terça-feira, 17 de maio de 2011

A HISTORIA DO BEHAVIORISMO (PIONEIROS)












John Broadus Watson, considerado o pai do Comportamentalismo, nasceu na Carolina do Sul, EUA, em 1878. Foi um aluno médio, durante o seu percurso escolar, até chegar à Universidade de Chicago. Freqüentou o curso de Filosofia, mas, desiludido com a orientação, mudou-se para a Psicologia.

Para suportar as suas despesas pessoais, aceitou como trabalho a limpeza dos gabinetes da Universidade, bem como a vigilância dos ratos brancos dos laboratórios de Neurologia. Doutorou-se depois em Neuropsicológica, defendendo uma tese sobre a relação entre o comportamento dos ratos brancos e o sistema nervoso central.

Como professor de psicologia animal, desenvolveu investigações, fundamentalmente sobre o comportamento de ratos e macacos. São as suas experiências com animais, controladas de forma rigorosa e objetiva, que vão inspirar o seu modelo de psicologia. Os mesmos procedimentos poderão ser aplicados pelos psicólogos se eles se debruçarem sobre o estudo do comportamento humano. Daí que Watson assumisse claramente a abolição da barreira entre a psicologia humana e a psicologia animal.

Com 29 anos, foi lecionar na Universidade de Baltimore, onde desenvolveu, durante 13 anos, o fundamental da sua pesquisa, instalando um laboratório de psicologia animal. Em 1913 publicou o artigo "A Psicologia do Ponto de Vista de um Comportamentalista", onde apresentou sua posição teórica.

Com a primeira guerra mundial, interrompeu a sua atividade profissional para ingressar no exército, participando numa campanha militar na França.

Em 1918, retomou a investigação, estudando a primeira infância, mas um divórcio tumultuoso obrigou-o a abandonar a Universidade. Ingressou numa agência de publicidade e dedicou-se paralelamente à divulgação das suas teorias junto de um público mais amplo. Depois de aposentado, retomou as suas investigações em psicologia. Morreu aos 80 anos em Nova Iorque.

Para Watson
, a psicologia não deve levar em conta nenhum tipo de preocupações introspectivas ou filosóficas, mas apenas e simplesmente os comportamentos objetivos, concretos e observáveis.


Ivan Petrovich Pavlov (14 de Setembro de 1849 - 27 de Fevereiro de 1936) foi um fisiologista premiado por suas descobertas sobre os processos digestivos de animais. Ele entrou para a história devido à pesquisa em um campo que se apresentou a ele quase que por acaso: o papel do condicionamento na psicologia do comportamento.

Na década de 1920, ao estudar a produção de saliva em cães expostos a diversos tipos de estímulos gustativos, Pavlov percebeu que com o tempo a salivação passava a ocorrer diante de situações e estímulos que anteriormente não eliciavam tal comportamento (como por exemplo o som dos passos de seu assistente ou a apresentação da tigela de alimento). Curioso, realizou experimentos em situações controladas de laboratório e, com base nessas observações, teorizou e enunciou o mecanismo do condicionamento clássico (ou respondente ou pavloviano).

A idéia básica do condicionamento clássico consiste em que algumas respostas comportamentais são reflexos incondicionados, ou seja, são inatas em vez de aprendidas, enquanto que outras são reflexos condicionados, aprendidos através do emparelhamento com situações agradáveis ou aversivas simultâneas ou imediatamente posteriores. Através da repetição consistente desses emparelhamentos é possível criar ou remover respostas fisiológicas e psicológicas em seres humanos e animais. Essa descoberta abriu caminho para o desenvolvimento da psicologia comportamental e mostrou ter ampla aplicação prática, inclusive no tratamento de fobias e nos anúncios publicitários.


Clark Leonard Hull (1884-1952), por quase toda a sua vida, sofreu com dificuldades visuais e com problemas de saúde. A poliomielite o deixou aleijado de uma perna aos 24 anos e, por muito tempo, Hull utilizou um pesado grampo de aço construído por ele mesmo. Além disso, várias vezes ele teve que interromper seus estudos para dar aulas e ganhar algum dinheiro, pois a sua família era pobre e não tinha recursos. A despeito de todos esses obstáculos, Hull sempre manteve sua ambição e perseverança e, nas décadas de 40 e 50, atingiu uma posição respeitável no cenário psicológico norte-americano.

