segunda-feira, 23 de maio de 2011

A DEFINIÇÃO DE COMPORTAMENTO

         


   Definição de comportamento 




                            Tereza Maria Sério, Nilza Micheletto, Maria Amalia Andery

                                             PUCSP

Uma das características que distinguem a teoria em psicologia chamada análise do comportamento2 é exatamente a proposição do comportamento como objeto de estudo da psicologia. A história da construção dessa teoria e de sua difusão na psicologia mostra que essa proposta nem sempre foi bem compreendida, o que tem afetado a compreensão dos conceitos que compõem essa teoria e das características da explicação que ela oferece para o comportamento. Nosso objetivo, neste artigo, é destacar alguns aspectos que parecem ser importantes para compreender e avaliar a proposta do comportamento como objeto de estudo da psicologia.





Um primeiro aspecto a ser destacado é que o interesse central da análise do comportamento é a compreensão do comportamento humano; é esse interesse que conduz ao estudo do comportamento em si, independentemente da espécie a que pertence o individuo que se comporta. Esse caminho, ou possibilidade – estudar o comportamento em diversas espécies tendo como objetivo a compreensão do comportamento humano – fundamenta-se em uma determinada concepção da espécie humana.

A espécie humana, como todas as outras espécies, é um produto da seleção natural. Cada um de seus membros é um organismo extremamente complexo, um sistema vivo, objeto da anatomia e da fisiologia. Campos como a respiração, a digestão, a circulação e a imunização foram separados como objetos de estudo especiais e entre eles está o campo que chamamos comportamento. Este envolve comumente o ambiente. (Skinner, 1974, p.33)

Dois aspectos intimamente relacionados marcam essa concepção de espécie humana: (1) o compromisso com a teoria da evolução por seleção natural e (2) o caráter relacional envolvido no comportamento. Vamos examinar, inicialmente, o primeiro aspecto. O compromisso com a teoria da evolução por seleção natural conduz ao estudo de uma longa história e a uma determinada maneira de descrever essa história.

Esta teoria se origina principalmente das proposições de Charles Darwin (1809-1882), em especial, daquelas apresentadas em seu livro A origem das espécies (publicado pela primeira vez em 1859). Darwin e outros estudiosos que eram seus contemporâneos defendiam a noção de que as espécies mudavam no decorrer de sua história; esses pensadores opunham-se, assim, de forma clara, à suposição adotada até então pela grande maioria dos estudiosos da natureza de que as espécies seriam produtos imutáveis e independentes, isto é, de que cada uma delas havia sido criada separadamente:

Estou plenamente convencido que as espécies não são imutáveis e que aquelas pertencentes ao que chamamos de mesmo gênero são descendentes lineares de uma outra espécie, via de regra, extinta. (Darwin, 1998/1859, p. 23)

Todo ser vivo está relacionado, direta ou indiretamente, de maneira muito importante com outros seres vivos – vemos que a área em que vivem os habitantes de uma região qualquer de maneira alguma depende exclusivamente de condições físicas que mudam insensivelmente, mas depende em grande parte da presença de outras espécies. (Darwin, 1998/1859, p. 216)

O que caracteriza a concepção de Darwin sobre a mutabilidade das espécies é que as espécies evoluiriam por um processo de seleção efetuado sobre uma variação biológica abundante. Como afirma Gould (1990), um biólogo evolucionista contemporâneo, Darwin, partindo de indícios coletados que permitiram a ele estabelecer a evolução como princípio coordenador da história da vida, estabeleceu dois processos que constituiriam esta história: variação e seleção.




O primeiro processo, a variação, se origina da reprodução com desvios da descendência com modificações, ou seja, observam-se, nos descendentes, diferenças individuais que constituem a variabilidade no interior de uma espécie. No subtítulo intitulado ‘circunstâncias favoráveis à produção de novas formas por meio da seleção natural, Darwin (1998/1959) afirma:

Uma grande quantidade de variabilidade, termo que sempre inclui diferenças individuais, evidentemente será favorável.... Quanto mais diversificados se tornam os descendentes de uma espécie no que se refere à estrutura, constituição e hábitos, tanto mais estarão capacitados a predominar em lugares diferentes e muito diversificados... podendo assim aumentar em número. (pp. 133- 145)

O segundo processo, a seleção, ocorre quando, frente a alterações ambientais, seres
que apresentam variações mais adaptativas às novas condições sobrevivem e se reproduzem, transmitindo, assim, suas características a seus descendentes.

