamento incidental, respectivamente. Para ele, um bom exemplo de comportamento verbal seria quando o cavaleiro deixa as rédeas tocarem suavemente o pescoço do cavalo. Aqui, Skinner considera que:


"O cavalo foi condicionado com relação ao toque das dea especialmente  par criar   u meio   de controle. Mais particularmente, ele foi submetido a certas contingências que envolvem um toque no pescoço e fuga, ou esquiva, de esmulos aversivos produzidos pelo chicote ou calcanhar. Esse condicionamento especial dá ao comportamento do cavaleiro propriedades de interesse especial, pois circunstâncias similares na história do ouvinte dão lugar  a  características  importantes  do comportamento do falante. O condicionamento especial do ouvinte é o xis do problema. O comportamento verbal é modelado e mantido por um ambiente verbal por pessoas que respondem ao comportamento de certas maneiras por causa das práticas do grupo do qual o membros. Essas pticas e a interação resultante entre falante e ouvinte produzem os fenômenos que são considerados  sob   rubrica  d comportamento verbal" (1957, p. 225-226, grifo do autor)


Este exemplo de Skinner nos leva a considerar a possibilidade de comportamento verbal em o-humanos. Até aqui, foi visto que






em sua definição ele se refere a humanos. Por um lado, ele tem se referido ao comportamento verbal de falantes humanos mas tem considerado que o comportamento do ouvinte, embora precise afetar o comportamento do falante, não precisa ser necessariamente verbal para caracterizar o comportamento de ambos como um episódio verbal. Por outro lado, Skinner parece considerar que o comportamento de um gato que mia na porta para sair não pode ser considerado verbal por envolver uma resposta emocional e não um operante. No entanto, ele considera que sua


"definição de comportamento verbal, incidentalmente, inclui o comportamento  de    animais  experimentais onde  reforçamentos       são proporcionados por um experimentador ou por um aparato projetado para estabelecer contingências que se parecem a aquelas mantidas pelo ouvinte normal. O animal e o experimentador abrangem uma pequena mas genuína comunidade verbal" (Skinner, 1957, p. 108)


Ou seja, parece que o animal pode atuaro só como 'ouvinte', como no exemplo do cavalo, mas também como 'falante'.
Torna-se importante ver, então, como se a aquisição da

linguagem, segundo Skinner, para melhor precisar sua concepção de linguagem e compreender seu papel na constituição do cognitivo .
Com linguage é   comportament verba  est é

comportamento, a aquisição da linguagem se dá seguindo os mesmos prinpios da aquisição de qualquer outro comportamento. O que se reque é   um comunidade   verba  um contingênci de reforçamento.






De uma maneira geral, a aquisição da linguagem para eventos públicos e privados se dá da mesma maneira. No caso de eventos públicos, em determinada situação, i.e., na presea de um esmulo antecedente, a criança diz algo e é reforçada pelo adulto. No caso de eventos privados, sendo o estímulo antecedente privado, a comunidade verbal precisa inferir as condições internas da criança, e ela o faz a partir de condições blicas, como se visto posteriormente.
Vejamos primeiro a classificação que Skinner (1957) faz dos

diferentes  tipos  d operantes  verbais  segundo  suas   relações funcionais com as variáveis independentes, já que o que a criança adquire o os diferentes operantes verbais, e que se utiliza principalmente de exemplos de situações públicas, para depois apresentar sua análise da aquisição da linguagem referente a eventos privados.
Skinner identifica, em primeiro lugar, o 'mando' que é definido

como "um operante verbal no qual a resposta é reforçada por uma conseência característica e está portanto sob o controle funcional de condições relevantes de privação ou estimulação aversiva" (1957, p. 35-36). Como exemplo de mandos temos 'Espere!", "Água!", "Pare!", etc. Aqui, nenhum estímulo antecedente determina a forma específica da resposta. Outros três tipos de operantes verbais são o
'comportamento ecóico', o 'comportamento textual' e o 'intraverbal',