Doutorou-se em 1918, com trinta e quatro anos, na Universidade de Wisconsin, onde anteriormente havia estudado engenharia de minas. Lá lecionou durante dez anos, e desenvolveu pesquisas com grande ênfase nos métodos objetivos e nas leis funcionais. Buscou o desenvolvimento de métodos práticos de análise estatística e até inventou uma máquina que calculava correlações (uma das primeiras máquinas que computavam dados codificados em fitas). Esta máquina encontra-se atualmente no museu smithsoniano, na cidade de Washington (onde também estão algumas das máquinas de ensinar desenvolvidas por B.F. Skinner). Hull também dedicou-se à hipnose e ao estudo da sugestão, tendo publicado, em dez anos, trinta e dois artigos e um livro sobre o tema.

Saindo de Wisconsin no ano de 1929, foi lecionar em Yale. Lá, na posição de professor de pesquisa, dedicou-se à construção de uma teoria do comportamento baseada nas leis de condicionamento desenvolvidas por Pavlov (havia entrado em contato com as pesquisas de Pavlov dois anos antes, em 1927, e referia-se ao seu livro - Reflexos Condicionados - como "aquele grande livro").

Na década de 30, escreveu artigos sobre o condicionamento, afirmando que seus princípios poderiam explicar até mesmo os comportamentos mais complexos. Em 1940 publicou uma obra conjunta, escrita com cinco colegas, denominada Teoria Matemático-Dedutiva da Aprendizagem Mecânica: Um Estudo de Metodologia Científica e, em 1943, publicou o Princípios do Comportamento, onde descrevia um referencial teórico suficientemente amplo para englobar todo o comportamento. Esse livro o alçou à condição de nome mais importante na área da aprendizagem nos Estados Unidos, e estimulou tantas pesquisas que, na década de 40, sua obra era citada por mais de 40% dos artigos experimentais e 70% dos artigos sobre aprendizagem e motivação publicados nas duas maiores revistas americanas de psicologia.

A teoria do Princípios do Comportamento foi revista em vários artigos, e a forma final foi publicada em 1952, na obra Sistema do Comportamento, mas Hull estava muito doente e faleceu antes de saber a repercussão desse livro.

Edward Chace Tolman (1886-1959) foi um dos primeiros adeptos do comportamentalismo, apesar de haver estudado primeiramente engenharia no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Quando começou a se interessar pela psicologia, estudou com Edwin Holt em Harvard, e lá recebeu o título de doutor no ano de 1915. Antes disso, em 1912, havia estudado alguns meses na Alemanha com Kurt Koffka (da psicologia Gestalt) e, no último ano da pós-graduação, quando vinha sendo treinado na tradição de Titchener, entrou em contato com o comportamentalismo de Watson. Essa nova forma de pensar veio de encontro com suas convicções, pois, antes, Tolman já havia questionado a introspecção como método científico. Posteriormente, ele diria em sua Autobiografia que as idéias de Watson chegaram para ele como um "tremendo estímulo e alívio".

Após a graduação, Tolman tornou-se instrutor na Universidade de Northwestern, em Evanston, Illinois, até 1918, quando foi para a Universidade da Califórnia, em Berkeley. Foi ali que começou a sua insatisfação com o comportamentalismo de Watson. A partir dos seus ensinos de psicologia comparada e das pesquisas que desenvolvia com ratos, começou a desenvolver seus próprios conceitos. No período da Segunda Guerra, quando Tolman serviu no Serviço Secreto, essa carreira foi interrompida. Outra interrupção veio de 1950 a 1953, quando ele ajudou a liderar a oposição dos professores ao juramento de lealdade que o Estado da Califórnia exigia.

No último período da sua vida, Tolman lecionava em Harvard e na Universidade de Chicago.


Burrhus Frederic Skinner nasceu no dia 20 de Março de 1904 em Susquehanna, Pensilvânia, onde viveu até ir para o colégio. Segundo seu próprio relato, seu ambiente da infância era estável e não lhe faltou afeto. Ele freqüentou o mesmo ginásio onde seus pais haviam estudado; havia apenas sete outros alunos em sua sala ao final do curso. Ele gostava da escola e era o primeiro a chegar todas as manhãs. Quando criança e adolescente, gostava de construir coisas: trenós, carrinhos, jangadas, carrosséis, atiradeiras, modelos de aviões e até um canhão a vapor com o qual atirava buchas de batata e cenoura nos telhados dos vizinhos. Passou anos tentando construir uma máquina de movimento perpétuo. Também tinha interesse pelo comportamento dos animais. Lia muito sobre eles e mantinha um estoque de tartarugas, cobras, lagartos, sapos e esquilos listrados. Numa feira rural, ele observou certa vez um bando de pombos numa apresentação; anos mais tarde, ele treinaria essas aves para realizar uma variedade de façanhas.