A comparação que Gould (1989) faz da proposta de Lamarck (1744-1829) com a de Darwin evidencia a importância destes dois processos na descrição da evolução das espécies.

A teoria da seleção natural de Darwin é mais complexa que o lamarckismo porque requer dois processos separados, em vez de uma força única. Ambas as teorias têm raízes no conceito de adaptação – a idéia de que os organismos respondem às mudanças ambientais, desenvolvendo uma forma, função, ou comportamento mais adequado às novas circunstâncias. Assim, nas duas teorias, as informações do ambiente têm de ser transmitidas aos organismos. No lamarckismo, a transmissão é direta. Um organismo dá-se conta da mudança ambiental, responde a ela da maneira “correta” e passa diretamente à descendência a reação apropriada. O darwinismo, por outro lado, é um processo de duas fases em que as forças responsáveis pela variação e pela direção são diferentes. Os darwinistas referem-se à primeira fase, a variação genética, como sendo “aleatória”. Trata-se de um termo infeliz, porque não queremos dizer aleatório no sentido matemático, de igualmente provável em todas as direções. Simplesmente, entendemos que a variação ocorre sem orientação preferida nas direções adaptativas. Se a temperatura está caindo e um revestimento mais peludo ajudaria na sobre-vivência, a variação genética que aumenta a quantidade de pelos não começa a surgir com freqüência maior. A seleção, segunda fase, trabalha sobre variações não orientadas e muda a população, conferindo maior êxito reprodutivo às variantes favorecidas. Esta é a diferença essencial entre lamarckismo e darwinismo, já que o lamarckismo é fundamentalmente uma teoria de variação dirigida. Se os pelos são melhores, os animais compreendem essa necessidade, desenvolvem-nos e passam o potencial à descendência. Assim, a variação é dirigida automaticamente para a adaptação, e nenhuma força secundária como a seleção natural é necessária. (pp. 67, 68)
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continuação

O romance da vida é a história de remoções maciças seguidas de diferenciação das poucas populações sobreviventes, e não a fábula convencional de uma caminhada segura em direção a uma excelência, complexidade e diversidade cada vez maiores. (Gould, 1990, p. 21)
Apesar de ambos os autores compartilharem a noção de variação, para Darwin nenhuma força ou tendência orienta a variação, nenhuma idéia de progresso orientou a historia da vida, isto é, a história de diferentes espécies. Em decorrência desta suposição, segundo Gould (2001), Darwin resistiu ao emprego da palavra evolução e não a utilizou na primeira edição de Origem das Espécies: “a teoria básica da seleção natural não declara nada sobre o progresso geral e não possui nenhum mecanismo generalizado através do qual se possa esperar um avanço generalizado.” (Gould, 2001, p. 188)

Algumas implicações para a concepção da espécie humana decorrem desta noção de variação: a suposição de que a espécie se transforma e não se define por uma essência i-mutável e que as mudanças não ocorrem a partir de um propósito, de uma força orientadora, ou no sentido de produzir necessariamente progresso.

Além disso, são os processos de variação e seleção que permitem compreender tanto a diversidade entre as espécies de seres vivos como as características peculiares de cada uma das espécies, dentre elas, a espécie humana. Ou seja, a partir da história de variação e seleção podemos compreender como se originaram as características que a espécie humana tem em comum com as demais espécies e as características que têm sido consideradas peculiares aos seres humanos. Dessa forma, o compromisso com a teoria da evolução por seleção natural fornece fundamentos para uma concepção da espécie humana como produto da natureza e como fenômeno histórico; é fenômeno com uma história que revela uma conclusão surpreendente: a história da constituição da espécie humana mostra que os seres humanos não são apenas produtos da natureza, são também produtos do próprio homem.