nos quais a resposta é determinada por um estímulo verbal antecedente, auditivo, escrito ou ambos. No comportamento ecóico e no textual há uma correspondência ponto-a-ponto entre as propriedades do estímulo e da resposta. Assim, no caso do comportamento ecóico, ao ouvir 'casa', a pessoa diz 'casa', enquanto no comportamento textual ao olhar a palavra impressa 'casa', a






pessoa diz 'casa'. No caso do intraverbal a pessoa apresenta uma resposta tematicamente relacionada com a palavra lida ou ouvida; por exemplo, ao ler ou ouvir 'capital da França', a pessoa diz 'Paris'. O último operante verbal é o 'tato' que é definido como "um operante verbal no qual uma resposta de determinada forma é evocada (ou pelo menos fortalecida) por um objeto particular ou evento ou propriedadde  um  objeto  ou  evento"  (1957,  p.  81-82).  Como exemplo temos dizer 'livro' na presença de um livro ou 'vermelho' na presença de um objeto vermelho. Neste caso, temos um estímulo, em  geral,  não-verbal,  que  controla  a  forma  da  resposta  verbal. Skinner (1957) considera que o controle é compartilhado por todas as propriedades do estímulo sendo que um novo estímulo que possua uma ou mais das mesmas propriedades pode ser também eficaz. É o que permite explicar a extensão gerica, metafórica e metonímica do tato.  Por  outro  lado,  o  controle  pode  ser  restrito  a  uma propriedade ou grupo de propriedades na abstração, através de reforçamento diferencial.
Assim, segundo esta classificação, para Skinner (1957) uma

resposta verbal como "Fogo" pode ser um mando para os bombeiros, um  tato  para  um  incêndio,  ou  uma  respostecóica  ou  textual segundo o esmulo apresentado.
Além das variáveis controladoras mencionadas, Skinner (1957)

observa que uma resposta única pode ser função de mais de uma variável e que em diferentes ocasiões uma comunidade pode reforçar diferentes respostas da mesma maneira. Além disso, ele admite que o controle de estímulo nunca é perfeito já que o comportamento verbal nunca é inteiramente independente da condição do falante e que este pode modelar seu pprio comportamento pelo fato de em algumas ocasiões ser falante e ouvinte simultaneamente.






Vejamos, então, alguns exemplos gerais sobre a aquisição da linguagem. Skinner (1957) diz que a criança, ao aprender a falar, adquire tatos de tamanhos diferentes, como palavras, frases, sentenças, mas de forma unitária, em todos os casos, sob controle de estímulos particulares. Mas eventualmente de uma unidade maior pode surgir uma unidade menor. Assim, quando da aprendizagem de "eu  tenho  uma  boneca", "eu  tenho  um  cachorro" pode  surgir  a unidade funcional "eu tenho..." que pode ser combinada com outras palavras sem necessidade de condicionamento.
Skinner (1957) também considera que cada um dos diferentes

operantes verbais é adquirido separadamente, o que significa que o fato de ter aprendido o mando "Boneca!" não implica que a criança possua o tato "boneca", ou vice-versa.
Em outro exemplo, Skinner (1957) considera que também é possível estabelecer tatos através da definição ostensiva ou quando se observa alguém manipulando objetos ao mesmo tempo que os nomeia. Finalmente, Skinner (1957) analisa um exemplo mais complexo no qual se pede uma refeição marcando uma lista. Aqui, a situação parece envolver a aquisição de diferentes repertórios comportamentais como o poder ler e o marcar em uma lista.
Estes são apenas alguns exemplos mas que permitem ter–se uma idéia dos tipos de análises desenvolvidas por Skinner e a melhor compreender suas noções de significado e referência.
Dada  a  definição  de  comportamentverbal  como comportamento operante, Skinner (1957) passa a descartar as explicações tradicionais segundo as quais a linguagem envolveria a expressão de idéias, imagens, significado e informação. Segundo Skinner (1957), esses termos desencorajam uma análise funcional e apóiam práticas associadas à doutrina das idéias, o que para ele tem






como conseência considerar que a fala tem uma existência independente do comportamento do falante. Assim, tratando mais especificamente da noção de significado, Skinner critica a idéia de que o significado tenha uma existência ppria, independente, que ele possa ser comunicado ou expresso por uma verbalização, e que seja o mesmo para o ouvinte e o falante. Para Skinner (1957),