A conselho de um amigo de família, Skinner se matriculou no Hamilton College de Nova York. Ele escreveu:

“Nunca me adaptei a vida de estudante. Ingressei numa fraternidade acadêmica sem saber do que se tratava. Não era bom nos esportes e sofria muito quando as minhas canelas eram atingidas no hóquei sobre o gelo ou quando melhores jogadores de basquete faziam tabela na minha cabeça... Num artigo que escrevi no final do meu ano de calouro, reclamei de que o colégio me obrigava a cumprir exigências desnecessárias (uma delas era a presença diária na capela) e que quase nenhum interesse intelectual era demonstrado pela maioria dos alunos. No meu último ano, eu era um rebelde declarado”.

Com parte dessa revolta, Skinner instigava trotes que muito perturbaram a comunidade acadêmica e se entregava a ataques verbais aos professores e à administração. Sua desobediência continuou até o dia da graduação, quando na abertura das cerimônias, o diretor o alertou, e aos seus amigos, que, se não se comportassem, não colariam grau.

Ele se formou em inglês, recebeu a chave simbólica da Phi Beta Kappa e manifestou o desejo de tornar-se escritor. Quando criança, tinha escrito poemas e histórias, e, em 1925, num curso de verão de sobre redação, o poeta Robert Frost fizera comentários favoráveis sobre seu trabalho. Durante dois anos depois da formatura, Skinner dedicou-se a escrever e então decidiu que não tinha “nada importante a dizer”. Sua falta de sucesso como escritor o deixou tão desesperado que ele pensou em consultar um psiquiatra. Considerou-se um fracasso e estava com sua auto-estima abalada. Também estava desapontado no amor; ao menos uma meia dúzia de jovens havia rejeitado suas investidas, deixando-o com o que ele descreveu como intensa dor física. Skinner ficou tão perturbado que gravou a inicial do nome de uma mulher no braço, onde ela ficou durante anos.

Depois de ler sobre John B. Watson e Ivan Pavlov, Skinner decidiu transferir seu interesse literário pelas pessoas para um interesse mais científico. Em 1928, inscreveu-se na pós-graduação de psicologia em Harvard, embora nunca tivesse estudado psicologia antes. Foi para a pós-graduação, disse ele, “não porque fosse um adepto totalmente comprometido da psicologia, mas para fugir de uma alternativa intolerável”. Comprometido ou não, doutorou-se três anos mais tarde. Seu tema de dissertação dá um primeiro vislumbre da posição a que ele iria aderir por toda a sua carreira. Sua principal proposição era de que um reflexo não é senão a correlação entre um estímulo e uma resposta.

Depois de vários pós-doutorados, Skinner foi dar aulas na Universidade de Minnesota (1936–45) e na Universidade de Indiana (1945–47). Em 1947, voltou a Harvard. Seu livro de 1938, “O Comportamento dos Organismos”, descreve os pontos essenciais de seu sistema. Cinqüenta anos mais tarde, esse livro foi considerado “um dos poucos livros que mudaram a face da psicologia moderna”, e ainda é muito lido. Seu livro de 1953, “Ciência e Comportamento Humano”, é o manual básico da sua psicologia comportamentalista.

Skinner manteve-se produtivo até a morte, aos oitenta e seis anos, trabalhando até o fim com o mesmo entusiasmo com que começara uns sessenta anos antes. Em seus últimos anos de vida, ele construiu, no porão de sua casa, sua própria “caixa de Skinner” – um ambiente controlado que propiciava reforço positivo. Ele dormia ali num tanque plástico amarelo, de tamanho apenas suficiente para conter um colchão, algumas prateleiras de livros e um pequeno televisor. Ia dormir toda noite às dês, acordava três horas depois, trabalhava por uma hora, dormia mais três horas e despertava às cinco da manhã para trabalhar mais três horas. Então, ia para o gabinete da universidade para trabalhar mais, e toda tarde retemperava as forças ouvindo música.

Aos sessenta e oito anos, escreveu um artigo intitulado “Auto-Administração Intelectual na Velhice”, citando suas próprias experiências como estudo de caso. Ele mostrava que é necessário que o cérebro trabalhe menos horas a cada dia, com períodos de descanso entre picos de esforço, para a pessoa lidar com a memória que começa a falhar e com a redução das capacidades intelectuais na velhice. Doente terminal com leucemia, apresentou uma comunicação na convenção de 1990 da APA, em Boston, apenas oito dias antes de morrer; nela, ele atacava a psicologia cognitiva. Na noite anterior à sua morte, estava trabalhando em seu artigo final, “Pode a Psicologia ser uma Ciência da Mente?”, outra acusação ao movimento cognitivo que pretendia suplantar sua definição de psicologia. Skinner morreu em 18 de Agosto de 1990.


Fonte: Schultz, D, & Schultz, S.(1981). História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix.





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