A mensagem principal da revolução darwiniana à espécie mais arrogante da natureza é a unidade entre a evolução humana e a de todos os demais organismos. Somos parte inextricável da natureza, o que não nega o caráter único do homem.... Não é mero orgulho afirmar que o Homo sapiens é especial em certo sentido, uma vez que, a seu modo, cada espécie é única.... O caráter único do homem teve como conseqüência fundamental a introdução de um novo tipo de evolução que permite transmitir o conhecimento e o comportamento adquiridos pela aprendizagem através de gerações.... As sociedades humanas mudam por evolução cultural, e não como resultado de alterações biológicas.... A evolução biológica (darwiniana) continua em nossa espécie; mas seu ritmo, comparado com o da evolução cultural, é tão desmesuradamente lento que sua influência sobre a história do Homo sapiens foi muito pequena. (Gould, 1999, p.346)

Tomar a espécie humana como um dos resultados do longo processo de variação e seleção pelo qual passaram os seres vivos faz, é claro, com que olhemos o comportamento também como um produto desse processo: “o que chamamos comportamento evoluiu como um conjunto de funções que promovem o intercâmbio entre organismo e ambiente” (Skinner, 1987, p.51). Esta maneira de olhar o comportamento já contém o segundo aspecto que marca a concepção de homem: o caráter relacional envolvido no comporta-mento. Como afirma Skinner (1987), o termo comportamento descreve sempre uma relação – o intercâmbio entre o organismo e o ambiente; mais especificamente, comporta-mento descreve uma relação ou interação entre atividades do organismo, que são chamadas genericamente de respostas, e eventos ambientais, que são chamados genericamente de estímulos. Concluindo, definimos comportamento como a relação entre estímulo e resposta.

Afirmar que o objeto de estudo da psicologia é o comportamento é afirmar que o objeto de estudo da psicologia é a interação entre o sujeito (suas atividades, suas respostas) e o ambiente (os eventos ambientais, os estímulos). Tal relação só será adequadamente compreendida se a ela acrescentarmos quase que um aviso: nenhum limite metodológico deve ser imposto aos estímulos e às respostas que constituem um comportamento. Com este aviso queremos destacar pelo menos quatro aspectos.

O primeiro diz respeito à extensão do termo ambiente: o termo ambiente se aplica à situação na qual o responder acontece e à situação que passa a existir após o responder, isto é, aos estímulos que antecedem a resposta (chamados de estímulos antecedentes) e aos estímulos que seguem a resposta (chamados de estímulos subseqüentes). Neste caso, o aviso é importante porque é bastante comum restringirmos o termo ambiente (e, por conseqüência, o termo estímulo) aos eventos que antecedem a resposta. Podemos ter comportamentos – ou relações – que envolvem apenas estímulos antecedentes e a resposta e relações que envolvem os estímulos antecedentes, a resposta e os estímulos subseqüentes.

Um segundo aspecto diz respeito ao que estamos chamando de atividades, de res-postas do organismo: em princípio um organismo vivo está sempre respondendo, mesmo quando é muito difícil identificar que está ocorrendo uma resposta; a facilidade ou dificul-dade para identificar a ocorrência da resposta não é critério para falar da sua existência. Com isto estamos afirmando que a atividade do organismo envolve respostas manifestas (respostas que podem ser observadas de forma independente por mais de um observador) e respostas encobertas (respostas que podem ser observadas apenas pelo organismo que se comporta). Se as respostas envolvidas na relação (comportamento) são encobertas ou manifestas, isto não é critério para incluir ou excluir a relação como objeto de estudo da psicologia.
O terceiro aspecto que queremos destacar quando afirmamos que nenhum limite metodológico deve ser imposto aos estímulos e às respostas que constituem um compor-tamento refere-se novamente ao termo ambiente. Os eventos ambientais são compostos por estímulos físicos e estímulos sociais. Estímulos físicos são eventos cujas propriedades e dimensões fundamentais têm sido descritas pelas ciências ditas naturais; por exemplo, os diversos objetos ao nosso redor. Estímulos sociais são eventos cujas propriedades e di-mensões básicas são derivadas do fato de serem produzidas por outro organismo; no caso de seres humanos, são produtos culturais.

Além disso, os eventos ambientais incluem estímulos públicos e estímulos privados. Estímulos públicos são estímulos acessíveis de forma independente a mais de um observa-dor; por exemplo, os diversos objetos ao nosso redor. Estímulos privados são estímulos acessíveis diretamente apenas ao organismo afetado por eles; por exemplo, formigamento nos pés.

