terça-feira, 13 de setembro de 2011

O COGNITIVO SEGUNDO SKINNER #5



Finalmente, parece importante apresentar a posição de Skinner

com relação à consciência por ser ela uma das mais antigas e mais debatidas questões da psicologia.
Comfovisto   no   início   destcapítulo,   acontrárido

Behaviorismo Metodológico, Skinner o ignora a importância da consciência. Ele apenas tem uma concepção diferente da tradicional e procurou desenvolver novas formas de estudá-la. Segundo Skinner (1974), uma pessoa se torna consciente quando a comunidade verbal arranja contingências especiais para a pessoa referir-se à estimulação que  surge  de  seu  corpo. Assim,  a  pessoa estaria consciente de estados ou eventos de seu corpo no sentido de seu comportamento verbal estar sob esse controle de estímulos.
Embora  Skinner  tenha  apresentado  inúmeras  vezes  sua posição, há uma análise de Terrace (1971) a esse respeito que pode ser mais esclarecedora. Ele diz que o cerne da análise de Skinner sobre a consciência está na distinção entre estar consciente de um estímulo e discriminar um estímulo, que pode ser público ou privado. Primeiro, é preciso discriminar o estímulo. A consciência só aparece depois quando alguém da comunidade verbal nos ensina a rotulá-lo. Segundo esta análise, quando tomamos consciência de um estímulo, este passa a controlar duas respostas, que são o operante discriminativo original, sem consciência do estímulo que o controla, e a identificação do estímulo através do tulo verbal. Terrace diz também que há pelo menos duas contingências para estabelecer a consciência: a contingência necessária para condicionar uma resposta






particular e a contingência para fazer dessa resposta um estímulo discriminativo para uma resposta de rotular. Por exemplo, uma contingência pode estabelecer uma resposta emocional de raiva e esta servir de estímulo discriminativo para uma resposta de rotular
'raiva'.  A  consciência  envolveria  esta  segunda  resposta.  Terrace

também faz a distinção entre fazer algo, que seria modelado pelas contingências e estar consciente de estar fazendo algo. Isto mostra a necessidade de uma comunidade verbal para se estabelecer a consciência e, portanto, sua origem social e também cultural. É assim que Skinner afirma que:


"Diferentes comunidades verbais geram diferentes tipos e quantidades de consciência. Filosofias orientais, psicanálise, psicologia experimental, fenomenologia e o mundo dos assuntos práticos levam à observação de sentimentos e estados da mente muito diferentes. Uma ciência independente do subjetivo seria uma ciência independente das comunidades verbais" (1974, p. 243)


Em suma, para Skinner, tanto o conhecer como o pensar e a consciência envolvem comportamentos. Eles podem ser abertos ou encobertos, mas mesmo estes foram inicialmente adquiridos forma aberta, de maneira que podem ser analisados segundo os mesmos prinpios que regem o comportamento aberto ou blico. o há, portanto, nenhuma necessidade, e seria mesmo enganador, supor a existência de um mundo interior da mente que se comporta como o
'homem externo' se comporta. Na realidade, passamos a conhecer

sobre os eventos privados, sejam eles estímulos ou respostas, a






partir das contingências proporcionadas pela comunidade verbal. Assim, o mental, ou cognitivo, passa a ser concebido como se referindo, na verdade, a eventos privados, e tendo uma origem externa e social.
Mas vejamos a partir de uma análise mais específica em que

consiste o anti-mentalismo ou anti-cognitivismo de Skinner.  Tendo em vista que alguns de seus principais argumentos já foram apresentados, isto se feito a partir de diferentes autores permitindo apresentar assim também algumas críticas à sua posição.
Skinne(1970a, 1974)  afirma  com  grande  ênfase  que  sua