"o significado não é uma propriedade do comportamento como tal mas das condições sob as quais o comportamento ocorre. Tecnicamente, os significados devem seencontrados entre  as variáveis independentes numa explicação funcional, em vez de como propriedades da variável dependente" (p. 13-14).


Da mesma maneira, segundo esta abordagem, o significado não é o mesmo para o ouvinte e o falante já que os processos envolvidos nos dois casos são diferentes. Skinner (1974) diz que:
"O significado de uma expressão é diferente para o falante e o ouvinte; o significado para o falante deve ser procurado nas circunstâncias sob as quais ele emite uma resposta verbal e para o ouvinte na resposta que ele dá a um estímulo verbal" (p. 191).


Para tornar este argumento mais claro podemos citar um exemplo de Skinner (1974) no qual uma pessoa o ouvinte pergunta a hora a outra pessoa o falante para manter um compromisso.  Segundo  a  análise  de  Skinner,  o  significado  da resposta para o falante inclui o estímulo que a controla, i.e., os






ponteiros do relógio e possivelmente aspectos aversivos da pergunta, enquanto que o significado para o ouvinte estaria próximo do significado que relógio teria se fosse visível a ele e também inclui as contingências envolvendo o compromisso. Ou seja, o significado depende das contingências de reforçamento que o diferentes para o ouvinte e o falante.
E isto nos leva a analisar sua noção de referência. Para Skinner

(1974):



"Um  referente  pode  ser  definido  como  aquele aspecto do ambiente que exerce controle sobre a resposta da qual se diz ser o referente. Ele o faz por causa das práticas reforçadoras de uma comunidade verbal. Em termos tradicionais, significados e referência o devem ser encontrados nas palavras mas nas circunsncias sob as quais as palavras são usadas pelos falantes e compreendidas pelos ouvintes, mas 'usadas' e 'compreendidas' precisam de mais análise" (p. 103)


Assim, Skinner descarta a  idéia  de  que o  referente seja o pprio objeto já que o , por exemplo, uma cadeira única que seja o referente da resposta "cadeira". Mas ele também descarta a idéia de que o referente seja um conceito pois ele considera que nunca reforçamos uma resposta quando um 'conceito' está presente; o que está presente é um estímulo particular. Assim, o referente seria a propriedade ou conjunto de propriedades sobre as quais o reforçamento é tornado contingente e que controla a resposta.






Uma implicação deste tipo de análise é que para Skinner nenhuma palavra descreve algo. Ele considera que:


"O cientista um conjunto de respostas para um determinado estado de coisas por causa das contingências reforçadoras estabelecidas pela comunidade verbal científica. O poeta emite um conjunto inteiramente diferente de respostas ao mesmo estado de coisas porque elas são eficazes de outras maneiras em outros tipos de ouvintes ou leitores. Qual comportamento mais se aproxima da situação atual o é tanto uma queso de fato, precisão, ou extensão mas dos interesses e práticas das comunidades verbais" (Skinner, 1957, p. 127).


Podemos passar a examinar então a aquisição de respostas verbais para eventos privados e que está diretamente relacionada com o conhecimento das próprias sensações e do próprio comportamento .
Skinner (1989a) observa a respeito do auto-conhecimento que:



"Uma melhor compreensão das contingências verbais também trouxe dois campos importantes da psicologia dentro do âmbito de uma análise operante. Um deles é a auto-observação. A análise não 'ignora a consciência'...; ela simplesmente analisa a maneira pela qual as contingências verbais de reforçamento colocam o comportamento chamado de introspeção sob o controle de eventos privados. Apenas quando

CONTINUA!!