O aviso da não restrição metodológica às noções de estímulo e resposta é impor-tante porque é bastante comum restringirmos o termo ambiente (e, por conseqüência, o termo estímulo) aos estímulos físicos e públicos. Mais do que isso, a dicotomia entre e-ventos / fenômenos públicos e privados deixou marcas importantes na história da psico-logia e o tratamento dado pela análise do comportamento a tal dicotomia é um dos aspectos distintivos desta teoria.

 falando de “algo naturalmente existente, muito menos coincidente com o conjunto de tudo que está a nossa volta” ou do “universo circundante a todos e a cada um”. Segundo Tourinho (1997):
Antes de apresentarmos como a questão da dimensão público-privado do ambiente (dos estímulos) é tratada pelos analistas comportamento precisamos abordar um aspecto mais geral envolvido na compreensão do termo ambiente. Como ressalta Skinner (1969), do ponto de vista da análise do comportamento, ambiente é muito mais do que o cenário no qual as coisas acontecem. Reconhecer isto já implica superar uma concepção bastante difundida e que, segundo este autor, persistiu até o século XVII, quando pela primeira vez o ambiente passou a ser visto como algo mais do que “o local no qual animais e homens viviam e se comportavam” (Skinner 1969, p. 2). Este, entretanto, foi apenas o primeiro passo na construção de uma nova concepção de ambiente. Para que o ambiente pudesse ser efetivamente considerado como elemento constitutivo do comportamento mais um passo seria de fundamental importância: seria necessário superar o que Tourinho (1997) chama de “concepção naturalista de ambiente” (p.222). Esta superação envolve uma dis-tinção entre “ambiente enquanto elemento constitutivo do fenômeno comportamental” e “mundo circundante”; nas palavras desse autor, quando falamos em ambiente não esta

O abandono de uma perspectiva naturalista para o conceito de ambiente implica admitir que o universo é, em larga medida, para cada um, um material indiferenciado. É apenas a partir do momento em que interage com partes do universo de um modo particular que o indivíduo passa a se comportar discriminativamente diante das mesmas – e que elas, então, se convertem em ambiente. (p.222)

Tourinho (1997) procura ilustrar esta distinção com o esquema a seguir.





Figura 1. A distinção entre universo e ambiente (Adaptada: Tourinho,1997, p. 222)


Tendo explicitado que a noção de ambiente para a análise do comportamento en-volve concebê-lo como constitutivo do fenômeno comportamental, é possível voltar à discussão da dicotomia (entre estímulos) público-privado. Para iniciar a discussão recorre-remos a alguns trechos de dois diferentes artigos de Skinner (1969 e 1974) nos quais sua posição é explicitada de forma bastante clara. Em primeiro lugar, a existência da parte pri-vada do universo é afirmada:

O fato da privacidade não pode, naturalmente, ser questionado. Cada pessoa está em conta-to especial com uma pequena parte do universo contida dentro de sua própria pele.... ela está unicamente sujeita a certos tipos de estimulação proprioceptiva e interoceptiva. (Skinner, 1969, p.225)

Mais do que isso, Skinner (1969) afirma a necessidade de uma ciência do comporta-mento lidar com esta parte do universo, ou mais claramente, a necessidade de estudar co-mo esta parte do universo ou partes dela podem se constituir em ambiente:



ocorrem sob a pele de um organismo, não como mediadores fisiológicos do comportamento, mas como parte do comportamento em si. Pode lidar com estes eventos sem assumir que eles têm qualquer natureza especial ou que devem ser conhecidos de uma maneira especial. A pele não é tão importante como um limite. Eventos privados e públicos têm o mesmo tipo de dimensões físicas. (p.227-228)

É particularmente importante que uma ciência do comportamento enfrente o problema da privacidade ... Uma ciência adequada do comportamento deve considerar os eventos que

Neste trecho ficamos sabendo que: (a) Skinner não nega a existência de um univer-so privado, (b) propõe como uma tarefa de uma ciência do comportamento estudar como esta parte do ambiente passa a constituir um comportamento ou, dizendo de outra manei-ra, como esta parte do universo é transformada em ambiente. Skinner afirma (c) que a parte privada não “tem qualquer natureza especial” e, finalmente, (d) que para conhe-cê-la não precisamos necessariamente recorrer a nenhuma “maneira especial” de pro-ceder.