posição, ao contrário da mentalista, considera que as causas comportamento devem ser encontradas nos eventos externos antecedentes. E analisa com algum detalhe as razões teóricas e/ou pragmáticas para se rejeitar qualquer tipo tradicional de causação interna do comportamento. É assim que ele rejeita as causas populares como a astrologia e numerologia, a estrutura corporal e os fatores hereditários, e também as causas internas como as neurais, as psíquicas e as conceptuais. No entanto, acabamos de ver que ele também admite a existência de comportamento encoberto e de estimulação interna, inclusive auto-gerada. Para melhor esclarecer esta aparente incongruência e o estatuto do cognitivo em Skinner, será analisado inicialmente em que sentido ele é antimentalista e posteriorment será   apresentada   uma   revisão   sobr eventos privados, mais particularmente sobre as causas internas.
De uma forma mais geral, o anti-mentalismo de Skinner pode

se caracterizado  por   sua   rejeã da   intencionalidade  como explicação do comportamento humano, tal como apresentada por análises tradicionais. Mas este seria justamente o principal fator de rejeição à sua posição (Day, 1975, 1980; Julià, 1984) Ao excluir






motivos e propósitos, ou seja, os termos intencionais, Skinner não seria capaz de explicar o comportamento humano. Seu argumento é que o campo do comportamento operante é o campo da intenção e que sua visão alternativa é capaz de substituir intenção por história de reforçamento (1984b).
O anti-mentalismo de Skinner tem sido analisado e discutido

por diversos autores. Alguns têm procurado identificar diferenças básicas existentes entre o behaviorismo e o cognitivismo, enquanto outros têm se detido mais especificamente nos diferentes argumentos anti-mentalistas apresentados por Skinner ao longo de sua obra.
No grupo das análises comparativas entre o behaviorismo e o cognitivismo temos os artigos de Wessells (1981), Schnaitter (1987), e Catania (1972). Os dois primeiros procuram defender a posição cognitivista mas de maneira diferente já que Wessells admite a possibilidade de conciliação entre as duas abordagens enquanto Schnaitter a rejeita. Por outro lado, Catania que defende uma posição behavioristao  considerque  as  duas  posições  sejam incompatíveis. Esta aparente confusão quanto à possibilidade ou não de conciliação entre o behaviorismo e cognitivismo será discutida mais adiante. No momento, serão apresentadas apenas as diferentes análises.
Wessells   argumenta   que   as   abordagens   behaviorista   e

cognitivista diferem em seus objetivos metateóricos e em suas conceões sobre explicação, mas defende a possibilidade de uma conciliação. Para ele, o principal objetivo do behaviorismo radical seria a predição e controle, estando então pragmatismo e concepção explanatória interligados, enquanto que o objetivo da psicologia cognitiva, embora ainda não alcançado por permanecer ela a vel descritivo,  seria  explicar  o  comportamento  especificando  a  vel






conceptual as estruturas e processos universais, internos, através dos quais o ambiente exerce seus efeitos. Wessells conclui que as pesquisas behaviorista e cognitivista podem ser consideradas complementares. A primeira especificando os determinantes ambientais  dos  eventos  privados  e  das  relõeentre  eventos privados e comportamento aberto, e a segunda especificando importantes eventos privados e propriedades biológicas que influenciam o comportamento. Esta proposta parece não considerar os argumentos de Skinner para se rejeitar a explicação mentalista, e apesar dele pprio dizer que para Skinner "os eventos privados são causais apenas no sentido fraco de pertencerem ao elo intermediário da cadeia causal  ambiente-condição interna-comportamento.  Suas propriedades funcionaiso determinadas pelo ambiente, o locus das
'causas últimas do comportamento"' (1981, p.158).

Seguindo este mesmo tipo de análise comparativa, mas não admitindo  uma  possibilidade  de  conciliação,  Schnaitter  (1987) observa   que  parti d fat d todas   as   instâncias   do comportamento ocorrerem com relação ao estado interno atual do organismo e ao contexto ambiental no momento, desenvolveram-se dois interesses distintos na psicologia: o contextualismo, cujos objetivos consistem em determinar como o ambiente age e como o comportamento ocorre em função desse ambiente, e o organocentrismo cujos objetivos consistem em determinar como o organismo funciona internamente e como o comportamento ocorre em função de estados internos. Embora contextualistas e organocentristas façam uso tácito, respectivamente, do organismo e do ambiente, behavioristas e cognitivistas o eso, segundo Schnaitter, fazendo o mesmo tipo de coisa. Para ele, pode-se argumentar  que  os  eventos  privados  aludidos  por  Skinner,  por






estarem sob a pele, são fenômenos cognitivos em vez de comportamentais mas ele considera esta conclusão injustificada já que os eventos privados o ocorrências enquanto o interesse da psicologia cognitiva está na organização interna. Os eventos privados só seriam cognitivamente relevantes na medida que manifestassem características do mecanismo subjacente e sua organização.
Outra maneira de analisar esta queso é apresenta por um behaviorista como Catania (1972) em sua abordagem dos diferentes interesses  presentes  em  diferentes  análises  da  linguagem.  A psicologia cognitiva estaria mais preocupada com a organização interna, ou propriedades estruturais da linguage enquanto os behavioristas com suas propriedades funcionais. No tanto, um mentalista poderia se preocupar com problemas funcionais assim como um behaviorista com os estruturais. O que se discute, segundo Catania, não é o status empírico desses fenômenos mas como se fala sobre eles. Embora a linguagem e a cognição envolvam processos, não se deve achar que se está descrevendo esses processos quando se está descrevendo as estruturas gerada por eles. A conclusão de Catania é que a controvérsia entre explicações cognitivistas e comportamentais é, em parte, simplesmente, uma questão de falar das mesmas coisas de maneiras diferentes.
Passando aos artigos que fazem uma revisão dos diferentes

argumentos anti-mentalistas de Skinner, podemos citar as análises críticas de Keat (1972), Audi (1976) e Wessells (1981, 1982) e a reinterpretação skinneriana de Zuriff (1979) que identifica algumas possíveis causas internas nos trabalhos de Skinner.
Keat (1972) encontra, em Skinner, cinco argumentos para  se rejeitar o mentalismo: 1) o mentalismo o tem poder explanatório. Isto significa que, segundo Skinner, as explicações mentalistas são






incompletas, no sentido de também precisarem ser explicadas, são subprodutos das mesmas variáveis responsáveis pelas respostas comportamentais, o proporcionam meios de predizer e controlar o comportamento e são deficientes que são identificadas ou inferidas do pprio comportamento, 2) o mentalismo envolve o emprego de
'teorias', 3) tende a invocar 'agentes internos', 4) tira a atenção do

comportamento e 5) é dualista. Keat considera os argumentos 1 a 4 inconclusivos e não o  que torna os eventos privados aceitáveis ao contrário de suas contrapartes mentalistas.
Audi (1976) identifica ts razões em Skinner para rejeitar-se a psicologia mentalista que podem ser englobadas no argumento 1 apresentado acima por Keat. Sua objeção é que é perfeitamente possível admitir que as histórias genética e ambiental determinem variáveis internas e que estas determinem por sua vez o comportamento. Como foi visto, o argumento de Skinner é que então a 'verdadeira' causa do comportamento é a externa.
Wessells (1981, 1982) divide as críticas de Skinner ao cognitivismo em duas proposões, elaboradas em dois artigos: 1) as teoria cognitivistas    tê pode exploratório   po serem explicações cognitivistas incompletas que não especificam os antecedentes ambientais dos eventos internos; por serem ficções, já que são circulares; e por serem desnecessárias pois não acrescentam nada a uma análise funcional (1981) e 2) as teorias cognitivistas obstruem a procura das causas do comportamento (1982). O teor dos artigos de Wessells é defender as teorias cognitivistas das críticas de Skinner. No primeiro, ele propõe a complementaridade das duas posições, como visto. No segundo, Wessells (1982) considera que uma das razões de divergência entre os cognitivistas e Skinner é que os primeiros duvidam que a história do organismo adulto possa ser