Considerando as marcas que a dicotomia público-privado produziram na história da psicologia, os dois últimos tópicos merecem especial atenção. Discutiremos em primeiro lugar o tópico relativo à natureza desta parte do universo. Em seu livro About Behabiorism (1974) Skinner novamente reafirma sua posição. No início do segundo capítulo, que tem como título O mundo dentro da pele, Skinner afirma:

Uma pequena parte do universo está contida dentro da pele de cada um de nós. O fato desta parte do universo estar situada dentro destes limites não é razão para que ela deva ter qual-quer status físico especial... e, finalmente, deveremos ter, a partir da anatomia e da fisiologi-a, uma descrição completa dela. Nós a sentimos e, em certo sentido, a observamos e pareceria loucura negligenciar esta fonte de informação apenas porque ninguém mais, além da própria pessoa, pode fazer contato com o seu mundo interno. Entretanto, nosso comportamento, ao fazer este contato precisa ser examinado. (p.21)

Algumas páginas adiante Skinner (1974) deixa absolutamente claro que discutir o “mundo privado” e enfrentar os problemas que gerou para a psicologia são questões centrais para o sistema teórico por ele construído: são as respostas que tal sistema ofe-rece para os problemas gerados que o transformam em uma alternativa diante das de-mais perspectivas teóricas presentes na psicologia:

Uma ciência do comportamento deve considerar... os estímulos privados como coisas físicas e, ao fazer isto ela fornece uma descrição alternativa da vida mental. A questão, então é esta: o que há dentro da pele e como nós conhecemos isto? A resposta é, acredito, o cerne do behaviorismo. (1974, pp.211-212)

mento é uma relação entre sujeito e ambiente sobre a qual não se impõem limites metodológicos, refere-se ao fato de a relação organismo-ambiente poder envolver situações com níveis de complexidade aparente distintos. Uma relação pode se r identificada em uma situação aparentemente simples, como por exemplo, lacrimejar ao descascar cebolas, abrir uma porta ao ouvir uma campainha, ou em uma situação obviamente complexa como, por exemplo, solucionar um problema, abstrair, conhecer a si mesmo. Para o estudioso do comportamento nos dois casos, numa situação aparentemente simples e numa situação obviamente complexa, há desafios. Desafios derivados do fato de assumirmos como objeto de estudo uma relação que ao mesmo tempo é produto e construtora de uma história. É esta característica que Skinner (1953/1965) destaca em uma das oportunidades em que apresenta o comportamento como objeto de estudo da psicologia.
Finalmente,  o quarto aspecto a ser considerado quando se  assume  que  comporta

Comportamento é um objeto de estudo difícil, não porque é inacessível, mas porque é extre-mamente complexo. Uma vez que é um processo, e não uma coisa, não pode facilmente ser imobilizado para observação. É mutável, fluido e evanescente e por esta razão coloca enor-mes exigências sobre a engenhosidade e energia do cientista. (p. 15)

O desafio que se coloca para a análise do comportamento é descrever e explicar as interações que constituem o comportamento e a história que produziu estas interações. Os conceitos que foram propostos por esta teoria pretendem dar conta deste desafio.

Referências bibliográficas

Darwin, C. (1998). The origin of species. New York, NY: Random House (Publicação origi-nal: 1859).

Gould, S. J. (1989). O polegar do panda. São Paulo: Martins Fontes. Gould, S. J. (1999). A falsa medida do homem. São Paulo: Martins Fontes. Gould, S. J. (1990). Vida Maravilhosa. São Paulo: Companhia da Letras. Gould, S. J. (2001). Lance de dados. Rio de Janeiro, Record.

Skinner, B. F. (1965). Science and human behavior. New York, NY: The Free Press. (Publicação original: 1953).

Skinner, B. F. (1969). Contingencies of reinforcement. New York, NY: Appleton-Century Crofts.

Skinner, B. F. (1974). About behaviorism. New York, NY: Alfred A. Knopf. Skinner, B. F. (1987). Upon further reflection. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall.

Tourinho, E. Z. (1997). Privacidade, comportamento e o conceito de ambiente interno Em R. A. Banaco (Org.). Comportamento e cognição. Vol. 1. Santo André: ARBytes.