especificada com o detalhe requerido para predizer atividades complexas. Por exemplo, nunca teria sido demonstrado que uma análise exaustiva das contingências seria capaz de explicar a compreensão da linguagem. A única resposta dada por Skinner (1970a) é que embora esta análise não tenha sido realizada ainda, isto o significa que o possa vir a sêlo no futuro.
Segundo Zuciff (1979), as objeções de Skinner à postulação de causas internas são: 1) a seência causal é incompleta porque não remonta  a  causa  interna  de  volta  ao  ambiente  externo2)  a seência causal pára com as causas internas não manipuláveis; então não é posslvel modificar o comportamento que elas controlam e 3) o processo pelo qual essas causas internas são postuladas, i.e., hipotetizadas, é inaceitável.
Em suma, os argumentos de Skinner contra o mentalismo parecem poder ser enquadrados em duas categorias principais: 1) os argumentos teóricos que consideram as explicações mentalistas incompletas por não chegaram às verdadeiras causas do comportamento, i.e., às causas externas antecedentes, e 2) os argumentos pragmáticos que consideram que os eventos internos não servem para predizer e  controlar o  comportamento por não serem manipuláveis, o permitindo assim que se faça uma análise funcional, i.e uma cncia do comportamento.
Na verdade, esses dois tipos de argumentos fazem parte de um

argumento único já que ambos derivam de um dos pressupostos básicos de Skinner que é a rejeição da espontaneidade do comportamento, a partir de um agente interno, autônomo. Assim, se o comportamento não é espontâneo, ele é causado externamente. Neste caso, se quisermos fazer uma ciência do comportamento que envolva   a   previsã   control teremos  qu manipular  a






'verdadeiras causas' do comportamento que são externas. Ou seja, o segundo argumento parece estar inserido ou derivar do primeiro.
A posição de Skinner pode ser sintetizada por suas pprias palavras:


"Por que supor uma expectativa no o de Pavlov ou num rato em uma caixa ?... Eu não questiono o fato de existirem estados relevantes do corpo nesses momentos ou que temos alguma informação sobre eles ou que eles aparecem na hora certa para servirem como causas, mas é o que é sentido não o sentimento, que é funcional. Não salivamos ou pegamos o garfo por causa de uma expectativa sentida de alimento; o fazemos por causa das condições de nosso corpo resultantes da experiência passada que podemos sentir e aprendemos a chamar expectativaembora  não  precisemos  fa-lo" (1984c, p. 663, grifos meus).
Aqui Skinner parece invocar uma causa interna ao se referi às

‘condições de nosso corpo' mas deve-se atentar a 'experiência passada'  que,  em  última  análise,  remete  a  fatores  externos anteriores. Assim, ele admite falar nos eventos privados como causas mas em um sentido fraco e não como causas iniciadoras (1984d).
Portanto, a posição de Skinner não invalida necessariamente o

interesse e estudo dos eventos privados mesmo aceitando-se o pressuposto  d qu  há   u agent autônomo,  interno, controlando o comportamento mas sim eventos privados que, em certo sentido, podem ser tomados como causas, embora não as






'verdadeiras' causas iniciadoras. O pprio Skinner considera que os eventos privados devem ser estudados pela psicologia dada sua importância para o auto-controle e o auto-conhecimento. Além disso, muitos  psicólogos  podem  considerar  que  as  causas  imediatas, internas, do comportamento podem ser o tema também da psicologia e não da fisiologia.
Tendo isto em vista, a revisão de Zuriff (1979) sobre as causas interna pod se esclarecedora   já   qu el se   basei em interpretações comportamentais de processos psicológicos humanos complexos realizadas por  Skinner. Zuriff    identifica  e  analisa  10 causas internas que são variáveis encobertas que funcionam como estímulos discriminativos, reforçadores positivos e negativos e respostas  pré-correntes, reconhecendo estarem elas sob o controle de variáveis ambientais externas mas considerando que agem como um elo intermediário em uma cadeia causal. Um exemplo de Zuriff é o relato na primeira pessoa no qual um evento privado serve de estímulo discriminativo para um relato verbal. Outro é o da punição na qual estímulos associados a uma resposta punida adquirem propriedades aversivas. Neste caso, esses eventos encobertos podem servi d reforçadore negativos Um   comportamento   verbal encoberto também pode servir de estímulo discriminativo para um comportamento não-verbal subseente como no pensamento e na solução de problemas. Como exemplo de reforçamento encoberto temos uma resposta verbal encoberta que pode reforçar o falante a vel encoberto. A partir destes e outros exemplos, Zuriff afirma que o comportamento encoberto é adquirido de forma aberta e é controlado por variáveis ambientais e que os estímulo encobertos também funcionam como estímulos blicos. E conclui:






"...freentemente essas atividades internas têm um papel importante na causação do comportamento aberto. Entretanto, essas causas internas aparecem sob uma luz diferente se comparadas com os esquemas tradicional ou cognitivo. Começando com o mundo externo de estímulos e respostas e então movendo-os para dentro da pele onde necessário, o behaviorismo radical modifica nosso comportamento com relação a essas causas internas. Estamos mais inclinados a manipulá-las via as variáveis ambientais externas que as controlam, onde apropriado. Temos maior  probabilidade  de  procurar  métodos  para ensiná-las quando levam a comportamento mais eficaz. Finalmente, o ficamos mistificados por seu status ontológico de maneira que a metafísica não fica no caminho da predição, controle e interpretação do comportamento" (1979, p. 8)


A principal queso sobre esta reinterpretação do cognitivo por Skinner pode ser sintetizada pela ctica de Natsoulas (1983) ao tratamento dado por ele à consciência. Depois de fazer uma análise do que vem a ser a consciência para Skinner, numa linha semelhante à de Terrace (1971), apresentada anteriormente, Natsoulas conclui que Skinner o tratou convenientemente do conteúdo da consciência por causa de um aparato conceptual pobre devido à crença de que seu trabalho científico o lhe dá outra opção a não ser tratar o conteúdo  consciente  exclusivamente  com  conceitos  que  dizem respeito a estímulos e respostas. Assim, tudo que uma pessoa pode saber sobre si mesma introspectivamente é sobre mais esmulos e






mais  respostas.  Isto  parece  estar  de  acordo  com  análise  de Schnaitter  (1978)  que  mostra  como  a  concepção  de  ciência  de Skinner e seus requisitos metodológicos limitam e determinam sua concepção do cognitivo.
Uma análise ctica elaborada por Hayes, Hayes e Reese (1988)

pode ajudar a esclarecer algumas comparações entre o behaviorismo e o cognitivismo, apresentadas anteriormente, assim como a possível confusão conceptual presente na análise do comportamento.
Estes autores partem de uma obra de Pepper sobre 4 visões de

mundo mecanicismo, formismo, organicismo, contextualismo que podem iluminar diferentes posições teóricas, para analisar a filosofia subjacente à análise do comportamento. A teoria de Skinner envolveria, para eles, uma mistura da hipótese mecanicistsa com a contextualista.
Hayes, Hayes e Reese consideram a análise do comportamento

um sistema contextualista devido ao seu conceito de operante, seu critério de verdade, sua concepção do papel do cientista na análise científica e a possibilidade de novidade presente na idéia de comportamento emitido, i.e., não-causado. Mas estes autores identificam alguns elementos mecanicistas na análise de comportamento. o eles: as definições o-funcionais, o reducionismo, a causalidade e o modelo reativo de organismo. As definição o-funcionais envolveriam considerar o comportamento como movimentos musculares ou secreções glandulares. O reducionismo estaria presente na redução dos eventos psicológicos a eventos neurológicos ou biológicos. E o modelo reativo negaria o livre arbítrio.
Pode-se questionar se estes ts elementos estão realmente

presentes  na  obra  de  Skinner  ou  apenas  em  alguns  de  seus






seguidores. Mas sua noção de causalidade parece, algumas vezes envolver realmente uma idéia mecanicista. Hayes, Hayes e Reese (1988) consideram a este respeito que:


"Se o tratamento da causalidade da análise do comportamento é ou não mecanicista depende dos objetivos  desse  tratamento  e  dos  critérios  pelos quais a verdade é determinada. Se nossos objetivos forem predição e controle, como o os de Skinner, chamar algo de uma causa pode ser compreendido como significando que os objetivos analíticos do cientista foram realizados: Predição e controle foram conseguidos.  Tal  interesse  pragmático  na causalidade eficiente o implica mecanicismo... Entretanto,  a  fala  causal  pode  carregar  com  ela certas suposições filosóficas... 'Isto causou aquilo' pode levar à visão de que isto e aquilo são partes discretas que existem independentemente de sua relação...  os  analistas  do  comportamentdevem estar  especialmente conscientes de  seus pressupostos filosóficos para reter sua visão contextualista" (p. 105, grifos dos autores).


A confusão conceptual na análise do comportamento, segundo Hayes, Hayes e Reese estaria em se apoiar em uma mistura não- sistemática de postulados mecanicistas e contextualista. Para eles, Skinner poderia ser visto como um filósofo contextualista que às vezes recorre a uma teorização mecanicista. E isto faz com que os elementos mecanicistas da análise do comportamento possam ser






erradamente considerados como representando sua base filosófica. Por um lado, para estes autores, qualquer motivo da análise pode ser consistente com o contextualismo já que este o impõe nenhum objetivo. Assim, os objetivos da predição e controle podem ser harmônicos com o contextualismo. Mas, por outro lado, há o perigo das análises que ajudam a alcançar esses objetivos serem tomadas literalmente. Neste caso, causas e efeitos passam a ser vistos como coisas p-existentes no mundo, a qualidade holística do contextualismo é ameaçada e o mecanicismo estará muito pximo. Hayes, Hayes e Reese concluem que:


"um sistema contextualista dirigido para objetivos diferentes da predição e controle pode parecer estranho ou mesmo hostil à análise do comportamento, mas o seria apenas no sentido de ser, um rival. Seria um membro rival da mesma
'família de teorias', isto é, teorias derivadas de uma única visão de mundo, e portanto comparáveis entre si em bases empíricas... A análise do comportamento é um sistema contextualista. Essa conclusão altera significativamente nossa visão do que é central para a análise do comportamento e o que é mero acidente histórico ou preferência teórica" (p. 110).


Esta análise crítica de Hayes, Hayes e Reese permite apontar, em primeiro lugar, para a inconsistência da tentativa de se pensar na possibilidade de uma conciliação entre behavior e cognitivismo. Suas posições teóricas baseiam-se em diferentes visões de mundo e uma tentativa de conciliação levaria apenas à confusão conceptual. Assim,






não faz sentido admitir, como o faz Wessells (1981), a complementaridade das pesquisas behaviorista e cognitivista, mesmo reconhecendo seus diferentes objetivos e concepção de explicação. Também não faz sentido considerar, como Catania (1972), que a controvérsia entre explicações cognitivistas e comportamentais é, em parte, uma questão de falar das mesmas coisas de maneiras diferentes já que cabe perguntar se ao falar-se de maneira diferente das mesmas coisas estas permanecem as mesmas.
Em segundo lugar, a análise destes autores parece apontar

para uma diferea importante que é a diferea entre a visão de mundo adotada por um sistema e sua realização teórica. O próprio Skinner diferencia a filosofia da cncia do comportamento – o behaviorismo – desta ppria ciência. Neste sentido, seria possível considerar que o behaviorismo enquanto filosofia é contextualista; a ciência do comportamento é que seria mecanicista. O principal problema da posição de Skinner, se quisermos rejeitar uma posição mecanicista, parece consistir então em sua visão de ciência que tem como  noções  fundamentais  a  predição  e  o  controle  do comportamento. É isto que o faz recorrer sempre a estímulos e respostas como aponta Natsoulas (1983). A questão passa a ser então como desenvolver uma análise do comportamento realmente contextualista.

FIM!
POSTADO POR : HILTON CAIO